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sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

"A Outra Rainha", Philippa Gregory

Neste romance de Philippa Gregory acompanhamos o cativeiro de Maria Stuart, rainha da Escócia, que procura refúgio na Inglaterra governada pela sua prima Isabel. É alojada na casa de Bess Hardwick, uma pessoa de confiança do conselheiro Cecil, recém-casada com o Conde de Shrewbury, Jorge Talbot. É que Maria Stuart não só é católica como também está na linha de sucessão do trono e parece manter-se rodeada por uma onda de conspiração, pelo que é premente vigiá-la numa época em que a Inglaterra protestante se sente ameaçada até pelo Papa, .

Assim, ao longo do livro acompanhamos as perspectivas das três personagens que vão protagonizar esta fase da "outra rainha", percebendo a tensão que se rege entre eles - principalmente quando o conde se apaixona pela rainha a seu cargo -, as suas esperanças e receios, bem como a sua visão do reinado de Isabel "fabricado" por Cecil. É também uma história sobre duas mulheres bem diferentes, e o homem que vê a sua lealdade dividida.
Maria da Escócia, rainha três vezes por nascimento e casamento, está consciente do poder que detém, é considerada uma beldade e está habituada a conseguir o que pretende pelas mãos dos homens que a veneram. Não tendo o apoio da rainha Isabel como esperava vê-se como uma reclusa e não teme adquirir apoio de simpatizantes que a levariam de volta ao trono escocês - mas também lhe abririam o caminho ao inglês.
Também a sua anfitriã, Bess Hardwick, é uma mulher ambiciosa que se "construiu a si mesma". Nasceu pobre e cresceu à custa da caridade de familiares, mas através de laços de casamento e da sua inteligência conseguiu conquistar conhecimento e fortuna. Ela própria gosta de gerir o seu património. Ao contrário da rainha Maria, que espera sempre por um homem que a salve do cativeiro, Bess detesta depender de alguém para viver. Para si, o alojamento de Maria Stuart é um encargo demasiado elevado, e vê a sua fortuna em risco, principalmente quando ela e o marido quase são apontados como traidores durante a rebelião do Norte.
Jorge Talbot é o quarto marido de Bess e é-lhe fiel. Vê-se como uma homem honrado, leal à Coroa Inglesa como a sua família o tem sido há centenas de anos. Acaba por criar um sentimento amoroso pela rainha Maria, por quem se sente tão protector, e tal leva-o a sentir-se permanentemente dividido, tanto em casa como no reino. Se por um lado quer proteger a rainha que ama, por outro também tem que proteger o reinado da rainha que serve. 

"A Outra Rainha" foi uma boa leitura, típica de Philippa Gregory, que nos leva a conviver com personagens históricas, e que também é capaz de deixar um leitor dividido. Se por um lado compreendi a situação ingrata de Maria Stuart, que nunca conseguia regressar à Escócia como lhe era prometido, por outro percebo que a desconfiança que recaía sobre esta figura tinha a sua razão de ser... 
Gostei de voltar a ler mais um romance com um boa componente conspiratória. Ainda para mais, dá-nos outra perspectiva sobre a rainha Isabel e a Inglaterra da época,  como a problemática de a Igreja ter sido despojada de propriedades e bens em território inglês, e de tal ter passado para as mãos de nobres e endinheirados, como aconteceu a Bess. Sente-se também as tensões entre Cecil, o implacável secretário de Isabel que praticamente engendrou o seu reinado, e os restantes nobres do conselho, que não aceitavam que um homem nascido sem posição ascendesse a altos postos.
"A Outra Rainha" pode não ser o tipo de romance que providencie uma leitura rápida e viciante, bem pelo contrário, mas sem dúvida que vale a pena.


