quinta-feira, 30 de junho de 2016

"Orgulho e Preconceito", Jane Austen

Cada vez mais acredito que há épocas ideais para certos tipos de livros. A leitura de "Orgulho e Preconceito" seria uma espécie de "releitura", pois já o tinha lido algures na adolescência - sabem como é, uma amiga leu-o, gostou, e naqueles tempos uma pessoa não podia ficar atrás. Ora, dessa altura só me lembro de ter achado a escrita um pouco petulante e o sr. Collins muito disparatado. Acontece que este livro já devia ter sido lido há uns meses para o Desafio de Clássicos, mas não estava com disposição para ele. Na semana passada, e por culpa de certo e determinado filme que comecei a ver - sim, "Pride and Prejudice and Zombies", pois claro -, dei por a pensar nele, lá na estante, abandonado ao pó.

Comecei a ler e não consegui parar. A premissa é previsível, mas muito engraçada. O sr. e a sr.ª Bennet têm cinco filhas, Jane, Lizzie, Lydia, Kitty e Mary, e a mãe está desejosa de as ver casadas. Logo por acaso, uma das casas vizinhas é alugada pelo sr. Bingley, um cavalheiro solteiro e com posses. Se ele é adorável, já o mesmo não se pode dizer do amigo, o sr. Darcy (ou das irmãs), mas parece interessar-se por Jane e o enredo corre a partir daí.
Adorei o tom da narrativa e aquela ironia muito delicada e subtil que permeia certas passagens, e não consegui deixar de me rir com algumas personagens. 
Gostei da crítica à sociedade, apesar do moralismo que também se sente no romance e que será fruto da época.Também gostei muito da forma como as personagens são construídas, e como percebemos as diferentes personalidades de cada. Lizzie é especial, Jane é amorosa e Lady Catherine é o snobismo em pessoa, acreditem! 
Sobre aquele certo e determinado cavalheiro, deixem-me dizer que percebo que seja fantástico que um homem abafe o orgulho por amor, mas apesar do comportamento de superioridade, acho que o dito senhor também era um pouco introvertido. Quantos de nós não damos por nós numa festa calados porque pura e simplesmente não temos jeito nem vontade de fazer conversa de circunstância com quem não conhecemos? Que as "haters" dele não me atirem pedras! Sabem o que se diz, "quem desdenha quer comprar"...

Já tinha lido e apreciado "A Abadia de Northumber", que satiriza os romances góticos da época, mas espero ler muito mais da autora. Acho que vou ficar fã.
Já leram? Qual a vossa opinião
Boas leituras!

P.S.: O meu exemplar ainda tem os actores da série da BBC, incluíndo Colin Firth como Mr. Darcy...

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Típico de um leitor #1

Fonte

Quando um livro parecia ter tudo para providenciar uma boa leitura e afinal falta qualquer coisa...
E fica a a questão: devolvê-lo à estante ou continuar?

Boas leituras!

Divulgação | Livros Amarelos


Vamos abrir um buraco no cadáver de Fernando Pessoa e vamos abrir um buraco no cadáver de Miguel de Unamuno. Para quê abrir buracos em cadáveres, perguntarão os leitores? Para lhes insuflar vida, responde a Guerra e Paz Editores.
Tomemos nos braços o cadáver de Pessoa, o seu «Banqueiro Anarquista», por exemplo. O que acontecerá se, por esse buraco, lhe insuflarmos o sopro da boca de Oscar Wilde chamado «A Alma do Homem sob a Égide do Socialismo»? Arranquemos ao túmulo, piedosamente, o cadáver do espanhol Miguel de Unamuno pegando-lhe pelo buraco que dá pelo nome de «Portugal, um povo suicida» e disparemos lá para dentro o tiro que espatifou os miolos do português Manuel Laranjeira e a que ele chamou «Pessimismo Nacional». Há mais vida num tiro suicida do que numa longa existência canalha!

