Conhecem aquela sensação de vazio depois do final de um livro intenso? Sabem o que é perguntarem "o que achaste" e... não conseguirem responder? Ora aí está o meu retrato depois virar a ultima página de "Kafka à Beira Mar".
Tenho pena que não tenha sido viciante, que tenha demorado algum tempo até se perceber qual é a ligação entre personagens. Os dois protagonistas, aparentemente, nada têm em comum. Nakata é um velhote peculiar "muito pouco brilhante" que conversa com gatos, e Kafka, de 15 anos, foi amaldiçoado pelo pai a cumprir um destino com um toque do mito de Édipo na nossa era. No entanto, as suas histórias caminham lado a lado numa odisseia.
Aqui o destino tem um papel central, ou não tentasse Kafka fugir da maldição; Nakata necessitasse de encontrar algo, mesmo que não compreenda logo "o quê" e "para quê"; e pessoas (ou "coisas") encontradas "por acaso" dessem um empurrãozinho para que as tarefas se concretizem.
Aqui o destino tem um papel central, ou não tentasse Kafka fugir da maldição; Nakata necessitasse de encontrar algo, mesmo que não compreenda logo "o quê" e "para quê"; e pessoas (ou "coisas") encontradas "por acaso" dessem um empurrãozinho para que as tarefas se concretizem.
Foi um livro curioso, como só os deste autor podem ser. Há personagens de personalidades e hábitos muito próprios, como Oshima e Hoshino, que auxiliam os protagonistas, e Saeki, que está alienada da "nossa" realidade. Há coisas sem forma que tomam de empréstimo figuras de marcas de produtos e um - ou dois - assassínios necessários. Mais não digo. Um dos encantos desta obra reside exactamente na sua capacidade de nos surpreender.
Leiam-no e discutam-no com um amigo. Ou com o gato.
Sinopse |