Se há livros que são um autêntico quebra-cabeças este é um deles.De tal modo que desde que o terminei sinto o cérebro a digerir o que leu, o que leva a uma pequena pontada na têmpora. Estou a exagerar, mas a verdade é que até a dormir aquele final deve ter aparecido nos meus sonhos. Seja. Gosto muito de sentir esse efeito dos livros.
Não posso adiantar muito sobre a história, já sabem, mas dou-vos apenas as linhas principais.
"Rapaz dos olhos azuis", ou "blueeyedboy", é uma expressão que pode ser traduzida na nossa língua como "menino da mamã". O protagonista do livro apresenta-se como B.B., ou blueeyedboy, não só pelos seus olhos azuis mas também pela forma como é visto pela mãe, Gloria Green de solteira. Tem dois irmãos mais velhos, Nigel e Brendan, o rapaz de preto e o rapaz de castanho; o taciturno e violento, e o apático. Os três irmãos estão habituados a usar sempre as mesmas cores, um sistema que facilita o tratamento da roupa pela mãe, que atribuiu roupa preta a Nigel, castanha a Brendan e azul a Benjamin. Por estranho que possa parecer, tal opção parece influenciá-los para o resto da vida...
No livro só temos acesso a entradas num site, o badguysrock, criado por B.B., que se descreve como um ser frio e calculista e gosta de escrever sobre os seus crimes. Nas entradas públicas que partilha com os restantes membros, o "exército de ratos" que o bajula, descreve-se na terceira pessoa e relata os problemas em casa desde a infância, o ódio do irmão mais velho e a opressão da mãe; e, claro, os planos de assassínio das senhoras parasitas da localidade. Nas entradas restritas, B.B. fala sobre a realidade. No entanto, qual é a realidade? O que é verdade e o que é mentira? Será mesmo um aspirante a assassino? Ou será tudo fantasia? E no fundo, quem é quem? Quem é a Emily White, a menina falecida a que se fazem tantas referências? E quem é Albertine que também escreve no site - e que também parece ter um elemento de branco no nome ("Alba", ou "Alva")?
As cores são um elemento forte do livro, o que é curioso, numa história tão negra - e obscura. B.B. partilha com o leitor um Dom que o aflige, a sinestesia, já que associa palavras a cores, cheiros e sabores. Isto torna o livro um "cocktail" de sentidos, algo que já é tão próprio de Joanne Harris, que aqui usa e abusa de comparações e consegue até descrever os sentidos de uma personagem invisual.
Neste livro, como leitores somos levados de uma teoria à outra e deixados na ignorância até percebermos a verdade.
É uma espécie de conto de fadas distorcido e negro, onde há pessoas que foram ou querem transformar-se noutras e onde recordar pode ser perigoso. E no fundo, não é assim que funciona a Internet, onde estamos protegidos pelo ecrã e podemos adoptar a personalidade que quisermos?
Gostei muito. A certo ponto, fala-se sobre jogo de espelhos no livro. Acho uma boa caracterização do próprio livro.
Já o conhecem?
Boas leituras!
Não posso adiantar muito sobre a história, já sabem, mas dou-vos apenas as linhas principais.
"Rapaz dos olhos azuis", ou "blueeyedboy", é uma expressão que pode ser traduzida na nossa língua como "menino da mamã". O protagonista do livro apresenta-se como B.B., ou blueeyedboy, não só pelos seus olhos azuis mas também pela forma como é visto pela mãe, Gloria Green de solteira. Tem dois irmãos mais velhos, Nigel e Brendan, o rapaz de preto e o rapaz de castanho; o taciturno e violento, e o apático. Os três irmãos estão habituados a usar sempre as mesmas cores, um sistema que facilita o tratamento da roupa pela mãe, que atribuiu roupa preta a Nigel, castanha a Brendan e azul a Benjamin. Por estranho que possa parecer, tal opção parece influenciá-los para o resto da vida...