De que morte e de que vida é que estamos a falar? Estamos a falar de textos que o respeito atirou para um cemitério chamado literatura. A melhor forma de matar um texto, a melhor forma de matar a criação é catalogá-la e engavetá-la.
Matemos a morte, regressemos à vida! Para dar vida a contos, a romances, a poemas e a ensaios é necessário abrir-lhes um buraco por onde entrem outros textos. A melhor forma é rasga-los à discussão. A melhor forma é pintá-los a uma cor inesperada e insólita.
Hoje, a Guerra e Paz inicia uma viagem de devassa ao cemitério que é o património literário da humanidade. É mentira, os textos não estão mortos. Às nossas escondidas, nos escusos vãos das bibliotecas, os textos literários fazem uns com os outros coisas inconfessáveis. Era preciso caçar-lhes essas relações clandestinas. A Guerra e Paz editores criou o paparazzo da história da literatura e do pensamento. Chama-se Livros Amarelos e é uma nova colecção. A colecção que revela as relações comprometedoras de textos célebres.
Célebres, célebres, muito bons, muito bons, mas metidos a um canto, e isso é exactamente o que esta colecção quer veementemente rejeitar, contrariar e desmentir. Livros Amarelos é uma colecção de textos que se erguem de um salto, afectivamente activos.
Esta é uma colecção que, ao contrário de muitos planetas e de tantas estrelas, se pode ver à vista desarmada. São livros de 15 por 21 centímetros e são amarelos. Completamente amarelos e pintados à mão nas três faces do miolo. Custa um dinheirão ao editor? Custa, mas é bonito que se farta. E não são só livros bonitos. A Guerra e Paz rasgou-lhes a beleza, com um corte elíptico e alongado que deixa ver uma faísca de vermelho ou verde ou azul, conforme a cor que as guardas do livro, debaixo da capa, venham a ter. 

São os Livros Amarelos, amarelos por serem voyeurs, amarelos em vénia à Yellow Book, a revista que, na Londres do século XIX, foi o primeiro sopro de vida desse modernismo que ainda hoje, no século XXI, se nos cola à pele, como grafismo de Ilídio Vasco, autor do design, grita nestes livros.

Saem, agora, os dois primeiros. Num, o «Banqueiro Anarquista», de Fernando Pessoa, dialoga com «A Alma do Homem Sob a Égide do Socialismo», de Oscar Wilde. Entre os dois textos, intrometem-se 60 páginas com a biografia dos autores e um texto que vai por trás do anarquismo dos autores, tortura-os com perguntas e tenta desesperadamente estabelecer as relações deles. Escreve-o Manuel S. Fonseca.

 
O outro livro junta «O Pessimismo Nacional», de Manuel Laranjeira, insólito médico e autor português, que escreveu uma carta ao amigo espanhol Miguel de Unamuno e a seguir se suicidou, levando o perplexo filósofo espanhol, em «Portugal, um Povo Suicida», a desesperar face à psicologia dos portugueses, esse povo vizinho que tem na morte a solução para a crise espiritual e a bancarrota financeira. Passaram cem anos e podia ser hoje, é o que Helder Guégués também diz no texto em que ressuscita o suicida português e o anti-falangista espanhol.

Nasceu uma nova colecção, os Livros Amarelos. Em cada livro dois textos de dois grandes autores. Podem ser novelas, contos, poemas ou ensaios. Um intrometido «estudo» contemporâneo virá sempre lançar a rede que liga esses dois textos clássicos. Em Setembro, o próximo livro, amarelíssimo, juntará «A Célebre Rã Saltador do Condado de Calaveras», de Mark Twain, e «Rikki-Tikki-Tavi», de Rudyard Kipling. Mark Twain e Kipling trazem rãs, cães, cavalos, ratos-alfaiates e najas, as cobras-capelo. E um mangusto. O mangusto, já se sabe, tem bons dentes e é imune ao veneno das cobras mais peçonhentas. Saídos do cemitério e regressados à vida, é mesmo de um mangusto que os proteja que os Livros Amarelos estão a precisar: bem vindos ao século XXI.


Modo de uso dos Livros Amarelos

Toque-lhes. O amarelo não se pega.
Compre-os. É uma forma legítima e desejável de posse.
Meta o dedo. É irresistível, o cortante da capa abre uma fenda que apetece tactear.
Abra-os. Têm segredos que só quem vai lá dentro descobre.
Leia-os. Os seus olhos são o violino que dá música à sua alma.

