terça-feira, 31 de julho de 2012

"Caderno Afegão", Alexandra Lucas Coelho

É feio ter inveja. Eu sei. Mas a verdade é que "Caderno Afegão" deixou-me verde. Este é o diário de viagem da jornalista Alexandra Lucas Coelho ao Afeganistão - que não foi propriamente de férias - e é um retrato de um país dividido em etnias, conhecido pelas piores razões e com um História triste, por uns olhos portugueses. 
Lê-lo foi uma autêntica viagem. E também uma lição.  

E, já agora, durante a leitura vão espreitando as fotografias que a jornalista foi tirando durante a sua estadia. É curioso...
Cliquem em http://www.tintadachina.pt/cadernoafegao/diaadia.php



 Sinopse:

«Este livro é um acto de coragem.
É um acto de optimismo, também.
Paul Theroux explica na introdução a "O Velho Expresso da Patagónia" que "os viajantes são essencialmente optimistas, ou então nunca iriam a lado nenhum".
É esse optimismo que permite a Alexandra Lucas Coelho afastar quaisquer receios com uma espécie de fatalismo paradoxalmente empreendedor: "não há nada a fazer". Mesmo quando por instantes se lhe infiltra na mente a dúvida acerca do desconhecido que a certa altura a transporta, sabe-se lá para onde, numa terra onde "um estrangeiro é um acepipe". "Não há nada a fazer." E a viagem continua.
Vamos com ela aos jardins de Babur. Descobrimos com ela – num país masculino, onde até na morgue há frigoríficos distintos para os cadáveres de homens e mulheres – a herança da extraordinária rainha Gowar Shad. Mergulhamos o olhar no azul intenso de Band-e-Amir, um milagre atribuído a Ali, primo e genro do Profeta, que continua a proporcionar a quem o visita os bens mais escassos num país em guerra: tranquilidade e alegria.
Aquilo que aqui, a ocidente, a milhares de quilómetros de distância, é apenas um borrão sem nome, uma massa de ideias vagas e de lugares-comuns, geopolítica e geoestratégia, toma a forma de gente concreta, ganha contornos, espessura, rosto. O facto de Alexandra Lucas Coelho escrever tão bem faz o resto. É o meio de transporte em que viajamos por um lugar aonde, é quase certo, nunca iríamos de outro modo.»

Carlos Vaz Marques

Edição/reimpressão:
Páginas:336
Editor:Tinta da China

quinta-feira, 12 de julho de 2012

"Maligna", Joanne Harris

"Maligna" é o romance "primogénito" de Joanne Harris e, apesar de estar reeditado, nota-se que foi o primeiro a ser escrito. Há partes que lembram vagamente o estilo a que a escritora nos habituou e uma ou outra sequência de acção um pouco confusa. O início melancólico é fantástico, mas tive pena que adicionasse cenas macabras e mais vampirescas. Estava mesmo à espera que o livro tivesse apenas um pouco de terror psicológico. Aquele toquezinho de suspense típico da Joanne...
De qualquer forma, já tinha saudades e gostei bastante da história, da atmosfera levemente gótica e dos jogos de palavras. E da vilã, omnipresente e manipuladora. O final não poderia ser outro senão aquele.
Mesmo depois de arrumar o livro na estante continuei presa àquele mundo. Acho que é um bom sinal quando isso acontece, por isso, recomendo-o. Acho que os fãs vão gostar.


Sinopse:
Alice e Joe têm em comum a paixão pela arte - ela é pintora e ele é músico - e, em tempos, estiveram também unidos pelo amor que sentiam um pelo outro. As suas vidas seguiram diferentes rumos, mas o reencontro é inevitável. Joe tem agora uma nova namorada, Ginny, que provoca em Alice uma intensa perturbação. A beleza etérea e singular de Ginny repele-a, e o seu sinistro grupo de amigos atemoriza-a.
Os hábitos estranhos da jovem deixam Alice suficientemente inquieta para levar a cabo uma investigação por conta própria. E o que descobre vai mudar tudo. Ginny tem em seu poder um velho diário que conta a trágica história de amor de Daniel Holmes e Rosemary Virginia Ashley, cujo poder de sedução não conhece limites. Só que Rosemary morreu há meio século… mas o seu magnetismo não está certamente extinto.
À medida que as histórias se entrelaçam, passado e presente fundemse; Alice apercebe-se de que o seu ódio instintivo em relação à nova namorada de Joe pode não se dever apenas ao ciúme, já que algo em Ginny a arrasta irremediavelmente para um universo de insondável obsessão, vingança, sedução e sangue…

Edição/reimpressão: 2011
Páginas: 352
Editor: Edições Asa