terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Dizem que o final de 2014 se aproxima e que certos livrinhos ficaram a meio

Nos primeiros anos em que tive o blog nunca fiz balanços anuais de leituras. Talvez um pouco por preguiça, a quem eu devia erguer um altar, talvez também porque não sentisse grande necessidade de o fazer.
Este ano é diferente. Acontece que tive a sorte/azar de arranjar um emprego onde pude colocar as leituras em dia e onde leituras mais pesadas puderam ser bem aproveitadas.
Foi também um ano para pensar se valia a pena manter o blogue, já que aquela dita "deusa" nem sempre me dá a vontade de me ligar à internet ou vir escrevinhar qualquer coisa, algo a que me devia dedicar.
Sorte é que tenho um namorado e uma amiga que me incitam a escrever, e lá se renovou o Voyage.
Este cantinho sobre viagens literárias vai também começar a ter publicações de outro teor - nem que seja para o manter activo e me manter entretida.
 
Tenho estado a publicar a minha opinião das leituras destes últimos meses. Das leituras completas, claro. Acontece que muitas vezes, ou não é o momento certo para lermos certos livros, ou simplesmente, não temos a mínima paciência para o desgraçado e acabei por deixar seis a meio.

 

Foram eles:

- "Rapariga com Brinco de Pérola", Tracy Chevalier:

O eterno livro a meio. Pego-lhe, gosto do estilo de escrita, mas depois acho muito triste ler sobre alguém que está sempre a trabalhar. Levo-o para o trabalho, leio parte na pausa do trabalho e depois acho muito triste porque a Griet está sempre a trabalhar e a patroa é uma chata. Chatos dos patrões…Agora que tenho mais tempo livre espero conseguir terminá-lo em breve, porque é um livro que vale muito a pena.

- "A Mãe Terra", Jean M. Auel:

Tem um bom fundo de pesquisa, e tal nota-se. Podemos aprender aqui muito sobre os nossos antepassados, desde a forma como se agregavam em comunidades à sua religião, e à forma como “co-habitavam” (ou não) com os nossos primos Neanderthais. Acho-o muito interessante, mas a protagonista hoje seria apontada como uma Mary Sue. Tudo bem que sobreviveu sozinha, e tanto conviveu com os Neanderthais como com o Zelandoni, mas a sério que ela é que tem sempre de ter as ideias luminosas? É que até é ela quem domestica um lobo e cavalos, mais ninguém o tinha feito até ali… E, digamos, que tem passagens um pouquinho aborrecidas. Prefiro lê-lo quando tiver mais paciência para poder aproveitá-lo melhor.

- "A Um Deus Desconhecido", John Steinbeck:

Outro eterno “a meio”. Gostei do estilo de escrita, gostei das personagens, do tema, mas chego sempre ao mesmo ponto e perco o interesse. É mais um que está à espera de um ponto em que o aprecie melhor.

- "Rosa de Inverno", Nora Roberts:

Este tem título de telenovela e uma história comigo de conto de fadas. Ora então reza assim:

“Era uma vez um livro minúsculo que vivia numa papelaria algures num recanto de Portugal. Havia uma leitora que por ali estava de fim-de-semana e, por acaso, não tinha levado livros com ela. A leitora ainda franziu o nariz ao livrinho, mas o namorado da dita incitou-a a comprá-lo, até porque custava apenas uma moedinha e ela o podia ler dali a um bocado, caso ficasse aborrecida ao pé do mar.

A leitora preferiu aproveitar a areia, o sol, o mar e a companhia do namorado e guardou o livrinho na bagagem. O livro minúsculo foi assim chamado às suas funções apenas dali a umas semanas, para entreter a sua dona.

A leitora começou a achar alguma piada ao início e ao seu quê de conto de fadas. Depois, revirou os olhos porque o príncipe do livro queria logo ali comer uma rainha, e a rainha era muito fria e não estava pelos ajustes. Depois começam a ser amigos e a leitora ainda ficou com esperança de que o livrinho acabasse por encerrar uma história bonita. Apesar das passagens de diálogos de fazer rolar os olhos que por ali habitavam.

