quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

TAG - Baralho de Cartas


A cara Spi do Delícias à Lareira desafiou-me a responder a esta TAG bem interessante, baseada em algumas cartas. Foi criada pela Cláudia, do blog A Mulher Que Ama Livros e tem perguntas um bocadinho dificeizinhas. Aproveito agora para confessar que, apesar de gostar de colocar perguntas, quando me calha a tarefa de responder fico "gaga", pelo que nem sempre corre bem (suspiro).
Vamos lá a isto, então...

 
Às de Ouros - Ter muitos livros também pode ser considerado uma boa herança. A quem deixarias os teus livros em testamento?
 
Tenho duas pessoas em mente – isto partindo do princípio de que vou falecer velhinha e que devia deixá-las a alguém mais novo do que eu. Uma é o meu maninho, fazendo figas de que ele cuidaria bem de todos os livros ao invés de deixar uns na estante e outros empilhados algures a apanhar pó e teias de aranha. Aborrece-se facilmente de ler, não tem ainda o gosto apurado, mas enquanto não tiver filhos penso sempre nele como o seguinte na “linha de sucessão” às minhas estantes. Se calhar ainda ia acabar a assombrá-lo, tal a preocupação com os meus “meninos”...
A outra pessoa é uma prima que, por acaso, tenho em comum com a Spi. Gosta muito de ler e seria a herdeira ideal de qualquer leitor.
 
Dois de Copas - Um casal improvável com bastante em comum. Junta dois personagens de livros diferentes que iriam funcionar como casal.
 
Esta é bem difícil. Vou ali espreitar as estantes e já volto. Pausa.
Assim de repente só me lembro da Zozie d’Alba, de “Sapatos de Rebuçado”, de Joanne Harris, com Lucius, de “Os Pilares do Mundo”, de Anne Bishop. A Zozie precisa de atenção. Acho-a insegura. Se calhar só precisa de amar e ser amada. E o Lucius precisa de aprender a amar. O que poderia correr mal?
 
Sete de Paus - Depois do trabalho árduo, a recompensa. Aquele livro com uma escrita dificil mas super enriquecedora.
 
Nesta categoria lembro-me de “O Nome da Rosa”, de Umberto Eco. O livro tem passagens complicadas que requerem uma maior atenção. Não se lê de ânimo leve, mas ficou comigo e o adjectivo “enriquecedor” define-o bem. É enriquecedor. Ensina-nos. Vale muito a pena o esforço.
 
Valete de Espadas - De batalhas é feita a História. Uma passagem descritiva de guerra/ batalha que tenhas gostado de ler.
 
As passagens de batalhas nem sempre são as minhas preferidas, mas a que me vem à memória logo decorre no início de “O Leão Escarlate”, de Elizabeth Chadwick. A cena conta com uma acção heroica da personagem principal, Sir William Marshal, que na história já tinha idade para estar sossegado, e é realmente empolgante.
 
Rainha de Copas - Figura forte e cheia de poder. Revela-nos um livro escrito por uma mulher que tenhas gostado muito.
 
Se eu pensava que a segunda pergunta era difícil, agora é que fiquei K.O. Tenho tantos preferidos escritos por mulheres! Tantos! Talvez destaque “A Senhora da Magia”, de Marion Zimmer Bradley, da série “As Brumas de Avalon”. É escrito por uma mulher, com elementos acerca do sagrado feminino. Foi dos primeiros livros “adultos” que li, e a primeira vez que li sobre entidades e rituais de origem celta, pelo que é especial.
 
O Joker - No jogo, sempre que o Joker aparece o valor das cartas altera-se. Qual foi aquele autor que entrou na tua vida e mudou muita coisa?
 