Sinopse

E vocês, já o leram? Qual é a vossa opinião?
Boas leituras!


segunda-feira, 19 de junho de 2017

"Um Comércio Respeitável", Philippa Gregory

Neste romance, Philippa Gregory transporta o leitor para a Bristol de 1787, para o seio da família Cole. Josiah é um homem de negócios dedicado ao comércio marítimo, que ambiciona ascender na carreira. Tem a ajuda da irmã, Sarah, que controla os livros da empresa, mas precisa de uma esposa com o nome de família certo para tomar o seu lugar na elite da cidade. Frances, sobrinha de Lord Scott, é órfã e uma "solteirona" de 35 anos, pelo que teme sobreviver da caridade ou ter de aceitar empregos ao serviço da sua própria classe. Aceita então o pedido de casamento de Josiah Cole, que vê essa negociação como o estímulo que falta para a sua realização. Ainda para mais, quando Frances está disposta a educar os escravos do novo "carregamento", entre eles Mehuru. Este era um sacerdote da Federação Ioruba, um homem de estatuto junto do próprio povo que se vê despido de qualquer dignidade ao ser raptado e vendido como gado.
É assim deslindada a luta dos irmãos Cole, com ideias diferentes sobre o negócio de família, enquanto Frances e Mehuru mostram a tomada de consciência da brutalidade do negócio da escravatura.

"Um Comércio Respeitável" é daqueles livros que damos por nós a recomendar pelo simples facto de ser tão informativo sobre o ambiente comercial inglês da época e o próprio negócio da escravatura. Ainda para mais, representa esta problemática do ponto de vista africano e dá que pensar, claro. Estamos a falar de milhões de seres humanos raptados a troco de armas e bugigangas e tratados que nem mais do que parte da carga de um navio comercial. Enquanto isso, estalava o caos em África, onde se dava até o caso das próprias gentes abandonarem as suas práticas para se dedicarem ao tráfico humano...
É um livro com uma temática pesada - as cenas sobre o rapto de Mehuru, a perda da dignidade e a vida a bordo do navio negreiro são um murro no estômago - mas estranhei um pouco a forma como foi abordada pela autora. No fundo, mostrou a revolta de Mehuru envolvida por uma história romântica, mas esperava algo mais das personagens. Senti ligação com Frances, uma mulher que acaba por descobrir que o casamento que que a salvaria de uma vida decrépita, afinal lhe revela o lado brutal da fonte de rendimento da família - e  faz dela pouco mais do que propriedade do marido, tal como uma escrava. Já Sarah é fria e arrogante, mas honesta, e não aceita a mudança para um estilo de vida ostensivo que o casamento do irmão requer, e o próprio Josiah revela-se ingénuo em determinadas situações, mas as restantes não me agitaram como esperava.
Senti que existiu mais "tell" do que "show", e o próprio romance entre Frances e Mehuru, apesar de terno e desesperado, pareceu-me um tanto irreal, o que me pode ter mantido à tona do enredo e dos sentimentos que o tema pressupõe. Acho que por apreciar Philippa Gregory pedia mais.
Apesar disso é um livro  interessante e bem informativo, o ideal para quem tiver curiosidade sobre a temática daquele comércio que foi tudo menos respeitável e que nunca é demais lembrar.

Sinopse
E vocês, já o leram? Qual é a vossa opinião?
Boas leituras!
 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

"A Rainha Vermelha"

Esta é a outra versão da guerra civil inglesa relatada em “A Rainha Branca”, de Philippa Gregory. Temos agora em mãos o lado Lencastre, pela voz de Margarida Beaufort, mãe de um dos herdeiros do trono do país, Henrique Tudor.
Talvez tenha sido a primeira vez que me aconteceu algo curioso: li paradoxalmente. Passo a explicar: achei o livro muito bom, mas odiei a personagem principal. Nem em “O Perfume” me irritei tanto com Grenouille.
Margarida é uma mulher frustrada. Devota a Deus e à Igreja, desde criança que é deslumbrada pela figura de Joana d’Arc e pretende seguir as suas pisadas, ser considerada uma mulher santa. Um dos seus sonhos era ir para o convento e estudar, pelo que sente uma grande revolta quando é obrigada a casar sucessivamente por fins políticos. Sendo prima do rei, o seu filho e de um Tudor estaria na linha para a sucessão. Porém, ser “a mãe do rei de Inglaterra” acaba por ser o objectivo de vida de Margarida, que se vai empenhar ao máximo por afastar quaisquer outros pretendentes ao trono. Não é uma mulher bondosa. É traiçoeira, intriguista e inveja Isabel de Woodville acima de tudo.
Só neste livro é que nos vamos aperceber do Lady Margarida e, apesar da vontade de lhe dar um par de estalos a cada página (e de gritar “vive a TUA vida, mulher!”), foi uma excelente leitura.