Até ao ponto, em que os protagonistas têm uma discussão, porque a rainha quer que o príncipe, que está debilitado, monte um cavalo porque não se importa de ir a pé. Manda-o montar porque “sou uma rainha e tu não passas de um príncipe. Farás o que te digo”. Ao que o príncipe se nega a tal e responde “Sou um homem e tu não passas de uma mulher (…) farás o que te digo”.

(…. Nora?! Really? )

Depois há por ali uma adaga que aparece porque a rainha se indigna, mas a discussão passa logo para o tópico de que ele “quer é ir para a cama” com a rainha e a rainha manda-o ir para a cama com a criada. E a leitora mandou os protagonistas para um sítio, a escritora para outro e o livrinho ficou remetido à estante.

Até hoje ninguém sabe se o princípe chegou a ir para a cama com a rainha, mas segundo algumas páginas desfolhadas continuam em acesa discussão.”

- "O Beijo dos Elfos", Aprilynne Pike:

Foi-me oferecido por uns amigos, incluindo a querida Di, há uns anos. Adorei o gesto de me oferecerem o livro, ainda mais quando, pelos vistos, contém elfos ou fadas (sorriso rasgado). Comecei a lê-lo numa noite de insónia. O enredo tem a sua piada e pareceu-me promissor, mas não tenho muita paciência para ler sobre aulas na secundária...

- "O Terceiro Anjo", Alice Hoffman:

Deste até estava a gostar. Tem algum mistério e personagens interessantes, que se debatem com algum problema moral. E tem um fantasma. Porque o deixei a meio? Estava na altura a trabalhar num hotel e é estranho ler passagens num hotel quando se está de folga. Manias, digam antes...

Já leram alguns destes? O que acharam?

Por agora tenho estado a ler "Espada que Sangra", de Nuno Ferreira, e "O Físico", de Noah Gordon. Ler vários volumes ao mesmo tempo foi a novidade deste ano. Era um pouco céptica em  relação a isso, mas revelou-se muito mais eficaz do que deixar a estante apinhada de livros "a meio".
 
Para 2015, espero dar despacho a livrinhos que já marinam na estante há um tempinho, e ser tão surpreendida como em 2014. Eu e a Spi, do Delicias à Lareira temos um desafio em preparação. Aguardem notícias!

Boas leituras!
 


12 comentários:

  1. Fartei-me de rir com o que dizes do livro da Nora. Céus!! Parece uma novela mexicana... Fiquei com vontade de ler só para me rir um bocado.

    Assim de repente acho que só deixei um livro pelo caminho este ano. Mas concordo que muitas vezes somos nós que não estamos com a disposição certa para este ou aquele livro. Como já te disse, estou a dar uma segunda oportunidade ao Vinho Mágico e não sei o que se passa, mas parece que desta vez o estou a tolerar melhor. Continuo a achar estranho e ainda não avancei muito... mas por enquanto tem-se lido...

    Fazes bem e olhar para trás e ver o que se fez em 2014, em relação a leituras. Eu gosto para perceber que género li mais, ou menos. No ano passado reparei que negligenciei os autores portugueses... Eu tenho tanta coisa a dizer este ano que já fiz 2 ou 3 posts sobre o assunto e ainda me faltam uns quantos...

    Temos que tratar do desafio!! Diz-me: quando queres beber um café? Pode ser mesmo de tarde (escusamos de dar seca aos esposos) e tratamos disso.

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    1. Ahaha obrigada, Spi! Sim, é desse género! Boa ideia, ainda to levo para te rires um pouco.
      Muito bem! Lá está, desta vez já lês o Vinho Mágico de outra forma.
      Já reparei que tens andado nos balanços. Pois, agora é que percebo como é interessante. Dá-nos também outra perspectiva do que lemos. Ui, autores portugueses. Acho que o Nuno Ferreira é o primeiro do ano :p
      Vamos lá à assembleia xD (sim, não precisam de se aborrecer connosco)

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    2. Nem imaginas a lista de balanços que quero fazer... Vai dar posts para o mês todo.... Até se vão fartar de mim.

      Eu acho que no ano passado não li nenhum português e por isso era um dos objectivos para este ano. Há dias contei-os, julgo que li uns 6 ou 7. Deve ter sido o unico objectivo que correu bem. Será um dos temas da tal lista de posts.