Acho que se senti realmente uma mudança foi depois de ler Gabriel García Márquez. Nunca mais tive medo de ler um livro depois de ler “Cem Anos de Solidão”. Além disso, li livros dele também numa época em que já pensava no provável futuro profissional ("jornalismo", cof cof) e que reparava em estilos de escrita e na forma como algumas passagens eram descritas. O bom “Gabito” ensinou-me que é melhor escrever com clareza para passar melhor as nossas ideias, do que usar uma mão cheia de metáforas estrambólicas que no fim não dizem nada. Mostrou-me também como o dia-a-dia pode ter acontecimentos extraordinários e que não devemos ter medo de ler autobiografias. “Viver para contá-la” foi lido por mim com muito gosto. Senti mesmo que o conhecia e à sua família. Ah! E ensinou-me que se podem contar histórias de trás para a frente, ou do meio para trás. Durante uns tempos foi “o preferido”. Entretanto conheci outros autores, que hoje me chamam mais a atenção, mas olhando para trás, sinto que demarcou as minhas escolhas de  leitura a partir do momento em que comecei a ler os livros dele, além de  prestar uma atenção diferente ao que escrevia.
 
Quem quiser responder a esta TAG está à vontade para "roubar" e responder. Força!
E boas leituras!
 

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

The Hobby - #3

 
Um dia gostava de falar sobre um certo e determinado assunto no blog, mas enquanto vou alinhavando essa opinião, deixo-vos apenas um gostinho daquilo em que ando a pensar. É que, e sem querer ferir gostos e susceptibilidades, não percebo que tipo de música é que os adolescentes hoje ouvem. Se ouvem só o que passa nas rádios mais comerciais levo a mão ao peito e tenho um ataque. É só de mim ou somos capazes de ouvir 3 músicas de kizomba e umas quantas de origem electrónica só numa manhã? Repito: de manhã.
 
Será isto um sinal dos tempos ouvir-se música de laivos mais "nocturnos" logo de manhã? Se passassem na rádio as músicas que eu ouvia na adolescência logo de manhã não bastariam dedos a apontar que o mundo estava perdido...
E pergunto-me, também, quantos dos "teenagers" de hoje se vão lembrar das músicas "fast food" que consomem. Do que eu ouvia quando era mais novinha - e não foi assim há tanto tempo - há coisas de que nem me lembro e outras que prefiro esquecer que alguma vez gostei.
 
Prevaleceu aquilo a que as professoras e certos adultos apelidavam de "barulho". Lembro-me tão bem de uma delas a resmungar com a turma por só ouvirmos "barulho" e "ruído".
 
Este foi um dos "ruídos" de que gostei aos 13 anos. E ainda hoje gosto. Não me esqueci dele.
 
"In The End" - Linkin Park
 
 
 


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

"Nas Trevas da Noite", Deborah Harkness


Isto hoje vem em dose dupla. “Está a dar bem…”
 
Ontem, finalmente, consegui acabar “Nas Trevas da Noite”. Já vinha a arrastar o desgraçado deste calhamaço, à conta das leituras intercaladas, mas foi a melhor opção. Tenho “alguma” alergia a lamechice e conversas de alcova em romances, algo que pejava o primeiro volume desta trilogia, pelo que estava com receio.
Acabou por correr bem e, se por um lado estou surpreendida por até ter gostado do livro, por outro também tenho uns pontos negativos a apontar. Vamos por partes.
Primeiro, é passado na época isabelina. Não sei se sabem, mas o Renascimento encanta-me, pelo que é sempre uma delícia ler algo passado nesse período. Também gostei mais das personagens deste romance. Gostei da forma como a autora caracterizou os membros da Escola da Noite, um grupo de intelectuais ingleses, formado também pelo dramaturgo Christopher Marlowe e por Walter Raleigh (sim, o Clive Owen em “Elizabeth: The Golden Age”). Dispõe de momentos cómicos, logo no início. Do mesmo modo, gostei das bruxas londrinas, de Annie e Jack, e senti mais afinidade com os sentimentos que ligam as personagens e que as movem.
Consegui apreciar melhor este volume, que também tem mais fantasia e protagonistas mais tragáveis. É que, no primeiro livro, a Diana era uma chata por não querer fazer magia, e o Mathew era tão possessivo e preocupado que irritavam. Apetecia-me bater nos dois. Neste a Diana já quer ser uma bruxa como deve ser e já percebi que aquela preocupação faz parte da natureza de Mathew – que também já deixa respirar melhor a moça.
Uma das personagens que me deixa a torcer o nariz é mesmo Philippe, o pai de Mathew. É que Philippe é o chefe de tudo. É chefe da família de Clermont, e todos o respeitam. Todos. O mundo inteiro sabe que é Philippe de Clermont, seja qual for o nome que use. É o senhor - todo – poderoso lá da época. “Come-se”, mas parece-me um bocado irrealista.
Outro dos pontos negativos a apontar faz parte de uma comparação que não consigo deixar de fazer. O livro lembra-se a saga “Crepúsculo”. É que temos um vampiro protetor; uma organização que se pode preocupar com a relação dos protagonistas e, ainda pior, uma falta de enredo sólido.
 



