Nos primeiros anos em que tive o blog nunca fiz balanços anuais de leituras. Talvez um pouco por preguiça, a quem eu devia erguer um altar, talvez também porque não sentisse grande necessidade de o fazer.
Este ano é diferente. Acontece que tive a sorte/azar de arranjar um emprego onde pude colocar as leituras em dia e onde leituras mais pesadas puderam ser bem aproveitadas.
Foi também um ano para pensar se valia a pena manter o blogue, já que aquela dita "deusa" nem sempre me dá a vontade de me ligar à internet ou vir escrevinhar qualquer coisa, algo a que me devia dedicar.
Sorte é que tenho um namorado e uma amiga que me incitam a escrever, e lá se renovou o Voyage.
Este cantinho sobre viagens literárias vai também começar a ter publicações de outro teor - nem que seja para o manter activo e me manter entretida.
Tenho estado a publicar a minha opinião das leituras destes últimos meses. Das leituras completas, claro. Acontece que muitas vezes, ou não é o momento certo para lermos certos livros, ou simplesmente, não temos a mínima paciência para o desgraçado e acabei por deixar seis a meio.
Foram eles:
- "Rapariga com Brinco de Pérola", Tracy Chevalier:
O eterno livro a meio. Pego-lhe, gosto do estilo de escrita,
mas depois acho muito triste ler sobre alguém que está sempre a trabalhar.
Levo-o para o trabalho, leio parte na pausa do trabalho e depois acho muito
triste porque a Griet está sempre a trabalhar e a patroa é uma chata. Chatos
dos patrões…Agora que tenho mais tempo livre espero conseguir terminá-lo em breve, porque é um livro que vale muito a pena.
- "A Mãe Terra", Jean M. Auel:
Tem um bom fundo de pesquisa, e tal nota-se. Podemos
aprender aqui muito sobre os nossos antepassados, desde a forma como se
agregavam em comunidades à sua religião, e à forma como “co-habitavam” (ou não)
com os nossos primos Neanderthais. Acho-o muito interessante, mas a
protagonista hoje seria apontada como uma Mary Sue. Tudo bem que sobreviveu
sozinha, e tanto conviveu com os Neanderthais como com o Zelandoni, mas a sério
que ela é que tem sempre de ter as ideias luminosas? É que até é ela quem
domestica um lobo e cavalos, mais ninguém o tinha feito até ali… E, digamos,
que tem passagens um pouquinho aborrecidas. Prefiro lê-lo quando tiver mais
paciência para poder aproveitá-lo melhor.
- "A Um Deus Desconhecido", John Steinbeck:
Outro eterno “a meio”. Gostei do estilo de escrita, gostei
das personagens, do tema, mas chego sempre ao mesmo ponto e perco o interesse.
É mais um que está à espera de um ponto em que o aprecie melhor.
- "Rosa de Inverno", Nora Roberts:
Este tem título de telenovela e uma história comigo de conto de
fadas. Ora então reza assim:
“Era uma vez um livro minúsculo que vivia numa papelaria
algures num recanto de Portugal. Havia uma leitora que por ali estava de
fim-de-semana e, por acaso, não tinha levado livros com ela. A leitora ainda
franziu o nariz ao livrinho, mas o namorado da dita incitou-a a comprá-lo, até
porque custava apenas uma moedinha e ela o podia ler dali a um bocado, caso
ficasse aborrecida ao pé do mar.
A leitora preferiu aproveitar a areia, o sol, o mar e a
companhia do namorado e guardou o livrinho na bagagem. O livro minúsculo foi assim
chamado às suas funções apenas dali a umas semanas, para entreter a sua dona.
A leitora começou a achar alguma piada ao início e ao seu
quê de conto de fadas. Depois, revirou os olhos porque o príncipe do livro
queria logo ali comer uma rainha, e a rainha era muito fria e não estava pelos
ajustes. Depois começam a ser amigos e a leitora ainda ficou com esperança de
que o livrinho acabasse por encerrar uma história bonita. Apesar das passagens
de diálogos de fazer rolar os olhos que por ali habitavam.
Até ao ponto, em que os protagonistas têm uma discussão,
porque a rainha quer que o príncipe, que está debilitado, monte um cavalo porque não
se importa de ir a pé. Manda-o montar porque “sou uma rainha e tu não passas de
um príncipe. Farás o que te digo”. Ao que o príncipe se nega a tal e responde “Sou um homem e tu não passas de uma mulher (…) farás o que te
digo”.
(…. Nora?! Really? )
Depois há por ali uma adaga que aparece porque a rainha se
indigna, mas a discussão passa logo para o tópico de que ele “quer é ir para a
cama” com a rainha e a rainha manda-o ir para a cama com a criada. E a leitora
mandou os protagonistas para um sítio, a escritora para outro e o livrinho
ficou remetido à estante.
Até hoje ninguém sabe se o princípe chegou a ir para a cama
com a rainha, mas segundo algumas páginas desfolhadas continuam em acesa
discussão.”
- "O Beijo dos Elfos", Aprilynne Pike:
Foi-me oferecido por uns amigos, incluindo a querida Di, há uns anos. Adorei o gesto de me oferecerem o livro, ainda mais quando, pelos vistos, contém elfos ou fadas (sorriso rasgado). Comecei a lê-lo numa noite de insónia. O enredo tem a sua piada e pareceu-me promissor, mas não tenho muita paciência para ler sobre aulas na secundária...
- "O Terceiro Anjo", Alice Hoffman:
Deste até estava a gostar. Tem algum mistério e personagens interessantes, que se debatem com algum problema moral. E tem um fantasma. Porque o deixei a meio? Estava na altura a trabalhar num hotel e é estranho ler passagens num hotel quando se está de folga. Manias, digam antes...
Já leram alguns destes? O que acharam?
Por agora tenho estado a ler "Espada que Sangra", de Nuno Ferreira, e "O Físico", de Noah Gordon. Ler vários volumes ao mesmo tempo foi a novidade deste ano. Era um pouco céptica em relação a isso, mas revelou-se muito mais eficaz do que deixar a estante apinhada de livros "a meio".
Para 2015, espero dar despacho a livrinhos que já marinam na estante há um tempinho, e ser tão surpreendida como em 2014. Eu e a Spi, do Delicias à Lareira temos um desafio em preparação. Aguardem notícias!
Boas leituras!