Nas livrarias a 29 de Junho.
 
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quinta-feira, 23 de junho de 2016

Divulgação | "Dicionário de Palavras Supimpas", José Alfredo Neto

Dicionário de Palavras Supimpas
José Alfredo Neto
15x20
144 páginas
13,50 €
Não Ficção/Dicionários
Nas livrarias a 29 de Junho
Guerra e Paz Editores
 
 
Há palavras que falam por si, mas há palavras que são mais do que aquilo que são. Ciente da importância das palavras para expressar ideias e conceitos, José Alberto Neto, publicitário, pois claro, apresenta o Dicionário de Palavras Supimpas, uma compilação de vocábulos rigorosamente seleccionados e escandalosamente bem-dispostos, que vão permitir fazer boa figura em qualquer ocasião. Difícil será escolher. De abananado a zurzir, passando por espúrio e pusilânime, José Alberto Neto apresenta páginas inteiras de palavras como melífluo ou superveniência, um dicionário indispensável para quem gosta de falar bem em bom português.
Num dicionário convencional, entre sulipampa e surripiar surgem páginas inteiras de palavras como suor ou superveniência. Neste, a única que aparece é supimpa. As outras, há que reconhecê-lo, não são supimpas. Logo, não existem neste dicionário. Isto torna-o muito mais elegante, naturalmente, mas também muito mais útil. Porquê?
Porque no dia-a-dia, em casa, no trabalho, na escola, nos transportes públicos, nas redes sociais, a vida só tem a ganhar com um uso mais liberal da palavra supimpa. Seja pela sonoridade, pelo significado ou pela contradição entre ambos, a palavra supimpa é aquela que abrilhanta o discurso de quem a usa e que alivia, mesmo que temporariamente, o ouvido de quem a escuta ou os olhos de quem a lê.
Para que seja de extrema utilidade no dia-a-dia, este dicionário inclui listas. Por exemplo a lista de insultos supimpas, que lhe permitem achincalhar quem tenha de achincalhar sem recorrer a banalidades. E muitas outras palavras que farão de si um gigante na vida quotidiana. 
 
A sessão de lançamento conta com apresentação – supimpa, claro – de Fernando Alves, da TSF, e está agendada para 28 de Junho, às 18h30, na Bertrand Picoas Plaza, em Lisboa.
 
BIOGRAFIA DO AUTOR
José Alfredo Neto. Nasceu em Lisboa, mais concretamente em Alcântara, em 1964. O pai, nascido em Angola de pais oriundos da Beira Baixa, era professor universitário, e a mãe, algarvia de Olhão, bióloga. Fez a escola primária no Externato Fernão Mendes Pinto, a secundária no Liceu D. Pedro V e uma licenciatura em Comunicação Social no ISCSP, da então chamada Universidade Técnica de Lisboa, à época na Rua da Junqueira. Depois deu em publicitário. É casado, tem uma filha e continua a viver em Lisboa.
 
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terça-feira, 21 de junho de 2016

Divulgação | Novidades da Editorial Bizâncio

 Título: Somos Todos Artistas
            Pense como um artista e tenha uma vida mais criativa
Autor: Will Gompertz
Código de Barras:
9 789 725 305 775

Págs.: 224+8 de extratexto
Preço: Euros 15,09 / 16,00
Formato: 14cmx21cm - Capa Dura
Arte

Porque será tão simples para certas pessoas ter ideias novas e brilhantes?

E como as transformam em obras admiráveis?

─ Sejamos curiosos como Caravaggio que, com a descoberta da óptica e das potencialidades das lentes, alterou a arte ocidental.
─ Sejamos perseverantes como Miguel Ângelo que, não gostando assim tanto de pintar, aceitou contrariado a obra da Capela Sistina, trabalhando incessantemente e com grande desconforto, deitado num andaime, durante anos.