Sinopse

 
É que não há uma “história” propriamente dita. Parte daquele calhamaço está preenchido com as personagens a andar de um lado para o outro, a conhecer “este” e “aquele”, primeiro porque querem descobrir o paradeiro de um livro misterioso que pode explicar porque as criaturas se estão a extinguir; depois porque a Diana precisa de aprender a tecer magia. Tudo isto entremeado por diálogos e acções – como a actuação numa peça de teatro ou as compras de couves – que vão dando páginas ao livro.
Se me perguntarem qual é a história desta trilogia, vou encolher os ombros. A ideia está lá, potencial, pequenina, escondida entre magia e alquimia. Uma das coisas de que gosto no livro é a explicação sobre simbologia alquímica e a simbologia usada pelas criaturas, por acaso. No entanto, a falta de enredo estraga o gosto que poderia ter pelo livro. Há partes realmente empolgantes, mas, depois, parece que afinal não passou de um vislumbre de uma ideia. Há muito “fumo”, mas a “fogueira” não aquece.
Entreteve-me, mas soube a pouco.
 
 
Já o leram? Qual é a vossa opinião?
Boas leituras!

"The Sleeper and The Spindle", Neil Gaiman


 
A segunda leitura sonolenta deste mês de livros impingidos foi mais uma leitura agradável, acompanhada por ilustrações lindas. Sabem aquelas vezes em que a única coisa que têm a dizer de um livro é que é “bonito, adorei, leiam-no!”? Este é um desses casos.
Não sei se sabem, mas gosto dos antigos contos infantis ocidentais, das morais que encerram e, por acréscimo, gosto da ideia de "retellings" – a não ser os da série “Once Upon a Time”, que me irrita por ter ido beber à Disney. Sei que a intenção é essa, mas fosse mais livre, como o filme “Os Irmãos Grimm”, e chamava-me mais a atenção. Coisas.
Regressando a “The Sleeper and the Spindle”, tenho a dizer que se nota o humor de Neil Gaiman, apesar do estilo de escrita ser levemente mais “requintado”, seguindo a fórmula de um conto de fadas tradicional. Adorei aqueles toques de humor e o famoso “twist” de que a Spi falava. Não estava à espera que fosse “aquilo”. Do mesmo modo, gostei de uma característica das pessoas “adormecidas”, que foi arrepiante. Só de imaginar… Brrr…
 
Sinopse

Esta leitura também primou pela diferença por ter sido a primeira em inglês. Confesso que não percebi uma ou outra palavra e que fiz batota em continuar a ler – mas tinha apanhado o sentido e queria chegar depressa ao final – e que estranhei não ser na língua “mater”. Parece que há algo na história que não se entranha tanto como se fosse em português. Ou talvez seja do estilo de escrita.
Seja. Foi mais um livrinho “5 estrelas”, que me interessou ainda mais por este autor.
 
Já o leram? Boas viagens à lareira!
 