Sinopse:

Herdeira da rosa vermelha de Lancaster, Margarida vê as suas ambições frustradas quando descobre que a mãe a quer enviar para um casamento sem amor no País de Gales. Casada com um homem que tem o dobro da sua idade, depressa enviúva, sendo mãe aos catorze anos. Margarida está determinada em fazer com que o seu filho suba ao trono da Inglaterra, sem olhar aos problemas que isso lhe possa trazer, a si, à Inglaterra e ao jovem rapaz. Ignorando herdeiros rivais e o poder desmedido da dinastia de York, dá ao filho o nome Henrique, como o rei, envia-o para o exílio, e propõe o seu casamento com a filha da sua inimiga, Isabel de York.
Acompanhando as alterações das correntes políticas, Margarida traça o seu próprio caminho com outro casamento sem amor, com alianças traiçoeiras e planos secretos. Viúva pela segunda vez, Margarida casa com o impiedoso e desleal Lorde Stanley. Acreditando que ele a vai apoiar, torna-se o cérebro de uma das maiores revoltas da época, sabendo sempre que o filho, já crescido, recrutou um exército e espera agora pela oportunidade de conquistar o prémio maior.
Edição/reimpressão: 2011
Páginas: 408
Editor: Livraria Civilização Editora

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

"A Rainha Branca"

"A Rainha Branca", o primeiro volume da trilogia de Philippa Gregory sobre a Guerra das Rosas, alia o rigor histórico a romance e, inesperadamente, a magia. Para mim, é perfeito. Não há momentos aborrecidos, apesar da atenção que nos é exigida para os tramas da política da época em Inglaterra, e é, simplesmente, genial.
A época de que o livro trata não é familiar para os leitores portugueses, mas depressa nos contextualizamos. Trata-se da Guerra das Rosas, que implicou uma série de batalhas devido à disputa entre a casa de Iorque e a de Lencastre pelo trono. Elizabeth Woodville, uma bonita e jovem viúva com dois filhos, atrai a atenção de Eduardo de Iorque, da facção inimiga à sua, para obter favores sobre propriedades que o marido perdera. Ambos se apaixonam, casam clandestinamente, e, quando Eduardo alcança o trono, Elizabeth eleva o estatuto da sua família. Desde esse passo, vão estar enredados numa teia de jogos de poder. Com uma "pequena ajuda". Pois, ora acontece que a mãe da nossa personagem descende de uma deusa das águas francesa, Melusina, de quem herdaram dotes de feitiçaria.
Philippa Gregory tem a capacidade de nos transportar para a época. Com aquela pequena dose de magia, adicionou um encanto especial ao livro, além do toque lendário que a autora consegue dar à figura do "Rei" e da "Rainha", pessoas consideradas acima de qualquer mortal e consagradas por Deus. 
Desengane-se quem pense que este dotes "gregoryanos" se ficaram por "Duas Irmãs e um Rei". Depois das minhas tentativas frustradas para ler "A Outra Rainha" tive sérias reservas em relação a este, mas valeu a pena a leitura.


Sinopse:
A história do primeiro volume de uma nova trilogia notável desenrola-se em plena Guerra das Rosas, agitada por tumultos e intrigas. A Rainha Branca é a história de uma plebeia que ascende à realeza servindo-se da sua beleza, uma mulher que revela estar à altura das exigências da sua posição social e que luta tenazmente pelo sucesso da sua família, uma mulher cujos dois filhos estarão no centro de um mistério que há séculos intriga os historiadores: o desaparecimento dos dois príncipes, filhos de Eduardo IV, na Torre.

Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 448
Editor: Livraria Civilização Editora
ISBN: 9789722630122