Com sabedoria, inteligência e um notável sentido de humor, o autor fornece-nos uma perspectiva clara sobre as vidas, hábitos e pensamento dos grandes criadores, explica-nos as suas características e o que faz deles os mestres sublimes que admiramos, ajudando-nos a pensar como eles para podermos estimular e desenvolver vidas mais criativas e produtivas.
 Do autor de «150 Anos de Arte Moderna Num Piscar de Olhos»


Título: Crónicas do Mercador da Galáxia
             A Demanda da Safira
Autor: Pedro Freire Costa
Código de Barras:
9 789 725 305 744

Págs.: 160

Preço: Euros 9,34 / 9,90
Formato: 14cmx21cm
Literatura juvenil

Depois de O Mercador da Galáxia, Pedro Freire Costa, volta a surpreender-nos com mais uma nova aventura do mercador.

 Nesta nova história saberemos como nasceu a amizade entre o narrador e o mercador Olof Astor e a origem da invulgar nave a que este deu o nome de «Helena».
Que intenções terá a misteriosa personagem que se diz ser um comerciante de pedras preciosas?

Na sua demanda por enormes safiras, o que pretenderá ele do mercador Olof Astor?

Uma história carregada de contornos misteriosos, uma nova viagem atribulada do mercador da galáxia que cativará os jovens leitores desde a primeira página.


Título: O Medico de Córdova
             5ª Edição
Autor: Herbert Le Porrier
Código de Barras:
9 789 725 300 367

Págs.: 288

Preço: Euros 11,79 / 12,50
Formato: 14cmx21cm
Romance Histórico

Em Córdova, na Andaluzia, pode ainda encontrar-se o busto em bronze de uma personagem de rosto emaciado e olhar de águia: a inscrição diz-nos que se trata de Moisés Maimónides, médico judeu, nascido em 1135 nessa cidade.

Ali viviam em harmonia árabes, cristãos e judeus, oferecendo ao mundo um modelo nunca igualado de civilização e de tolerância. Aos doze anos, Moisés Maimónides tornar-se-ia discípulo do grande pensador árabe Averróis, antes de se apaixonar pelo estudo da medicina.
Aquele a quem os escolásticos cristãos dariam o nome de «Águia da Sinagoga» por ter tentado, antes de Tomás de Aquino, conciliar a Bíblia e Aristóteles, foi forçado ao exílio devido ao fanatismo dos novos conquistadores árabes, iniciando então uma longa errância em redor do litoral mediterrânico.

Morreu em 1204, tendo deixado uma obra filosófica e científica que iria brilhar ao longo dos séculos por todo o Ocidente.
O Médico de Córdova é o romance da sua vida apaixonante.

Disponíveis a partir de 23 de Junho.


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segunda-feira, 20 de junho de 2016

Divulgação | "Dom Casmurro", Machado de Assis

DOM CASMURRO
Machado de Assis
15x23
248 páginas
14,00 €
Ficção/Literatura Estrangeira
Nas livrarias a 29 de Junho
Guerra e Paz Editores
 
Sinopse
Dom Casmurro é a alcunha de Bento Santiago, que, velho e só, desvela as suas memórias. Uma promessa da mãe, D. Glória, traça-lhe o destino como padre, mas Bento Santiago (Bentinho), apaixonado por Capitu, abandona o seminário. Estuda Direito e casa-se com o seu grande amor, mas o ciúme e a desconfiança adensam-se. Suspeita que não é o pai biológico do filho do casal, Ezequiel, mas sim o seu grande amigo Escobar… A dúvida de uma traição é o grande mistério de Dom Casmurro, um clássico da literatura de língua portuguesa publicado pela primeira vez em 1899, e se, nas primeiras décadas após a edição, o adultério parecia óbvio para os leitores, hoje muitos duvidam da infidelidade de Capitu. «Era impossível em história de um adultério levar mais longe a arte de apenas insinuar, advertir o fato sem jamais indicá-lo», escreveu José Veríssimo, um dos principais críticos literários da época, na História da Literatura Brasileira. 
 