 

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

"Sono", Haruki Murakami

 

Não sei se repararam, mas as leituras "impingidas" são bastante "sonolentas". Ora, havia o "Sono", havia uma "Sleeper" e há ainda um "Hipnotista". Acho que a Spi queria manter as insónias afastadas da minha mesa de cabeceira este mês...
Bem, já li o "Sono", do querido Murakami. E que belo livrinho! Nele, encontramos a história de uma mulher com uma vida rotineira, que nem sequer parece muito apaixonada pelo próprio marido (nem, diga-se de passagem, pelo próprio filho), que, um dia, ou melhor, uma noite, deixa de ter sono e conseguir adormecer. Ao princípio tal não parece muito problemático, mas mais não digo.
Como já comentei com a Spi duas vezes, acho que finalmente temos um livro sobre a mãe de Haruki Murakami. Comento isto porque é bem normal que os protagonistas de Murakami cresçam sem a mãe, que "desaparece". Esta personagem de "Sono" parece bem mais interessada na sua vida nocturna, uma vida onde a leitura é mais do que um escape.
Para falar de "Sono" temos também de falar do livro físico, das ilustrações. São tão oníricas, tão aquáticas! A minha preferida acabou por ser uma em que a coluna da protagonista é retratada como se se tratasse de uma criatura aquática. Fiquei hipnotizada...
Acho que vou adquirir o livro. Adorei-o!

E vocês, já o leram? O que acharam?
Boas leituras!

Sinopse


 


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Viagens à Lareira 2015 - Fevereiro


 
As leituras de Fevereiro vão centrar-se nos livros "impingidos" pela Spi do Delícias à Lareira. Como ela bem explica no post do blog sobre o assunto, este mês emprestámos uma à outra uma pequena pilha de livros - aproveitando a coincidência da apresentação quinzenal na Segurança Social. Começo a gostar dessas visitas, já que são de sinónimo de uma boa Assembleia a discutir livros e afins. Mas passemos às "impingições".

As pilhas de livros emprestadas lado a lado
Como podem observar pela fotografia escolhemos quatro livrinhos cada uma para a outra ler. É claro que houve uma ligeira batatota em relação ao "Cem Anos de Solidão" e ao "O Oceano no Fim do Caminho" porque foram escolhidos pelas próprias, mas como, de qualquer forma os íamos impingir, a coisa passa.
Estes foram os livrinhos que a Spi escolheu para mim:




Estou a planear ler primeiro "The Sleeper And The Spindle", de Neil Gaiman, por estar tão curiosa. Além disso, este vai ser um desafio. Não só tem ilustrações lindas que me vão hipnotizar durante a leitura como é em inglês. Ora, eu prefiro a língua-mãe por apreender logo o que é escrito e assim me manter imersa na leitura. Vai ser "engraçado" lê-lo, mas estou desejosa. 
De seguida, pretendo seguir para "O Sono", do querido Murakami. É de Haruki Murakami. Quero muito lê-lo, claro! Aproveito agora para apontar para uma curiosidade: no "Sono" fala-se muito do "Ana Karenina", de Leo Tolstoy. Também se fala desse livro no "A Insustentável Leveza do Ser", de Milan Kundera que impingi este mês à Spi... Achei piada a esta coincidência.
Depois, quero regressar a Neil Gaiman, com "O Oceano no Fim do Caminho". Se não fosse este desafio de certeza que ia adiar esta leitura indefinidamente por ter expectativas tão altas - manias minhas.
Por último pego no "O Hipnotista", de Lars Kepler, por ser o maiorzinho. Só espero que não interfira com o desafio de Março...

Espero que o desafio corra bem porque estes livrinhos deixam-me bem curiosa.

E vocês, já decidiram qual é a vossa leitura do mês de Fevereiro? Ou melhor, já vos escolheram o que ler? Ou vão dar preferência a livros mais cómicos? 

Boas viagens à lareira!