terça-feira, 3 de dezembro de 2013

"Norwegian Wood", Haruki Murakami

“Norwegian Wood” é sem dúvida o livro mais bonito dos poucos que li de Haruki Murakami. Aliás, é dos livros mais belos e melancólicos que já alguma vez li. Uma história de amor destinada à tragédia e frases delicadas dão-lhe esse posto.
Toru, o protagonista, oferece-nos o relato dos seus tempos de estudante ao sentir a necessidade de escrever aquelas memórias para não esquecer Naoko. É quase uma homenagem àquela rapariga por quem sente um amor tão puro, mesmo sendo a namorada do falecido melhor amigo, Kisuki.
Além disso, relata o dia-a-dia num dormitório masculino, as greves estudantis da época e as aventuras nocturnas com Nagasawa, um playboy incurável – e bastante desprezível, deixem-me dizê-lo. Conhece Midori, uma rapariga um tanto doida que vai dividir os seus sentimentos e, no fundo, é a ligação que tem ao mundo real. Quando o estado mental de Naoko piora e a leva a viver numa instituição, Toru começa a alienar-se. O mundo real não lhe parece autêntico.
A vida deste protagonista é quase cíclica. Toru acaba por viver situações semelhantes, por se ver rodeado de gente que segue caminhos idênticos e por sentir o mesmo abandono. Do mesmo modo, os triângulos amorosos de “Norwegian Wood” estão interligados. Estranho? É Murakami. E tal como num bom livro de Murakami, uma personagem bastante peculiar não regressa das férias e desaparece sem explicação.
Amei “Norwegian Wood”, simplesmente, desde o primeiro capítulo àquele final que deixa que pensar. Toru tem que escolher entre o passado e o presente. Terá sido uma boa escolha?
É claro que dispensava uma das cenas finais, pela sua falta de lógica, mas o sexo é um assunto alvo de alguma estranheza que se torna habitual nas obras deste autor. Se as personagens têm personalidades muito próprias, a sua visão do sexo também o é.
Para concluir, tenho apenas de dizer: leiam-no. A Spi “impingiu-mo” vezes sem conta e só tenho de lhe agradecer pelo empréstimo de um livro que já está no meu “top ten”. Uma vénia para ti, Spi!

P.S.: Não deixem também de ouvir a música dos Beatles a quem Murakami pediu o título emprestado para esta história. Faz todo o sentido.

Boas leituras!
http://www.fnac.pt/Norwegian-Wood-Haruki-Murakami/a175437