Biografia do autor
Machado de Assis. Filho de pai carioca e mãe açoriana, um dos maiores nomes da literatura do Brasil, José Maria Machado de Assis, nasceu no Morro do Livramento, no Rio de Janeiro, em 1839. Depois dos primeiros poemas, publicados na imprensa, segue-se uma profusa obra, que abarca os mais diversos géneros: crónica, conto, romance, teatro, crítica literária. Em 1864 edita Crisálidas, o primeiro livro de poesia, e, em 1872, Ressurreição, o primeiro romance. Inicialmente, as suas obras possuem características românticas, mas é no Realismo que se distingue, com romances como Memórias Póstumas de Brás Cubas (1880), Quincas Borba (1891) ou Dom Casmurro (1889), ao dar espaço à análise psicológica das personagens, aos seus desejos e necessidades, qualidades e defeitos. Morreu na madrugada de 29 de Setembro de 1908, em casa, no Rio de Janeiro, aos 69 anos.
 
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quarta-feira, 15 de junho de 2016

Divulgação | "Quem Tem Medo de Frankenstein? Viagem ao Mundo de Mary Shelley", Clara Queiroz


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A 15 de Junho de 1816, das mãos do Dr. Frankenstein, nascia «A Criatura», figura humana construída com pedaços de cadáveres, que se tornará num monstro e atormentará a existência do cientista que o cria. Foi há 200 anos. Nasceu de um pesadelo «meio-acordado» de Mary Shelley. Nasceu de uma reunião de amigos numa mansão na Suíça. Nasceu para, ainda hoje, continuar a ser lembrado como uma reinvenção da lenda do feitiço que se vira contra o feiticeiro.

Mais do que o próprio romance, é importante conhecer as circunstâncias que lhe dão origem, bem descritas no livro «Quem tem medo de Frankenstein? – Viagem ao Mundo de Mary Shelley», assinado por Clara Queiroz. Trata-se de um ensaio publicado pela Guerra e Paz em 2014, que relata a história de Mary Shelley, nas palavras de autora, «a heroína de uma história gótica». Duzentos anos depois, é imperativo perceber os meandros daquela que é uma das histórias mais fantásticas de sempre. Viajar até à Villa Diodati, o palacete do Lorde Byron na Suíça, e sentarmo-nos ao serão com os seus cinco convivas e, com eles, ouvir o relato de histórias fantasmagóricas naquele que ficou conhecido como «o ano sem Verão». Falamos de 1816. Não foi ontem. Mary Shelley contava apenas 19 anos e tinha dado à luz o seu filho William há poucos meses. Suspeitava da fidelidade do seu marido, Percy Shelley, e da meia-irmã, Claire Clairmont. É neste cenário que surge Lorde Byron desafia os presentes a escreverem a sua própria história. Há 200 anos, Frankenstein criou o seu Monstro. Ainda tem medo?
 
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segunda-feira, 13 de junho de 2016

"Que Esperam os Macacos", Yasmina Khadra

Descobri Yasmina Khadra através da Spi do Delícias à Lareira que me emprestou "Os Anjos Morrem das Nossas Feridas", um livro de que não esperava gostar tanto como gostei. Fiquei curiosa por ler mais do escritor, tanto pelo estilo de escrita como pela forma de expor problemas sociais ao longo do romance.
Comecei "Que Esperam os Macacos" com expectativas elevadas e foi exactamente o estilo de narrativa que estranhei. Pareceu-me muito opinativo, como se o autor não tivesse conseguido evitar passar para o papel os seus próprios juízos, mas assim que entrei no enredo recuperei o fascínio por Khadra. Consegue ser empolgante e dei por mim a tentar resolver o caso, apesar de este ser mais do que um romance policial.
Neste livro, acompanhamos uma investigação encabeçada por Nora, que não só é mulher num país machista como é homossexual, que ficou encarregue de desvendar o caso da  jovem encontrada morta com uma mutilação no mínimo estranha. Isto parece ser apenas um fait divers num país corrupto, onde até o "patrão" de um grupo dos media, Ed Dayem, tem de publicar os "factos" que o "Todo-Poderoso" Haj Hamerlaine ordena que existam. Deparamo-nos, assim, com um retrato de uma Argélia governada nas sombras - ou melhor, em "águas turvas" - onde a justiça e a opinião pública são influenciadas por quem as tem nas mãos. Nora e Zine nadam contra a corrente, e fica a pergunta: que esperam os macacos?
Gostei muito deste romance e não fosse a escrita teria sido perfeito para mim, até porque Khadra consegue apresentar personagens realistas com as virtudes e defeitos de qualquer ser humano,tal como prefiro. 

