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sexta-feira, 28 de outubro de 2016

"O Devorador", Lorenza Ghinelli

Pietro tem 14 anos e síndrome de Asperger e por vezes tal condição arrelia o irmão mais novo, Dario. Apesar de o rapaz mais velho ser inteligente e bom desenhador, está preso no próprio mundo e a comunicação com os outros é limitada. Um dia, Pietro é atacado por dois dos rufias da escola e desenha a cena, observada por uma figura estranha. Desde aí, dão-se desaparecimentos de crianças no mínimo bizarros, e Alice, a educadora dele, sente que o caso lhe lembra algo da infância. Entretanto, acompanhamos também a perspectiva de Denny, um menino de sete anos de há 20 anos atrás que não tinha a vida facilitada nem na casa, nem na escola. Denny refugia-se na imaginação quando sente medo, como ao passar em frente do mais recente quadro pintado pelo pai...
Neste livro, os maus tratos sofridos pelas crianças são um tema recorrente. Tanto Denny como Filippo, que ataca Pietro, são criados por pais violentos, e o primeiro parece de alguma forma habituar-se a contar apenas consigo próprio.
Estas passagens cruéis tocaram-me: são revoltantes. O dito "lar" deveria ser um local de refúgio e carinho, não é assim? 
Por estranho que possa parecer o Homem dos Sonhos não me acicatou como esperava. É claro que o facto de provocar o desaparecimento dos miúdos mexeu comigo, mas a figura não me deu uma pontinha de medo. Esse foi um dos problemas deste livro.
Tinha uma ideia completamente diferente, mas assim que o folheei fui adiando a leitura. O estilo de escrita é composto por frases curtas e simples, e, se por um lado se foca apenas no essencial, e até se torna poética, por outro é demasiado leve. Quando leio gosto de me sentir imersa na atmosfera do livro, e nem senti que tal existia. Nem mesmo as cenas "gore" dos sonhos de Alice me agitaram. Nem sequer nenhum tipo de mistério me impeliu a ler. Aliás, nos primeiros capítulos senti que, a haver mistério, já estava todo desvendado e parti do princípio de que, se afinal já saberíamos aquilo à partida, é porque algo maior aí vinha. Por mim não veio, com muita pena minha.
É que o enredo é bom e tinha tanto potencial! Enquanto lia não conseguia deixar de pensar que se houvesse mais descrição, se houvesse uma atmosfera misteriosa em torno da figura aquele ia ser um livro mesmo do meu agrado. Também fico a pensar se não o deveria ter lido numa época que pedisse livros de rápida leitura - como o Verão - ou depois de ler outro tipo de romances. Uma pessoa habitua-se a estilos consistentes e depois...

Acabei por não me sentir inserida dentro do que era narrado e isso é tão frustrante quando acontece com um livro de que esperava gostar... Porque esta é uma história de fantasia sobre um monstro gerado a partir do ódio de uma criança. No geral, é uma espécie de "conto de fadas" distorcido, sombrio e triste. Gostei desta ideia, mas o resultado para mim foi um pouco fraco.

Sinopse
Já leram o livro? Qual é a vossa opinião?
Boas leituras

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Uma espécie de Não-Balanço Mensal que também é um Não-Plano

Passo a explicar: para quem acompanha o meu blog decerto já se terá apercebido que tenho alguma dificuldade em seguir um plano com rigor. Seja pelo tamanho da pilha planeada ou porque não gosto de me sentir obrigada a ler algo, o certo é que o planeamento muitas vezes se revela difícil para mim. Como blogger, ainda me sinto culpada. Sinto que se mudar de plano ou não o seguir estou a enganar os seguidores. Se não lhe contar como correu a leitura devido ao planeamento, idem.
Já tinha comentado isto com a Spi do vizinho Delícias à Lareira e portanto, por agora não vou fazer planos de leitura rigorosos. Acompanho o Desafio de Clássicos e partilho no grupo de discussão do goodreads alguma ideia de leitura para o Desafio Inverso, se for o caso, mas para já não coloco a listagem no blog.
Da mesma maneira, em princípio vou fazer um balanço dos desafios no final do ano, quando publicar um balanço de leituras. Já que são desafios anuais, acho que tem a sua piada.

Entretanto, digam-me: a meio do ano, como sentem que estão a correr os vossos desafios?
Por agora tenho notado que continuei a diversificar autores e géneros à semelhança do ano passado, o que muito me agrada...

