"A
Desumanização" foi o livro que escolhi para ler no contexto do Clube de Leitura
a que me juntei como “primeiro-tenente” da Spi, do Delícias a Lareira. Como vão
poder ler no post dela, a primeira reunião foi bem interessante e a segunda, já
centrada na leitura que cada uma fez de Valter Hugo Mãe, manteve o mesmo nível.
Como qualquer livrólico sabe, se há coisa melhor do que ler um livro, é falar
sobre um livro – ou, no mínimo, conhecer a opinião das outras pessoas sobre
ele.
Preferi só
falar sobre "A Desumanização" depois da reunião do clube aqui no blog, porque se
torna interessante ver como a nossa perspectiva de um livro – ou de um autor - também
pode mudar depois de ouvirmos o que os outros pensam dele. A minha opinião
mantém-se, mas já consigo vê-lo com outros olhos.
É que lê-lo foi uma experiência muito negativa. Muito mesmo. Uma desumanidade
para a minha pessoa, que revirou os olhos de tédio na primeira parte. É
provável que esteja a ser fria, eu sei. O assunto tratado não é fácil de
digerir. Temos uma menina, Halladora, islandesa, que perde a irmã gémea, e não
se sente confortável no mundo sem ela. Halla, no fundo, não sabe existir sem
ela, e estranha o facto de a irmã, já não “existir”. A mãe também não aguenta e
não só se automutila como mutila a filha. Só o pai lhe dá conforto, e depois
Einar, o “maluquinho” da aldeia, com quem inicia relações sexuais.
Bem, na
primeira parte toda a o livro é muito
reflexivo e a atmosfera é sombria, e desconfortável. Não consegui sequer usufruir
da escrita de Valter Hugo Mãe. Só depois na reunião, exactamente quando se
falava sobre a capacidade de os escritores nos fornecerem emoções e como seria
esse o objectivo deles é que dei por mim a aceitar “ingerir” melhor o livro.
Porque os comportamentos descritos são “amorais”. Nem uma mãe devia mutilar uma
filha, nem uma criança devia morrer, nem uma menina de – 12? 13 anos? – deveria
engravidar, certo? Mas no fundo, a aldeia delas também é uma aldeia sem Deus,
porque há muito que não tem um prior. Teremos assim a “desumanização”, onde a
gémea é vista como a “menos-morta” e uma criança é traumatizada até agir quase
como mais um animal?
Na segunda
parte do livro “entram em cena” mais personagens e há mais acção, pelo que no
final consegui apreciar melhor a leitura do livro.
Apesar
disso, tinha acabado a leitura a pensar que era provável que não quisesse
repetir “a dose”, mas depois da reunião do clube fiquei com vontade de ler
outros livros do escritor. Estou curiosa para saber qual será a minha opinião.
Sinopse |
E vocês, já leram este livro?
Boas leituras!