Sinopse
Já o leram? Qual é a vossa opinião?
Boas leituras!

Nota: O exemplar lido foi cedido pela Editorial Bizâncio para opinião, a que desde já agradeço pela oportunidade.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Divulgação | "Acredita em Ti", Eduardo Silva


ACREDITA EM TI 
Eduardo Silva
15x23
224 páginas
15,50 €
Nas livrarias a 15 de Junho
Guerra e Paz Editores | Clube do Livro SIC
 
Sinopse
 
Ao longo da minha vida tive a oportunidade de constatar que o crescimento interior, contrariamente ao biológico, que acontece a um ritmo muito semelhante para todos, resulta das nossas vivências, aprendizagens e influências culturais. Vejo a mudança e o crescimento como dois elementos que interagem de forma contínua, orientando-nos em direcção ao nosso propósito de vida. Só aqueles que acreditam podem algum dia mudar e crescer! Quero revelar-te que nem sempre acreditei em mim! Houve períodos em que me senti vazio, incompleto, só e totalmente perdido. A sequência deste percurso vivido na primeira pessoa foi impulsionadora na concepção desta obra. Um livro que pretende inspirar-te para viveres uma vida equilibrada, livre, plena, confiante e feliz no presente.


Biografia do autor

Eduardo Silva. Iniciou o seu caminho no Desenvolvimento Pessoal em Inglaterra, onde trabalhou em diversos centros de tratamento, tendo sido CEO de um dos mais conceituados. O mestrado em Psicologia Clínica, a especialização em Counselling em Adicções, Perturbações do Comportamento Alimentar e os Processos de Luto, a especialização em Programação Neurolinguística e a sua extensa prática clínica permitiram criar o modelo terapêutico designado por Change & Grow. Participa na dinamização internacional de palestras, fóruns, congressos e sessões de Modificação Comportamental. Convidado regularmente para participar em programas televisivos das três estações portuguesas generalistas, canais de rádio e revistas. É membro da British Association for Counselling and Psychotherapy.
 
 
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sexta-feira, 3 de junho de 2016

"As Vinhas da Ira", John Steinbeck

Conhecem aquela sensação de que conseguem ouvir o silêncio quando o barulho acaba de repente?
Terminada a leitura de "As Vinhas da Ira", é assim que me sinto. É um Grande livro. Procurem-no e leiam-no, já!

