"Annabel" é tocante. Deixou-me com um nó na garganta no final. O livro conta a história de Wayne, um jovem que nasce hermafrodita, mas que é educado como rapaz.
Nascido numa comunidade do Labrador, num local onde a principal actividade económica dos homens é a caça, Treadway Blake decide que o seu filho seja operado e criado conforme um rapaz. No entanto, o pequeno Wayne parece mais interessado no desenho de padrões e pontes, mostra-se mais delicado do que os seus colegas e o seu melhor amigo... é uma menina.
Ao longo da história, dei por mim a pensar: até que ponto ter sido criado como um rapaz foi o correcto? Se Wayne tivesse sido educado como Annabel não teria tido o seu percurso facilitado, evitado problemas " de saúde" e situações menos agradáveis?E se tivesse sido educado sem um parâmetro de género?
É um livro comovente, que revela a própria mágoa dos pais perante a condição do filho e o seu afastamento enquanto casal, e que incide sobre a solidão, em várias vertentes, como a de Jacinta, a mãe, que teme ter perdido a sua filha com a escolha do marido e sente tanta falta da cidade onde viveu; e a de Wayne/Annabel, sozinho num mundo que prevê a distinção entre masculino e feminino.
Nem sempre as escolhas que os outros tomam por nós revelam as melhores consequências mas, no fundo, até que ponto a sociedade estaria preparada para aceitar alguém que não é homem, nem mulher, mas ambos? Somos habituados a catalogar o que é "de menino" e o que "de menina" desde cedo, a distinguir branco de preto. O cinzento nem sempre é aceite.
"Annabel" merece 5 estrelas.
Nem sempre as escolhas que os outros tomam por nós revelam as melhores consequências mas, no fundo, até que ponto a sociedade estaria preparada para aceitar alguém que não é homem, nem mulher, mas ambos? Somos habituados a catalogar o que é "de menino" e o que "de menina" desde cedo, a distinguir branco de preto. O cinzento nem sempre é aceite.
"Annabel" merece 5 estrelas.
Sinopse |
existe a versão traduzida do livro?
ResponderEliminarOlá! Sim, Richard, a edição que li é portuguesa, da Teorema. Boas leituras!
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