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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

"Limões na Madrugada", Carla M. Soares

Neste que é o mais recente romance de Carla M. Soares acompanhamos Adriana Branco, uma portuguesa educada na Argentina que regressa ao país para desvendar um mistério familiar.
A protagonista crescera sem conhecimento do que levara o pai a abandonar Portugal tão subitamente e, no fundo, sem se importar tanto com tal facto. Um dia recebe o telefonema de um advogado do Porto com a notícia de que é a única herdeira da sua tia, que fez questão de lhe deixar uma carta que a perturba. Adriana acaba por se sentir puxada para o outro lado do oceano, não só para receber os quadros inquietante que o tio pintara, como para perceber que pessoas eram realmente os seus avós e, na verdade, para se descobrir a si mesma.

Como se pode esperar de uma tal premissa, este é um romance misterioso, que nos impele a ler para também nós desvendarmos os segredos da família Branco. Escrito num registo ligeiramente diferente de "O Ano da Dançarina", tem uma linguagem quase lírica, pela voz da protagonista, que torna a leitura agradável. Para além disso, o facto de não estar composto de forma cronológica leva o leitor a descobrir a história de Adriana a pouco e pouco, como se tal também se tratasse de uma série de quadros. Esta característica prendeu-me à história, até porque Adriana consegue ser uma personagem complexa - não o somos todos? - que, à semelhança de tantos de nós, também se pergunta quanto terá realmente herdado do seu pai e do seu avô.

Sinopse

Limões na Madrugada é o tipo de livro que se lê de forma compulsiva e só tenho pena de não ter mais páginas. De qualquer forma, providenciou-me uma boa experiência de leitura, com o aroma do limão sempre presente e "sombras" adicionadas à mistura - as dos quadros e as que vivem dentro das pessoas. É o livro ideal para quem procura um bom entretenimento, rápido e que "pareça" leve. É que, no fundo, a história que os quadros herdados por Adriana contam de "leve" tem pouco.

E vocês, já o leram? Qual é a vossa opinião?
Boas leituras!
 


terça-feira, 2 de maio de 2017

"O Ano da Dançarina", Carla M. Soares

Se há certos livros que me compelem a ler apenas pela intriga do enredo, outros há em que tal se alia à personalidade de uma personagem. Nem sempre precisa de ser a mais corajosa, ou determinada, bem pelo contrário. Por vezes, basta-lhe ser humana, com todas as virtudes e defeitos que tal pressupõe, para me tocar, e foi este o caso.

Neste romance acompanhamos a vida dos irmãos Lopes Moreira, durante o infame ano de 1918, em particular, a de Nicolau.  Com o coração quebrado por uma dançarina, Rosalina, o jovem alistara-se no exército e fora enviado para as trincheiras, em França. Ao ser ferido é autorizado a regressar a casa, mas a recuperação não se afigura fácil, não só a nível físico, como psicológico. A experiência na guerra assombra-o. Regressa revoltado, consigo e com o mundo, afligindo a família. Para piorar o seu estado de alma tão negro, Rosalina ressurge para o atormentar, em busca de uma ligação que lhe proporcione a vida estável e desafogada que trocara por uma miragem. Enquanto isso, César divide-se entre os negócios e as noitadas, disposto a proteger o irmão mais velho, e Bernarda preocupa-se também com o próprio projecto, a revista "Nova Ideia", numa época em que uma mulher não podia votar, quanto mais ter acesso à carteira profissional de jornalista. Apoia-se na amizade de Cecília, uma jornalista de bom coração que teme que o activismo do avô, o tipógrafo Cupertino, o atire para a prisão.
Porém, naquele ano, para além da guerra e do regime ditatorial de Sidónio Pais, que tornam a vida tão instável, a gripe espanhola insinua-se em Portugal e Nicolau tem a oportunidade de voltar a exercer medicina - e de se redimir...

Como podem imaginar, a leitura de "O Ano da Dançarina" consegue ser emotiva. Através das suas páginas acompanhamos as vivências da família, que se entrelaçam com a História em certos momentos. Além disso, temos a oportunidade de captar o ambiente lisboeta da época, tolhida pelo medo da epidemia, frente à qual pouco ou nada se pode fazer, e também de perceber a mente de um combatente na "Guerra das Trincheiras". O medo de Nicolau, aquele omnipresente receio de ouvir as metralhadoras e de se ver de novo em França, transforma-se em pesadelos e ataques de pânico, de uma forma bem credível para o leitor...
Nicolau foi, na verdade, um protagonista que me chamou imenso a atenção. É um homem envolto em trevas, que a certo ponto se deixa tragar por elas, e achei fantástico ler sobre uma espécie de "anti-herói". Porque Nicolau não é perfeito, e tem noção disso mesmo. Comete erros, perde o orgulho, e sente-se, acima de tudo, inútil, seja para confrontar a "inimiga invisível" que assola Lisboa e  o mundo, ou para se enfrentar a si mesmo. E cada vez me sinto mais atraída por personagens "imperfeitas", exactamente por serem tão "humanas".
Foi bom perceber que, para além dele, a autora conseguiu povoar o livro com personagens assim, que tal como qualquer pessoa, sonham e odeiam,  cometem deslizes, perdem as estribeiras e chegam a pôr em causa a própria fé quando a dor as atinge.  
E são personagens, ainda por cima, portuguesas! Foi uma delícia ler em certos pontos os diálogos com aquele tom coloquial que é tão nosso, bem como perceber o uso de expressões da época. Conseguiu envolver-me naquele ambiente, e adoro quando isso acontece. Isso, e ficar agarrada à ultima página da história, com pena de estar a ler a palavra "Fim", de lagriminha ao canto do olho, porque os Lopes Moreira são gente de valor, que desde o início não teme colocar-se em perigo - com um toque aventureiro - pelos que amam, e queria continuar a torcer por eles. 

Acho que já podem perceber que gostei muito de "O Ano da Dançarina". É um romance com alma, onde é até possível aprender um pouco mais sobre a nossa História, e, ainda para mais escrito com um estilo cuidado que nos impele a a continuar a ler. Vou querer acompanhar a o restante trabalho da autora, sem dúvida.

E vocês, já leram "O Ano da Dançarina"? Qual é a vossa opinião?
Boas leituras!

Sinopse

Nota: O meu exemplar foi uma agradável oferta, como vos tinha mostrado aqui, a que tenho de agradecer à Carla M. Soares. Obrigada! 

 

terça-feira, 11 de abril de 2017

Hoje o carteiro tocou à porta...



Mais informações

E trouxe a minha próxima leitura, a versão final de um projecto que pude conhecer durante os seus "primeiros passos" e pelo qual sinto imensa curiosidade. 
Posto isto, só tenho de agradecer à Carla M. Soares por esta oportunidade e pela surpresa que tive - porque não é todos os dias que pulamos ao ler o nosso nome na página de agradecimentos de um romance...

Boas leituras!