terça-feira, 2 de abril de 2013

"O Nome da Rosa", Umberto Eco

O melhor adjectivo para descrever este livro será "monumental". E não estava à espera de o considerar assim. Confesso: tinha medo de o ler. Um romance histórico-policial escrito por um filósofo? Brrr
No entanto lê-se bem, apesar de ser necessária uma dose de paciência para certas passagens. E muita atenção para acompanhar as explicações acerca das seitas heréticas e as diferenças entre ordens da Igreja.
O enredo é cativante. Mortes misteriosas na abadia; comportamentos pouco ortodoxos da parte dos monges; a tensão no ar que se sente com a chegada das delegações que debatem a pregação dos Franciscanos (que defendiam o voto de pobreza da Igreja, o que não seria propriamente do agrado da própria); e uma biblioteca labiríntica dão o mote para uma aventura que Adso conta já com uma idade avançada. Durante setes dias, sete mortes ocorrem, com pormenores que recordam os sinais do Apocalipse. Quem será o assassino? Os monges que povoam a Abadia são curiosos e, por vezes, parecem ambíguos. Pelo meio, há temas como a homossexualidade, a luxúria - para além da sexual -  e o riso (sim, o riso) que dão que falar.
Gostei dos protagonistas. Guilherme de Baskerville, ex-inquisidor, tem uma mente dedutiva brilhante (e um gosto por mascar um certo tipo de erva), e Adso mostra a curiosidade e a ansiedade típicas de um adolescente, algo que o vai marcar.
"O Nome da Rosa" é também, à sua maneira, um livro sobre livros. Livros escondidos que não são acessíveis a qualquer um, porque, o "conhecimento" não era para qualquer um, e havia tomos bem "perigosos". Era limitado por aqueles que o detinham (deixou-me a pensar no quão sortudos hoje somos neste país).
Foi, portanto, uma leitura muito interessante e proveitosa. Recomendo.
 
P.S.: Peca pela falta de tradução de frases das personagens em latim. É mesmo pena.
 
 
Sinopse

 
 
 

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