Boas leituras!

quinta-feira, 12 de maio de 2016

"O Mago - Espinho de Prata", Raymond E. Feist



Sinopse

Há livros que conseguem deixar-nos bem divididos. Já não é a primeira vez que partilho por aqui que é impressionante como alguns nos conseguem entreter e ser tão vazios. Outros há que se podiam dividir em duas partes: uma primeira muito empolgante; e uma última em que detectamos facilmente algumas falhas. Este terceiro volume da The Riftwar Saga pertence a esta segunda categoria. Gostei muito de o ler, deixou-me empolgada com a dose de acção e misticismo que mantém, mas os últimos capítulos pareceram-me menos fascinantes.
Neste volume acompanhamos uma jornada, uma quest, bem ao estilo fantástico, liderada por Arutha em busca do antídoto para um veneno que deixou Anita às portas da morte. Arutha, no entanto, também corre perigo, já que é o alvo principal de um grupo de personagens misterioso.
Comecei a lê-lo com grande entusiasmo. Já conhecia as personagens e ainda por cima neste volume o Jimmy  Mãozinhas, um larápio de 15 anos, tem  um grande destaque o que insuflou o grupo da saga. Além disso, há uma atmosfera de perigo que incentiva à leitura e a promessa de acção constante.
Aliás, um dos pontos positivos do livro prende-se mesmo na acção que premeia as páginas. Não há tempos mortos por aqui, bem pelo contrário, o que apreciei. Outro ponto forte vai para a caracterização de diversas culturas. Adoro. Até os elfos têm origens diferentes do habitual nesta saga, como já tinha comentado, e cada vez fico mais curiosa com os Valheru, uma raça antiga muito mencionada.
Já um dos pontos negativos continua entre as personagens femininas que não passam de "namoradas" e "donzelas em perigo". Não consigo sentir nenhuma química entre Pug e a esposa. Nenhuma! Nem consigo ver Carline como a mulher impetuosa que é suposto ser - parece-me uma míuda mimada, apenas, e tenho pena disso. 

Atenção, caro leitor, o parágrafo que se segue contém SPOILERS
 
Outro ponto negativo prende-se com a nova ameaça que Midkemia enfrenta. Desta vez não um exército de outro planeta, mas sim algo mais negro e, diria, até imaterial. Se por um lado já se previa que os primos negros dos elfos, os moredhel, dessem problemas, por outro pedia uma razão mais forte do que a "mera" destruição da raça humana. Eu sei que na verdade é uma espécie de genocídio, algo real ainda nos dias que atravessamos, mas... tenho que me habituar a essa ideia para poder ler bem o último livro. 

Apesar disso, gostei do toque mórbido de certos soldados que mesmo mortos se levantavam e continuavam a lutar. Gostei mesmo muito da sensação de perigo que envolveu tais cenas!
Com isto, tenho de dizer que mesmo com os pontos negativos, é um livro de aventuras e gostei da leitura. Estou curiosa com o desfecho da saga. 

Conhecem o livro? Gostaram?
Boas leituras!

Opinião do primeiro volume, "O Mago - Aprendiz"
Opinião do segundo volume , "O Mago - Mestre" 

terça-feira, 3 de maio de 2016

Planos para Maio

Para este mês o plano está facilitado. Como partilhei convosco no último post, continuei a ler "O Mago - Espinho de Prata" inserindo-o na categoria de "livro impingido" do Desafio Inverso de Maio. A leitura tem avançado bem, pelo que o marcador se encontra já a meio do volume.
O Desafio de Clássicos propõe para os dois próximos meses a leitura de "Jane Eyre", de Charlotte Bronte, pelo qual tenho muita curiosidade, e que prefiro iniciar já. Para o Clube de Leitura pensámos em escolher um livro que tenha sido censurado, e a minha escolha recaiu sobre "As Vinhas da Ira", de John Steinbeck, que encontrei nesta lista.

"Os Escolhidos" do mês
Conhecem estes livros? O que pensam ler em breve?
Boas leituras!

