A cara Spi do Delícias à Lareira desafiou-me a
responder a esta TAG bem interessante, baseada em algumas cartas. Foi criada pela Cláudia, do blog A Mulher Que Ama Livros
e tem perguntas um bocadinho dificeizinhas. Aproveito agora para confessar que, apesar de gostar de colocar perguntas, quando me calha a tarefa de responder fico "gaga", pelo que nem sempre corre bem (suspiro).
Vamos lá a isto, então...
Às de Ouros - Ter muitos livros também pode ser considerado uma boa herança. A quem deixarias os teus livros em testamento?
Tenho duas pessoas em mente – isto partindo do
princípio de que vou falecer velhinha e que devia deixá-las a alguém mais novo
do que eu. Uma é o meu maninho, fazendo figas de que ele cuidaria bem de todos
os livros ao invés de deixar uns na estante e outros empilhados algures a apanhar pó e teias de aranha. Aborrece-se facilmente de ler, não tem ainda o gosto apurado, mas
enquanto não tiver filhos penso sempre nele como o seguinte na “linha de
sucessão” às minhas estantes. Se calhar ainda ia acabar a assombrá-lo, tal a preocupação
com os meus “meninos”...
A outra pessoa é uma prima que, por acaso, tenho em
comum com a Spi. Gosta muito de ler e seria a herdeira ideal de qualquer
leitor.
Dois de Copas - Um casal improvável com bastante em comum. Junta dois personagens de livros diferentes que iriam funcionar como casal.
Esta é bem difícil. Vou ali espreitar as estantes e
já volto. Pausa.
Assim de repente só me lembro da Zozie d’Alba, de
“Sapatos de Rebuçado”, de Joanne Harris, com Lucius, de “Os Pilares do Mundo”, de Anne Bishop. A
Zozie precisa de atenção. Acho-a insegura. Se calhar só precisa de amar e ser
amada. E o Lucius precisa de aprender a amar. O que poderia correr mal?
Sete de Paus - Depois do trabalho árduo, a recompensa. Aquele livro com uma escrita dificil mas super enriquecedora.
Nesta categoria lembro-me de “O Nome da Rosa”, de
Umberto Eco. O livro tem passagens complicadas que requerem uma maior atenção.
Não se lê de ânimo leve, mas ficou comigo e o adjectivo “enriquecedor” define-o
bem. É enriquecedor. Ensina-nos. Vale muito a pena o esforço.
Valete de Espadas - De batalhas é feita a História. Uma passagem descritiva de guerra/ batalha que tenhas gostado de ler.
As passagens de batalhas nem sempre são as minhas
preferidas, mas a que me vem à memória logo decorre no
início de “O Leão Escarlate”, de Elizabeth Chadwick. A cena conta com uma acção heroica da personagem
principal, Sir William Marshal, que na história já tinha idade para estar
sossegado, e é realmente empolgante.
Rainha de Copas - Figura forte e cheia de poder. Revela-nos um livro escrito por uma mulher que tenhas gostado muito.
Se eu pensava que a segunda pergunta era difícil,
agora é que fiquei K.O. Tenho tantos preferidos escritos por mulheres! Tantos!
Talvez destaque “A Senhora da Magia”, de Marion Zimmer Bradley, da série “As
Brumas de Avalon”. É escrito por uma mulher, com elementos acerca do sagrado
feminino. Foi dos primeiros livros “adultos” que li, e a primeira vez que li sobre entidades e rituais de origem celta, pelo que é especial.
O Joker - No jogo, sempre que o Joker aparece o valor das cartas altera-se. Qual foi aquele autor que entrou na tua vida e mudou muita coisa?
Acho que se senti realmente uma mudança foi
depois de ler Gabriel García Márquez. Nunca mais tive medo de ler um livro
depois de ler “Cem Anos de Solidão”. Além disso, li livros dele também numa época em que já pensava no provável futuro profissional ("jornalismo", cof cof) e que reparava em estilos de escrita e na forma como algumas passagens eram descritas. O bom “Gabito” ensinou-me que é melhor escrever com clareza para passar melhor as nossas ideias, do que usar uma mão cheia de metáforas estrambólicas que no fim não dizem nada.
Mostrou-me também como o dia-a-dia pode ter acontecimentos extraordinários e
que não devemos ter medo de ler autobiografias. “Viver para contá-la” foi lido
por mim com muito gosto. Senti mesmo que o conhecia e à sua família. Ah! E
ensinou-me que se podem contar histórias de trás para a frente, ou do meio para
trás. Durante uns tempos foi “o preferido”. Entretanto conheci outros autores,
que hoje me chamam mais a atenção, mas olhando para trás, sinto que demarcou as minhas escolhas de leitura a partir do momento em que comecei a ler os livros dele, além de prestar uma atenção diferente ao que escrevia.
Quem quiser responder a esta TAG está à vontade para "roubar" e responder. Força!
E boas leituras!