No livro só temos acesso a entradas num site, o badguysrock, criado por B.B., que se descreve como um ser frio e calculista e gosta de escrever sobre os seus crimes. Nas entradas públicas que partilha com os restantes membros, o "exército de ratos" que o bajula, descreve-se na terceira pessoa e relata os problemas em casa desde a infância, o ódio do irmão mais velho e a opressão da mãe; e, claro, os planos de assassínio das senhoras parasitas da localidade. Nas entradas restritas, B.B. fala sobre a realidade. No entanto, qual é a realidade? O que é verdade e o que é mentira? Será mesmo um aspirante a assassino? Ou será tudo fantasia? E no fundo, quem é quem? Quem é a Emily White, a menina falecida a que se fazem tantas referências? E quem é Albertine que também escreve no site - e que também parece ter um elemento de branco no nome ("Alba", ou "Alva")?
As cores são um elemento forte do livro, o que é curioso, numa história tão negra - e obscura. B.B. partilha com o leitor um Dom que o aflige, a sinestesia, já que associa palavras a cores, cheiros e sabores. Isto torna o livro um "cocktail" de sentidos, algo que já é tão próprio de Joanne Harris, que aqui usa e abusa de comparações e consegue até descrever os sentidos de uma personagem invisual.
Neste livro, como leitores somos levados de uma teoria à outra e deixados na ignorância até percebermos a verdade.
É uma espécie de conto de fadas distorcido e negro, onde há pessoas que foram ou querem transformar-se noutras e onde recordar pode ser perigoso. E no fundo, não é assim que funciona a Internet, onde estamos protegidos pelo ecrã e podemos adoptar a personalidade que quisermos?
Gostei muito. A certo ponto, fala-se sobre jogo de espelhos no livro. Acho uma boa caracterização do próprio livro.
sinopse |
Boas leituras!
Ok, convenceste-me!
ResponderEliminarYeahh!!! :D quero mesmo falar contigo sobre o bom do livro hehe
EliminarTens que mo impingir. Deixa ver se arranjo um mês mais calminho para to pedir.
EliminarSiiim! Acho muito bem :D
EliminarOlá Su,
ResponderEliminarTenho há TAAAAANTO tempo este livro "abandonado" na estante. E curiosamente nunca li nada desta autora.
Agora fiquei com vontade! Eheh :)
Boas leituras!
Olá :D
EliminarTens de ler, acho que vais gostar :D e claro, dela tens de ler a trilogia do "Chocolate". São tão bonitos...
Boas leituras!
Olá!
ResponderEliminarLi este livro há alguns anos atrás...acabei exactamente com a mesma sensação...o cérebro a fervilhar com toda a informação e sem saber muito bem o que é que aconteceu.
Neste momento, já nem me lembro do final do livro...só desta sensação de que nada era o que parecia e que toda a história dá uma graaaande volta...:p
Joanne Harris é genial naquilo que faz ;)
Gostei muito da forma como fizeste a opinião! Conseguiste descrever muito bem o livro, apesar de ser um livro que não é fácil descrever sem contar detalhes importantes...
Beijinhos
Olá, Kel :D
EliminarAhahha tal e qual! Tens razão, ela é um génio a construir as histórias. Sim, consegue manter esconder as identidades dos dois protagonistas durante mais de metade do livro e tudo :D
Obrigada! Estava com medo de falar pouco acerca dele, mas ao mesmo tempo fico com receio de contar demasiado :p acho que nestes casos parte da piada dos livros é o mistério, e é giro partirmos para eles sem saber mais detalhes :D
Beijinhos e boas leituras!
Olá Su!
ResponderEliminarGosto muito deste livro da Joanne Harris, a fugir um pouco do seu traço habitual face aos anteriores romances (excetuando os de fantasia, claro). É um romance muito sombrio, claustrofóbico, muitas psicoses, mas muito interessante :) Já o li há uns bons anos e recordo-me de também ter ficado muito impressionada.
Boas leituras!
Olá, Denise,
EliminarSim, foge "um pouco" do que é costume da autora, e tens razão, é "claustrofóbico". Não é indicado para se ler em épocas em que nos sintamos mais "down"...
boas leituras!
Olá!
ResponderEliminarDepois de ter lido o último livro da trilogia Chocolate fiquei com vontade de ler mais de Joanne Harris e com a tua opinião quero ainda mais =)
Beijinhos
Olá, Tita,
EliminarTens de ler :D acho que deste tb vais gostar. É muito bom!
beijinhos e boas leituras