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Balanço de Desafios Mensal # 2

Este mês, se bem se recordam, os meus planos para completar os desafios anuais Viagens à Lareira e a leitura do Clube assentaram numa escolha mais cuidada. O certo é que não tenho conseguido completar as duas categorias do Desafio Inverso e foi preferível escolher apenas uma. Por acaso, este mês não consegui acabar de ler "O Mago - Espinho de Prata", de Raymond E. Feist, mas vou conseguir inclui-lo numa categoria de Maio.Está a ser uma leitura recheada de acção e estou a gostar muito mais do que esperava.
O Desafio de Clássicos, pelo contrário, ficou atrasado. Consegui acabar "Anna Karenina", de Tolstoi, logo no início de Abril, porém não li "Orgulho e Preconceito", de Jane Austen, como previsto. Seria uma espécie de releitura, porque já lhe tinha pegado há uns bons anos atrás, mas não retive nada do que li nessa época, só do filme. Há uma semana e pouco, instalei-me no sofá e ainda li dois ou três capítulos, mas não me cativou, tenho que confessar, e tive receio de "embirrar" com o livro. Felizmente, gosto de acreditar que por vezes existe uma época ideal para cada obra. Vou mantê-lo na estante até que me "pisque o olho".
Pelo contrário, "Beloved", de Toni Morrison, foi lido e com muito gosto, para o Clube de Leitura.

E vocês, completaram os vossos desafios literários?

Boas leituras!

terça-feira, 5 de abril de 2016

Planos para Abril

Para este mês não resisti a formular mais um plano de leituras. 
Chegou à estante o livro de contos de Ray Bradbury "Teremos Sempre Paris", através da parceira Editorial Bizâncio, que será uma das prioridades. Como ficou combinado, para o Clube de Leitura há que ler "Beloved", de Toni Morrison, e espero pelo menos, no final do mês, estar já a ler "Orgulho e Preconceito", de Jane Austen, para completar o Desafio de Clássicos.

Prioridades
Para  descontrair este mês estou a planear completar apenas uma das categorias previstas do Desafio Inverso. Entre um livro com a acção localizada na nossa época e um livro de fantasia vou dar preferência à última proposta e provavelmente a minha escolha recairá entre estes dois exemplares:

 
Categoria de Fantasia

 
Continuar a leitura de uma saga que aprecio ou iniciar uma trilogia? Eis a questão...

Já leram algum destes livros? Gostaram? O que planeiam ler este mês?

Boas leituras!

sexta-feira, 1 de abril de 2016

"O Rapaz de Olhos Azuis", Joanne Harris

Se há livros que são um autêntico quebra-cabeças este é um deles.De tal modo que desde que o terminei sinto o cérebro a digerir o que leu, o que leva  a uma pequena pontada na têmpora. Estou a exagerar, mas a verdade é que até a dormir aquele final deve ter aparecido nos meus sonhos. Seja. Gosto muito de sentir esse efeito dos livros. 
Não posso adiantar muito sobre a história, já sabem, mas dou-vos apenas as linhas principais.
"Rapaz dos olhos azuis", ou "blueeyedboy", é uma expressão que pode ser traduzida na nossa língua como "menino da mamã". O protagonista do livro apresenta-se como B.B., ou blueeyedboy, não só pelos seus olhos azuis mas também pela forma como é visto pela mãe, Gloria Green de solteira. Tem dois irmãos mais velhos, Nigel e Brendan, o rapaz de preto e o rapaz de castanho; o taciturno e violento, e o apático. Os três irmãos estão habituados a usar sempre as mesmas cores, um sistema que facilita o tratamento da roupa pela mãe, que atribuiu roupa preta a Nigel, castanha a Brendan e azul a Benjamin. Por estranho que possa parecer, tal opção parece influenciá-los para o resto da vida...
No livro só temos acesso a entradas num site, o badguysrock, criado por B.B., que se descreve como um ser frio e calculista e gosta de escrever sobre os seus crimes. Nas entradas públicas que partilha com os restantes membros, o "exército de ratos" que o bajula, descreve-se na terceira pessoa e relata os problemas em casa desde a infância, o ódio do irmão mais velho e a opressão da mãe; e, claro, os planos de assassínio das senhoras parasitas da localidade. Nas entradas restritas, B.B. fala sobre a realidade. No entanto, qual é a realidade? O que é verdade e o que é mentira? Será mesmo um aspirante a assassino? Ou será tudo fantasia? E no fundo, quem é quem? Quem é a Emily White, a menina falecida a que se fazem tantas referências? E quem é Albertine que também escreve no site - e que também parece ter um elemento de branco no nome ("Alba", ou "Alva")?
As cores são um elemento forte do livro, o que é curioso, numa história tão negra - e obscura. B.B. partilha com o leitor um Dom que o aflige, a sinestesia, já que associa palavras a cores, cheiros e sabores. Isto torna o livro um "cocktail" de sentidos, algo que já é tão próprio de Joanne Harris, que aqui usa e abusa de comparações e consegue até descrever os sentidos de uma personagem invisual.
Neste livro, como leitores somos levados de uma teoria à outra e deixados na ignorância até percebermos a verdade. 
É uma espécie de conto de fadas distorcido e negro, onde há pessoas que foram ou querem transformar-se noutras e onde recordar pode ser perigoso. E no fundo, não é assim que funciona a Internet, onde estamos protegidos pelo ecrã e podemos adoptar a personalidade que quisermos?
Gostei muito. A certo ponto, fala-se sobre jogo de espelhos no livro. Acho uma boa caracterização do próprio livro.