      Depois vais vendo, se não te fartares entretanto hehe

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    3. Conseguiste alcança-lo, é bom :D e, realmente, os escritores portugueses merecem. Vai ser bom inclui-los no desafio do próximo ano.
      Ahahah devíamos ter criado um selo para o teu mês de balanços, estou a ver :p

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    4. No caso do meu blog não era má ideia! Com tanto post que ainda vai sair... Ou criar uma rúbrica!

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  2. Saudações :)

    Bem tanta coisa por comentar lol mas vamos lá em primeiro lugar saudar que tenhas decidido dar continuidade ao blog, compreendo perfeitamente mais a mais se não temos a disponibilidade de tempo que pretendiamos, mas do pouco que aqui ando penso que é um blog com qualidade, gosto de aqui vir e espero que em 2015 assim continue, tens aqui o corvo para comentar sempre que posso :D

    Por norma não desisto de livros, pois a maior parte das minhas leituras tem a ver com parcerias e tenho mesmo que ler para comentar, mas há aqueles que da vontade, parar reconheço e outros tal como a Spi refere pode ser do momento, pelo que percebo retomou o livro da Joana e agora está a gostar, ainda bem :D

    Só li um livro da Nora Roberts, "A Dama Negra" e devo dizer que gostei eheeheh, mas o que comentas em nada tem a ver com o enredo do livro que li :D

    Não li nenhum dos livros referidos mas tenho muito carinho pela escritora Jean M. Auel, li o primeiro livro da serie os Filhos da terra (penso ser este o nome) e tive pena de não ler os livros seguintes, pois foi uma forma diferente de sabermos da história do homem :)

    Quanto aos objetivos para 2015, já tive uma ideia, se poder participar aqui estarei, mas se não vou acompanhar sem duvida :D

    Bjs e boas leituras :)

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    1. Saudações, Fiacha!
      Obrigada xD fico tão contente! os teus comentários são sempre bem-vindos!
      Pois, no teu caso é diferente, tens mesmo de ter a opinião do livro.
      Ahaha Acredito! Esse da Nora Roberts ainda não li, mas já consegui ler bons livros de que gostei dela, como "As Joias do Sol" ou o "Maléfico". Este ultimo é um pouquinho sombrio e recomendo-o. Este pequenino deve ter sido mesmo um romancezito que ela escreveu para ser apenas um romancezito. Saiu um bocado infeliz :P
      Acho que sim, os Filhos da Terra. Gostava de saber a tua opinião do Mãe Terra. A série não voltou a ser reeditada, pois não? Andei a pesquisar e só encontrei volumes da Europa América caríssimos (e foi uma sorte ainda encontrar desses). Pois, fiquei com ideia que podemos aprender bastante. Tenho que lhe dar nova oportunidade, sem duvida.
      Claro que sim, que podes participar. Até te agradecemos!
      Bjs, boas leituras!

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    2. Para ser só um romancezinho, valeria mesmo a pena publicar? Ás vezes acho que os escritores deviam guardar algumas coisas na gaveta. Desculpa a expressão, mas às vezes parece que querem lucrar com todos os peidinhos....

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    3. O comentário é justo acredita, gosto muito de aqui vir e fico contente que tenhas planos para 2015, muito bom sinal....é bom conviver com malta porreira, alias o melhor que se leva dos blogues, quanto a mim :)

      Esse não li, apenas "O Clã do Urso das Cavernas" penso e foi muito bom :)

      Vamos ver se conseguimos, eu conto fazer tambem umas leituras cinjuntas no cantinho com a presença de escritores vamos ver o que se arranja ehehe

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    4. Pois, SPi, como comentávamos ontem, às vezes mais valia manterem certas coisas na gaveta. Nem que fosse a marinar. É como aqueles casos dos livros publicados por miúdos de 15 anos. Será que têm a mesma qualidade que teriam dali a, no mínimo, 5 anos? Coisas.
      Fiacha, sim, este espírito de companheirismo com quem mantém o mesmo gosto que nós é excelente. Estamos todos aqui para o mesmo. Ainda não aderi às leituras conjuntas porque tenho receio de não conseguir ir acompanhando ou de me apetecer depois por o livro de lado (manias). mas ainda experimento!

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