Era capaz de apontar este "As Filhas do Graal" como o meu preferido da autora, por me ter agarrado no início, mas como preferi deixá-lo em pausa por umas semanas, fica o segundo preferido.
Ainda assim, é daqueles livros que adoro. Tem um certa dose de misticismo, já que as protagonistas são descendentes de Maria Madalena e transportam capacidades de cura e de Visão, o que me agrada. Além disso, as personagens mantém-se credíveis, como a escritora nos vem a habituar.
De pano de fundo neste romance temos a guerra religiosa que opôs vários senhores franceses, a perseguição dos cátaros, que ficou apelidada como a Cruzada Albigense. O movimento cátaro seguia um ramo cristão muito diferente do que a Igreja Católica vinha a adoptar, já que consideravam que o Deus verdadeiro não lhes permitiria o apego a bens materiais; não ingeriam carne; acreditavam na reencarnação; dispensavam o casamento e, por sua vez, a própria reprodução humana, já que acreditavam que assim aprisionavam um espírito puro neste mundo material, que pertencia ao Deus do Mal. Negavam ainda alguns dogmas da Igreja e, como o número de adeptos crescia, estavam a tornar-se uma "ameaça" à "boa" fé católica. O mesmo de sempre.
Neste romance, Raoul é um senhor católico que se revolta contra o massacre imposto a pessoas com quem lidou durante a sua vida e Bridget, que presta o seu Dom da cura a quem dele necessita, sente um forte ligação com ele. A partir daí há uma série de escolhas das personagens que vão formar um ciclo perfeito no final enquanto tememos o destino deles.
Adorei a forma como o livro está escrito, já que é prestada uma grande atenção aos detalhes da época, desde técnicas de luta às refeições, o que torna a sua leitura um agradável regresso ao passado. Quase se sente o cheiro dos juncos que protegem o chão e o medo de uma batalha - e da fogueira - e acho isso incrível para um livro. Da mesma maneira existem dualidades bem interessantes. Há uma comparação constante entre o Bem e o Mal; o "Deus Católico" e o "Deus Cátaro"; a união de um par de personagens, e a união de outro.
Sei que sou suspeita no gosto por livros destes - época medieval e crítica à acção da Igreja - mas recomendo para quem procura bom entretenimento com História como pano fundo.
Já o leram? Qual a vossa opinião?
Boas leituras!
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