sinopse
Já o conhecem?
Boas leituras! 

quarta-feira, 2 de março de 2016

Plano de leitura para Março


Para Março estes três volumes fazem parte dos meus planos. Para completar o Desafio Inverso estou a pensar ler "A Informadora", de Lindsey Davis, que pressupõe uma série de crimes, e "A Lenda do Cisne", de Jules Watson, que me parece um romance mais carinhoso. Além deles, vou também dedicar-me a "O Indesejado", de Sarah Waters, que chegou hoje mesmo à minha estante com o apoio da Editorial Bizâncio.

Ainda tenho de acabar de ler o "Ana Karenina", de Leão Tolstoi, e de vez em quando leio um conto do "Boleia Arriscada", de Stephen King. Não assim tantas páginas por ler, acho...

E vocês, têm planos de leitura para este mês? Já leram algum destes livrinhos?
Boas leituras!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

"Propriedade", Valerie Martin


 
Sinopse

Este pequeno livro não chega a duzentas páginas, mas consegue ser marcante. É narrado pela protagonista, Manon, a mulher do dono de uma plantação de cana-de-açúcar no Louisiana de 1828. O facto de ser um livro centrado no tema da escravatura contado a partir da perspectiva de uma esclavagista foi o que o tornou tão interessante. Tal deixa o leitor "no olho da tempestade", a par de alguém que foi educado também numa plantação, que desde que nasceu é servido por escravos negros, que assume serem seres de natureza inferior e amoral sem nunca o questionar. Assim, damos por nós a acompanhar a acção a partir da sua forma de pensar, e deparamo-nos com diálogos sobre a venda e o preço de seres humanos como se assistíssemos a um diálogo natural entre vendedores de gado.
Não quero com isto comentar que Manon é uma personagem repulsiva, com quem antipatizamos facilmente. Ela é como é, porque era dessa maneira que a sociedade em que vivia se regulava e termos noção disso consegue dar-nos um murro no estômago.
A protagonista, no entanto, é uma mulher egoísta e infeliz. Vê o marido como um homem grosseiro, com quem mal consegue manter uma conversa ou mesmo qualquer contacto físico, até porque ele tem "o desplante" de manter como amante a própria escrava pessoal da esposa, Sarah. Para piorar a situação da protagonista, não gerou filhos dentro do casamento, mas na relação extra-conjugal, e Manon ainda se vê a braços com as críticas da própria mãe. Se há algo que deseja é ser independente, livre.
Assim, temos em braços duas mulheres que aspiram à liberdade. Porque não podemos esquecer que se os escravos são "propriedade" do dono, também à sua maneira a esposas o é, e mal tem direito a usufruir à sua própria "propriedade". No caso do falecimento de um parente, não ia logo a sua herança parar às mãos do marido, que muitas vezes a podia escoar rapidamente?
No livro, para além da história da protagonista, temos vislumbres sobre Sarah, contados numa espécie de "metatexto", porque a escrava não tem uma voz própria. É nas referências que Manon e outras personagens vão fazendo que percebemos qual é a vontade dela, o que também se torna interessante, porque da mesma forma que os "patrões" não compreendiam o que pensavam os seus "negros", também o leitor é mantido nessa perspectiva.
Achei "Propriedade" um bom retrato da sociedade do local na época e gostei muito da forma como está escrito. Valerie Martin consegue envolver o leitor na atmosfera do lugar apelando aos nossos cinco sentidos de forma que também ouvimos os passos pesados dos batedores nas escadas, e ainda nos presenteia com uma protagonista que nos deixa divididos. Não consegui deixar de sentir compaixão por ela, ao mesmo tempo que torcia por Sarah, por quem Manon fica obcecada.
Recomendo-o!

