Acho que a minha estreia com Salman Rushdie não poderia ter sido melhor. "Shalimar o Palhaço" foi um daqueles casos em que a leitura se demora para melhor se apreciar e adorei.
Neste romance sobre vingança somos guiados pelo autor às vidas de India, Max, Boonyi e Shalimar, o Palhaço, quatro personagens peculiares ligadas pelo sangue - literalmente. O assassínio de Max Ophuls à porta do prédio da casa da filha, India, é o ponto de partida, um evento que a princípio parece prender-se a questões políticas, mas que acaba por se revelar bem mais pessoal. Através das personagens, somos levados de Los Angeles para França e Caxemira, acompanhando eventos onde as diferenças entre a população ou entre conquistador e conquistado, provocam pontos de tensão até à ruptura.
Achei muito interessante perceber como o autor conseguiu quase metamorfosear questões políticas através das ligações entre os personagens, até porque não há melhor do que aprender enquanto somos bem entretidos - ou vermo-nos obrigados a pesquisar, o que é sempre uma mais-valia. Enquanto isso, o próprio enredo é especial, trágico, ou não fossem as más escolhas de cada um as escolhas de cada ser humano. Quem nunca percebeu que o que procurava estava mesmo à sua frente?
As próprias personagens tocaram-me de uma forma que não esperava. Rushdie tem um toque narrativo tão próprio que temi sentir-me afastada das personalidades de cada um, a princípio, mas o certo é que elas a pouco e pouco entranham-se e de certeza que me vou lembrar delas por uns tempos.
E nem falo do surrealismo que permeia a história. Certas passagens tornam-se encantatórias, e adoro quando isso acontece.
Posto isto, só posso recomendar a leitura de "Shalimar o Palhaço". É um livro que vale a pena descobrir. Através dele temos também passagens pela Resistência Francesa e campos de treino terroristas, numa demonstração de que, no fundo, todos somos iguais. Achamos todos que nós é que estamos certos, e todos queremos liberdade e amor - e para tal somos capazes das piores coisas, tal como Shalimar, o Palhaço.
Acho que os fãs de Yasmina Khadra e Gabriel García Márquez vão gostar...
E vocês, já leram o livro? Qual é a vossa opinião? Digam-me também qual é vossa teoria sobre o final...
Boas leituras!
Achei muito interessante perceber como o autor conseguiu quase metamorfosear questões políticas através das ligações entre os personagens, até porque não há melhor do que aprender enquanto somos bem entretidos - ou vermo-nos obrigados a pesquisar, o que é sempre uma mais-valia. Enquanto isso, o próprio enredo é especial, trágico, ou não fossem as más escolhas de cada um as escolhas de cada ser humano. Quem nunca percebeu que o que procurava estava mesmo à sua frente?
As próprias personagens tocaram-me de uma forma que não esperava. Rushdie tem um toque narrativo tão próprio que temi sentir-me afastada das personalidades de cada um, a princípio, mas o certo é que elas a pouco e pouco entranham-se e de certeza que me vou lembrar delas por uns tempos.
E nem falo do surrealismo que permeia a história. Certas passagens tornam-se encantatórias, e adoro quando isso acontece.
Posto isto, só posso recomendar a leitura de "Shalimar o Palhaço". É um livro que vale a pena descobrir. Através dele temos também passagens pela Resistência Francesa e campos de treino terroristas, numa demonstração de que, no fundo, todos somos iguais. Achamos todos que nós é que estamos certos, e todos queremos liberdade e amor - e para tal somos capazes das piores coisas, tal como Shalimar, o Palhaço.
Acho que os fãs de Yasmina Khadra e Gabriel García Márquez vão gostar...
Sinopse |
E vocês, já leram o livro? Qual é a vossa opinião? Digam-me também qual é vossa teoria sobre o final...
Boas leituras!