Comecei a ler "Encantamento" com algumas reservas. Para já não li as melhores críticas; depois, desde a "A Espia da Rainha", de Philippa Gregory, que tenho algum receio de ler sobre jovens judias na época da Inquisição. É que o tema não é leve, pelo que temia sentir-me defraudada. É que em "A Espia da Rainha" a protagonista não só era judia como conseguia ver anjos - dois pontos para a fogueira - e, por muito que goste da escritora, custou-me não sentir qualquer empatia com a personagem.
Regressemos a "Encantamento".
Neste livro, que contou para mim como a estreia com Alice Hoffman, acompanhamos Estrella, uma rapariga de 16 anos que vive numa localidade espanhola do Séc. XVI. Tem uma amizade muito especial com a vizinha, Catalina, e vive descontraída até ao dia em que os livros de um judeu são queimados na praça pelos soldados. A localidade contava com uma judiaria e uma mouraria, mas Estrella nunca pensou que a família escondia um segredo.
No início se estivermos atentos percebemos logo que os deMadrigal são cristãos-novos, judeus convertidos ao cristianismo. Acendem velas em candelabros de prata à sexta-feira e não matam os porcos que criam porque "preferem comer vegetais", por exemplo.
Entretanto, a protagonista percebe que as pessoas escondem mais do que aparentam e não conseguimos deixar de nos preocupar com ela.
Gostei do livro pela forma como mostrou o tema e me deixou apreensiva com o destino das personagens. Tem passagens quase "visuais" e conseguiu mostrar os perigos da inveja. Acho que também captou bem a preocupação do povo judeu em manter e passar a própria cultura aos descendentes para que não se perdesse, mesmo que tal tivesse de ser feito às escondidas.
Ainda assim, o estilo de escrita é muito leve. O livro é narrado na primeira pessoa, transmitindo a inocência de Estrella, o que talvez pudesse interessar a um público mais novo - tenho a certeza de que o ia apreciar muito há uns anos atrás.
Gostava de que o livro fosse mais "consistente". Além disso, não consegui deixar de estranhar o seguinte: a mãe da protagonista lê o futuro nas cartas. Bem, acho que tal não deveria ser aceite pelo avô, devido a algo como as Leis de Noé. Não quero ser "piquinhas", mas...
Pormenores à parte, o livro serve o objectivo de recordar um período negro da História. Lemos algures em "Encantamento" que "o ódio é sempre o ódio" e vale sempre a pena lembrarmos os crimes cometidos em nome da mesquinhez humana para evitarmos que se repitam.
Já o leram? Qual é a vossa opinião?
Boas leituras!
Gostava de que o livro fosse mais "consistente". Além disso, não consegui deixar de estranhar o seguinte: a mãe da protagonista lê o futuro nas cartas. Bem, acho que tal não deveria ser aceite pelo avô, devido a algo como as Leis de Noé. Não quero ser "piquinhas", mas...
Pormenores à parte, o livro serve o objectivo de recordar um período negro da História. Lemos algures em "Encantamento" que "o ódio é sempre o ódio" e vale sempre a pena lembrarmos os crimes cometidos em nome da mesquinhez humana para evitarmos que se repitam.
Sinopse |
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