Já conheciam o livro? Qual é a vossa opinião?

Boas leituras!


 P.S.: Deixo uma pequena curiosidade sobre uma coincidência. Li este livro para completar a categoria de "romance de época" do nosso Desafio Inverso. Planeei ler para completar a segunda categoria, "livro passado no futuro", o "Órix e Crex", de Margaret Atwood. Bem, não é que numa nota final a Valentine Martin dedica este livro a Margaret Atwood? Fiquei atónita! São amigas, pelos vistos...
 

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

"Encantamento", Alice Hoffman

Comecei a ler "Encantamento" com algumas reservas. Para já não li as melhores críticas; depois, desde a "A Espia da Rainha", de Philippa Gregory, que tenho algum receio de ler sobre jovens judias na época da Inquisição. É que o tema não é leve, pelo que temia sentir-me defraudada. É que em "A Espia da Rainha" a protagonista não só era judia como conseguia ver anjos - dois pontos para a fogueira - e, por muito que goste da escritora, custou-me não sentir qualquer empatia com a personagem.

Regressemos a "Encantamento".
Neste livro, que contou para mim como a estreia com Alice Hoffman, acompanhamos Estrella, uma rapariga de 16 anos que vive numa localidade espanhola do Séc. XVI. Tem uma amizade muito especial com a vizinha, Catalina, e vive descontraída até ao dia em que os livros de um judeu são queimados na praça pelos soldados. A localidade contava com uma judiaria e uma mouraria, mas Estrella nunca pensou que a família escondia um segredo. 
No início se estivermos atentos percebemos logo que os deMadrigal são cristãos-novos, judeus convertidos ao cristianismo. Acendem velas em candelabros de prata à sexta-feira e não matam os porcos que criam porque  "preferem comer vegetais", por exemplo. 
Entretanto, a protagonista percebe que as pessoas escondem mais do que aparentam e não conseguimos deixar de nos preocupar com ela.
Gostei do livro pela forma como mostrou o tema e me deixou apreensiva com o destino das personagens. Tem passagens quase "visuais" e conseguiu mostrar os perigos da inveja. Acho que também captou bem a preocupação do povo judeu em manter e passar a própria cultura aos descendentes para que não se perdesse, mesmo que tal tivesse de ser feito às escondidas. 
Ainda assim, o estilo de escrita é muito leve. O livro é narrado na primeira pessoa, transmitindo a inocência de Estrella, o que talvez pudesse interessar a um público mais novo - tenho a certeza de que o ia apreciar muito há uns anos atrás.
Gostava de que o livro fosse mais "consistente". Além disso, não consegui deixar de estranhar o seguinte: a mãe da protagonista lê o futuro nas cartas. Bem, acho que tal não deveria ser aceite pelo avô, devido a algo como as Leis de Noé. Não quero ser "piquinhas", mas...

Pormenores à parte, o livro serve o objectivo de recordar um período negro da História. Lemos algures em "Encantamento" que "o ódio é sempre o ódio" e vale sempre a pena lembrarmos os crimes cometidos em nome da mesquinhez humana para evitarmos que se repitam.


Sinopse

Já o leram? Qual é a vossa opinião?
Boas leituras! 
 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

