sexta-feira, 10 de maio de 2013

"O Nó do Amor", Elizabeth Chadwick


Antes de começar a ler "O Nó do Amor" dei por mim a ler as boas críticas "goodridianas" e da blogosfera e cheguei à conclusão que muitos o apontavam como o romance mais fraco de Elizabeth. Comparando com "O Leão Escarlate" concordo, porque a História não é o ponto central, mas sim um contexto onde as vidas de Catrin e Oliver estão inseridas, neste caso a época da guerra civil que opôs Estêvão a Matilde, um período conturbado que vergou o povo (como qualquer conflito). No entanto, é bastante cativante. Duas pessoas que sofreram no passado com a perda dos seus cônjuges apaixonam-se – quem sabe, com a ajuda de “meias escarlates” -, mas o destino não parece muito de feição para que fiquem juntos. Não Só Oliver Pascal é um cavaleiro importante para a facção de Matilde, em constante perigo, como o marido-supostamente-morto de Catrin aparece, vivo e de boa saúde. E é aqui que as coisas aquecem. É engraçado ver a protagonista feminina a ser tentada por outro homem, e não o contrário, como é habitual.
Foi um livro de que gostei, que me fez sofrer com as personagens, apesar de, por vezes, pensar que tinham a sua sorte bastante facilitada (é o que dá ficar-se nas boas graças do Rei). Há um certo realismo nas personalidades das personagens, que as assemelha a pessoas de carne e osso, com qualidades, defeitos, medos e esperanças.
Tive pena que Richard, o filho ilegítimo do velho rei Henrique de quem Catrin era aia, que sofreu tanto no início da história e parecia uma personagem de tão grande importância, deixasse de ter uma presença marcante ao longo da acção. E também tive pena que Chadwick não impusesse mais suspense na primeira parte do livro em relação ao responsável do ataque a Penfoss, ou ao assassino de uma das damas da condessa Mabile. Foi previsível. Já agora, uma morte de um dos vilões digna de uma telenovela não ficaria mal aqui. Mas pronto.
“O Nó do Amor”, à semelhança de “O Leão Escarlate”, foca o lado feminino da época, dando uma relevância maior ao papel da mulher durante a Idade Média. Neste caso, ficamos a par do dia-a-dia de uma parteira, uma figura que merecia uma dose de suspeição, ao correr o risco de ser apontada como bruxa, mas também de respeito, versada em “assuntos femininos”. Um ponto muito interessante, quando no século XXI o parto continua a ser uma ocasião assustadora, mesmo com assistência médica.
Apesar de não ter providenciado uma leitura viciante, e de me ter arrancado uns bocejos na primeira parte – e alguns revirares de olhos com conversas de alcova – providenciou bons momentos de leitura. Acho que não há nada mais desagradável que sentirmo-nos indiferentes pelo destino dos protagonistas.