Nesta obra acompanhamos os Joad que, devido à Grande Depressão e a más colheitas provocadas por tempestades de pó, são só uma das muitas famílias que se viu expulsa da terra de que cuidavam. Os donos das propriedades - que acabam por as ver entregues aos bancos - preferem o uso de um tractor a uma família inteira, o que origina uma vaga de migrantes que segue o sonho de chegar à Califórnia em busca de emprego, já que segundo uns prospectos se pedia pessoal para lá. Seguimos, assim, a jornada deles até a um outro estado, movidos por esperança e medo, a acampar do outro lado da estrada, e, no fundo, a sobreviver um dia de cada vez, como Tom já aprendera na prisão.
Não é uma história bonita, claro. Pelo meio da saga da família, o autor escreve capítulos onde se acompanha o período de uma forma mais geral, e onde se percebe a forma como eram enganados por quem conseguia manter o negócio aberto. Em tempos de crise, há sempre quem consiga prosperar com a miséria alheia, não é o que dizem?
Por todo o livro perpassa uma crítica ao sistema capitalista e à injustiça do êxodo: a terra intocada quando há pela estrada tanta gente disposta a trabalhar nela; a ganância de se plantar algodão "à força", pelo rendimento, sem pensar nas implicações, já que a planta seca o solo rapidamente; a fruta deitada fora para não se baixar o preço dela; os salários baixíssimos e a acusação de ser um "vermelho" quem se atrevesse a levantar a voz contra.
Perpassa ainda pelas personagens a ideia de que unidos seriam capazes de se revoltar, mas até que ponto? E não seria melhor aceitar o trabalho, por mais mal pago que fosse, para comprar o mínimo de alimento possível? E se se esgotar num lado, não é melhor partir para outro?
É uma realidade dura a que é retrata, mas também uma forma de abrir os olhos não só para um período do passado como para a nossa época. Não consegui deixar de pensar nos refugiados que chegam à Europa, desde o momento em que os Joad dão por eles a escolher o que levar consigo antes de abandonar a propriedade até à forma como são vistos com tanta desconfiança pelos outros.
Outra crítica presente pela obra prende-se com a religiosidade exarcebada. Com a família viaja um ex-pregador, Casy, que desistiu do cargo por preferir viver e sofrer como outro homem para perceber sobre o que falava à congregação. Ainda se cruzam com uma ou outra personagem para quem o mínimo de prazer na vida é um pecado, o que também nos leva a questionar o conceito. É que Tom fora preso por matar um homem, mas não se arrependeu de tal. Faria o mesmo outra vez. Já o tio John acha que pecou por não ter ajudado a tempo a falecida mulher. Dá que pensar. Será a noção de pecado algo pessoal, no fundo? Será assim tão mau um homem roubar se tiver fome? Ou ripostar contra a polícia para se defender?
Fiquei também impressionada com a forma como a solidariedade nasce tão facilmente entre os que não têm nada. Formam laços entre si e entreajudam-se em gestos tão simples como partilhar a refeição ou pagar a sepultura de um familiar, o que me tocou. 
Tenho ainda de partilhar que fiquei com a ideia de que Steinbeck perpassa também o ideal do amor à terra. A propriedade onde os Joad viviam manteve-os unidos e manteve vivos os avós. Fora dela, o que será da família?
 
O livro tocou-me e adorei lê-lo. É denso, mas muito bom. Recomendo!

Sinopse

Já leram "As Vinhas da Ira"? Qual é a vossa opinião?
Boas leituras!

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Divulgação | "Camas Politicamente Incorrectas da Sexualidade Contemporânea", de Eugénia de Vasconcellos

Eugénia de Vasconcellos, poeta e ficcionista, acabou de publicar um extraordinário livro de poesia, «O quotidiano a secar em verso», que a crítica e o meio literário saudaram expressivamente. Na Alemanha, uma colectânea de contos de autoras portuguesas, em que participa, vai também ser traduzida, agora. A Guerra e Paz decidiu, por isso, relançar, com nova capa, um ensaio da autora que continua actualíssimo: «Camas Politicamente Incorrectas da Sexualidade Contemporânea».

Sinopse
Há três razões essenciais para se ler este livro:

1. «As Camas» apresenta-nos a nossa sexualidade como nunca foi discutida.
2. É um livro de quatro camas – ou de quatro maneiras de irmos para a cama – todas elas objecto de uma análise irreverente: a cama feminista, a cama católica, a cama de casal e a cama permissiva.
3. É um livro sério, profundo, francamente provocador e divertido, que se confronta com Freud e Jung, com clássicos como «O Erotismo», de Georges Bataille, ou os romances de Sade, e com autoras contemporâneas como Judith Butler, Naomi Wolf e Camille Paglia.

O índice destas «Camas Politicamente Incorrectas da Sexualidade Contemporânea» deixa antever o debate polémico e apaixonante que o livro encerra:  

INTRODUÇÃO
AS CAMAS DO BARBA AZUL
I. A cama feminista: mulheres de pénis e homens castrados
Do feminismo à revolução sexual
II. A cama de casal: estás a dormir? Então, chega-te para lá que tens os pés frios
A decadência institucional do casamento
III. A cama católica: e a isto queres chamar culpa ou pecado? Ai meu Deus… não sei, faz lá mais a ver se me decido
A perda de influência da religião católica
IV. A cama modernaça: liga aí a televisão, se fazes favor, humm… como é que disseste que te chamavas?
O pós-modernismo e o nivelamento da cultura e da arte

Eugénia de Vasconcellos escreveu um livro notável para ficarmos a saber em que camas andamos a deitar-nos. Regressa às livrarias portuguesas a partir desta quarta-feira, 1 de Junho.
 
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