"A Peregrinação do Rapaz Sem Cor", Haruki Murakami


Sinopse

O que dizer de um livro de Haruki Murakami? É Murakami! 
Desta vez temos um livro sobre a dificuldade de crescer, de atingir a vida adulta. Tsukuru Tazaki pertenceu a um grupo de amigos durante a adolescência, onde sentia que todos se equilibravam. Os restantes membros, dois rapazes e duas raparigas, tinham nomes relacionados com uma cor. Só Tsukuru tinha um nome sem cor, e chegava a sentir-se vazio, sem personalidade, em relação aos outros. Como sempre gostou de estações de comboio abandona a cidade de origem, Nagoia, para estudar engenharia em Tóquio, e um dia, ao regressar a casa, é surpreendido pela rejeição dos amigos. Não querem vê-lo sequer.
Ao longo do livro acompanhamos a "peregrinação" de Tsukuru para perceber porque de um momento para o outro foi colocado de lado por aquelas pessoas de que tanto gostava. Percebemos também que aquela rejeição o marcou de tal forma que tenta não se ligar emocionalmente com as raparigas que conhece, e é Sara, uma amiga especial, que o ajuda a procurar os quatro amigos.
Murakami acaba por nos deixar a reflectir na forma como as pessoas mudam ao longo do tempo, tornando-se, por vezes irreconhecíveis para quem as conhecia antes, como se passassem por uma metamorfose. Será aliás, a "metarmofose" que Tsukuru atravessa quando desiste da ideia de se suicidar uma metáfora para isso mesmo? Da mesma forma, cada um de nós tem gradações de personalidade e, muitas vezes, parece que temos um lado que permanece escondido - dos outros e de nós mesmos.
Adorei o livro, apesar das pontas soltas que ficaram no final, como já é costume do escritor, pelo que o recomendo sem reservas.
E vocês, já o leram? Quais são as vossas teorias?
Boas leituras! 

 

domingo, 3 de janeiro de 2016

Em 2016 há mais Viagens à Lareira!

Começou um novo ano, e com ele, mais desafios. A nível da leitura aqui o Voyage e o Delícias à Lareira uniram-se na criação de mais desafios de leitura Viagens à Lareira. O objectivo, como sabem, passa pela leitura de géneros e autores novos, e pela tentativa da diminuição das pilhas de livros que ainda temos por ler na estante - que, como sabem, é algo que tende a crescer mal viramos costas rumo à "livraria" mais próxima.

Para 2016, são estas as nossas "Viagens à Lareira":

Desafio Inverso

Cada mês compreende duas categorias pelo que podemos escolher um livro que se enquadre apenas numa, ou em ambas. O género e o autor é livre.

Janeiro: um livro do autor preferido / um livro de um autor que desconheces

Fevereiro: um livro passado no futuro / um romance histórico

Março: um livro sobre um ou mais crimes (romance policial/thriller/história verídica, etc.) / um livro sobre um romance “fofinho”

Abril: um livro com a acção localizada na nossa época / um livro com elementos de fantasia

Maio: um livro impingido (emprestado por um amigo; impingido pelo bibliotecário, etc.) / um livro que está na estante há mais de um ano

Junho: um livro de um autor português / um livro de um autor estrangeiro

Julho: um livro passado num país que queres visitar / um livro passado num país que dispensas conhecer

Agosto: um livro para descontrair / um livro para te deixar o coração apertado (história verídica; thriller; terror; drama, etc.

Setembro: um livro sobre algo ou alguém que admiras / um livro sobre algo ou alguém que odeias (verídicos ou fictícios)

Outubro: um livro que te dá medo de ler (terror; número de páginas; clássico, etc.) / um livro que queres muito ler

Novembro: um livro com uma capa que adoras / um livro com uma capa que odeias

Dezembro: um livro escrito há mais de 100 anos / um livro escrito há menos de 100 anos




Desafio Clássicos 

Há muito que queríamos apostar na leitura de clássicos, o que nos levou a criar este desafio, tendo em conta livros que já temos ou que facilmente adquirimos. A leitura de cada um será bi-mensal, e para já propomos a leitura conjunta de:

- "Anna Karenina", Lev Tolstoi;
- "Orgulho e Preconceito", Jane Austen
- "Jane Eyre", Charlotte Bronte;
- "1984", George Orwell,
- "Admirável Mundo Novo", Aldous Huxley
- "A Metamorfose", Franz Kafka

Se os conseguirmos ler rapidamente tornamos a leitura mensal e acrescentamos à lista:

- "O Monte dos Vendavais", Emily Bronte;
- "Madame Bovary", Gustave Flaubert;
- "O Primo Basílio", Eça de Queirós;
- "Amor de Perdição", Camilo Castelo Branco

Se quiserem juntar-se a nós, mas já tiverem lido algum dos propostos podem ler um clássico à vossa escolha.

Espero que gostem das nossas propostas para 2016. Caso estejam interessados em participar podem inscrever-se aqui, no nosso grupo no Goodreads.

Boas viagens à lareira!