Mesmo passado meses depois de lido, é um livro que continua
comigo. Orgulho Asteca é marcante. É um livro que, afortunadamente vale o que
vale tanto como documento daquela civilização, como também pelo seu protagonista. É
memorável!
É daqueles livros tão bons que apetece impingi-lo a toda a
gente e nem sei muito bem como opinar sobre ele, já que não quero dizer demais.
Mas ao mesmo tempo tenho tanto para dizer sobre ele!
Lê-lo foi uma verdadeira lição da História e da organização
social daquele povo – e outros que o rodeavam. Não foi por acaso que Gary Jennings passou 12 anos no México para aprofundar os conhecimentos sobre a cultura asteca. Conseguiu mostrar várias facetas
da sociedade, principalmente através da história de vida de Mixtli, que passou de
aprendiz/estudante a soldado e daí a mercador, com uma paixão pela arte de
escrever - para este povo escrever era uma arte bem física.
Mixtli é um protagonista com uma vida mirabolante e bastante
comovente. Por estranho que possa parecer tanto me fez sentir angustiada ou
chocada, como me fez sorrir e esforçar para não rir à gargalhada.
No livro, Mixtli relata a sua história a padres jesuítas que
são destacados pelo imperador Carlos de Espanha a transecrevê-la para que sua majestade
possa conhecer melhor os astecas. Temos também acesso às cartas exasperadas
que o Bispo, Juan de Zumárraga, envia juntamente com o relato. As reacções dos jesuítas perante o
que ouvem e a sua indignação pelo que são obrigados a transcrever ou quando
Mixtli compara a religião cristã e o catolicismo à religião seguida pelos
astecas são momentos bem cómicos...
Foi uma experiência de leitura fantástica. Emocionei-me quando a vida de Mixtli toma um lado trágico, mas fiquei também
chocada pelo que relata – e pelo que fez - ,mas não conseguiria nunca por o livro de lado. Tem passagens bastantes chocantes,
principalmente para quem não espera que se aborde o canibalismo, e que só
aguardava mutilações e sofrimento para o segundo volume, quando lá chegassem os
espanhóis. Brrr!
No entanto, o que eu quero realmente dizer/escrever é: leiam-no!
Aliás, devorem-no! É muito bom.