quarta-feira, 25 de novembro de 2015

"A Desumanização", Valter Hugo Mãe

 
"A Desumanização" foi o livro que escolhi para ler no contexto do Clube de Leitura a que me juntei como “primeiro-tenente” da Spi, do Delícias a Lareira. Como vão poder ler no post dela, a primeira reunião foi bem interessante e a segunda, já centrada na leitura que cada uma fez de Valter Hugo Mãe, manteve o mesmo nível. Como qualquer livrólico sabe, se há coisa melhor do que ler um livro, é falar sobre um livro – ou, no mínimo, conhecer a opinião das outras pessoas sobre ele.
Preferi só falar sobre "A Desumanização" depois da reunião do clube aqui no blog, porque se torna interessante ver como a nossa perspectiva de um livro – ou de um autor - também pode mudar depois de ouvirmos o que os outros pensam dele. A minha opinião mantém-se, mas já consigo vê-lo com outros olhos.
É que lê-lo foi uma experiência muito negativa. Muito mesmo. Uma desumanidade para a minha pessoa, que revirou os olhos de tédio na primeira parte. É provável que esteja a ser fria, eu sei. O assunto tratado não é fácil de digerir. Temos uma menina, Halladora, islandesa, que perde a irmã gémea, e não se sente confortável no mundo sem ela. Halla, no fundo, não sabe existir sem ela, e estranha o facto de a irmã, já não “existir”. A mãe também não aguenta e não só se automutila como mutila a filha. Só o pai lhe dá conforto, e depois Einar, o “maluquinho” da aldeia, com quem inicia relações sexuais.
Bem, na primeira parte  toda a o livro é muito reflexivo e a atmosfera é sombria, e desconfortável. Não consegui sequer usufruir da escrita de Valter Hugo Mãe. Só depois na reunião, exactamente quando se falava sobre a capacidade de os escritores nos fornecerem emoções e como seria esse o objectivo deles é que dei por mim a aceitar “ingerir” melhor o livro. Porque os comportamentos descritos são “amorais”. Nem uma mãe devia mutilar uma filha, nem uma criança devia morrer, nem uma menina de – 12? 13 anos? – deveria engravidar, certo? Mas no fundo, a aldeia delas também é uma aldeia sem Deus, porque há muito que não tem um prior. Teremos assim a “desumanização”, onde a gémea é vista como a “menos-morta” e uma criança é traumatizada até agir quase como mais um animal?
Na segunda parte do livro “entram em cena” mais personagens e há mais acção, pelo que no final consegui apreciar melhor a leitura do livro.
Apesar disso, tinha acabado a leitura a pensar que era provável que não quisesse repetir “a dose”, mas depois da reunião do clube fiquei com vontade de ler outros livros do escritor. Estou curiosa para saber qual será a minha opinião.
 

Sinopse
 
E vocês, já leram este livro?
Boas leituras!


8 comentários:

  1. Olá Su,
    Ainda só um livro do Valter Hugo Mãe, mas não foi nada de espectacular. Por isso estou com um pouco de receio de ler mais livros dele, mas este gostava de ler.
    Beijinhos e boa reunião

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    1. Olá, Isaura,

      Qual é que leste? Falam tão bem do escritor que estava à espera de adorar, mas foi uma leitura difícil. Pode ser que tu gostes, é uma questão de assim que puderes experimentares. Eu quero ler outros dele, para ver se foi o livro ou o autor que me perturbou :p

      beijinhos e boas leituras!

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  2. Olá Su,
    Nunca li nada de Valter Hugo Mãe mas confesso que andava com muita curiosidade, principalmente com este livro. Mas assim que começo a ler a tua opinião, vejo "experiência muito negativa" e pensei "bolas pah, se calhar também não vou gostar". Mas continuei a ler a opinião e percebo o teu ponto de vista. É um tema duro de se ler. De qualquer modo, acho que para o ano, vou dar uma oportunidade ao autor, mas se calhar tento ler outro livro, talvez "A Máquina de Fazer Espanhóis".
    E parabéns Su, por mais uma excelente opinião, mesmo sendo de um livro cuja experiência foi negativa, é uma opinião muito objectiva.
    Beijinhos

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    1. Olá, Tita,
      Obrigada :D pois, o tema do livro é duro e revoltante, e o escritor também tem uma prosa muito poética. No início não estava mesmo a gostar. Parecia uma coisa muito experimental. Agora que percebi o objectivo do autor, penso que devia ter lido noutra época.
      Fazes bem, e recomendo mesmo começares por outro livro ;D também quero ler outro dele. A spi estava a ler o "Filho de Mil Homens" e falava bem do livro.

      beijinhos e boas leituras

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  3. Olá Su!

    Gostei muito da tua opinião. Eu também acabei por me distanciar um pouco do final do livro até escrever a opinião e penso que a reunião do clube também mudou a forma como encarei a leitura. Só que eu passei a gostar menos! Nem sei explicar muito bem... Sim, adorei a escrita do autor e a forma como ele trabalha as personagens. Mas em comparação com o que se falou dos outros livros, passei a ver O Filho de Mil Homens como um livro "não tão bom". Pelo menos não notei que o autor tentasse induzir-me qualquer tido de sentimento com a sua escrita. Centrou-se mais na crítica social. Quero muito ler o Remorso de Baltazar Serapião!

    beijinhos

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    1. Olá, Spi,

      Obrigada :D pois, tomamos outra perspectiva. A sério? Eu fiquei com vontade de ler o que leste. Parecia-me muito bem, mas estou a perceber-te. Também quero esse xD

      beijinhos

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  4. Não consigo entender as opiniões positivas acerca desta obra. Não consegui terminar a leitura. É demasiado enfadonha, melancólica e a cada capítulo vem mais do mesmo. O conteúdo dramático do primeiro capítulo arrasta-se até ao meio da história sem acrescentar nada de novo...

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    1. Olá,
      Percebo-te... Fiquei mais entusiasmada a partir da segunda metade, mas para mim também não foi das experiências de leitura mais positivas :S
      Boas leituras!

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