quinta-feira, 22 de outubro de 2015

"O Amante", Marguerite Duras

Deparei-me pela primeira vez com "O Amante" numa das disciplinas de escolha pessoal do meu curso. A cadeira versava sobre a forma como a vida de um artista (escritor, pintor, etc.) poderia ser documentada, fosse em que suporte. Como tal, tivemos acesso a uma listinha de biografias e autobiografias que poderíamos ler, e ainda vimos alguns filmes biográficos.
Sim, vimos o filme "O Amante" durante uma aula. Se por um lado foi constrangedor - quem viu de certeza que ainda se recorda das cenas de nus - por outro foi uma forma de nós próprios sairmos da nossa "infância" e conhecermos uma parte da vida de Marguerite Duras.
Acabei por ficar com curiosidade em relação ao livro, que já tinha adquirido na papelaria do costume, e consegui dar-lhe a oportunidade devida esta semana.

O ponto principal aborda um momento de viragem da vida de Marguerite, a perda da inocência, quando conhece o seu primeiro amante aos 15 anos, numa barcaça que atravessava o rio Mekong, na Indochina de 1929. O homem é filho de um magnata chinês, o que torna a relação proibida entre ambos. Não só a diferença de idades torna o assunto uma fonte de boatos, mas também o facto de provirem de etnias diferentes, naquele país que era então uma colónia francesa.
Foi um livro que me tocou. Para além da história da "menina" e do homem de Cholen, a história é intercalada com outros episódios da vida familiar da autora, que reflecte sobre a mãe controladora e fria, o "irmãozinho" fraco e o irmão mais velho, uma figura que nos apresenta de modo detestável. Não conseguimos deixar de acompanhar o pensamento dela de que a mãe só amava o filho mais velho, e via os mais novos como a mesma entidade. Para além disso, ficamos na dúvida se Marguerite terá amado o "homem de Cholen". Terá sido apenas curiosidade? Um escape numa vida em que nada lhe chegava, onde queria aspirar a mais? Ou amou-o sem se aperceber até ao dia em que teve de deixar Saigão?
O estilo de escrita foi outro dos pontos marcantes do livro. Não tem capítulos, nem existe um relato puro na primeira pessoa. A autora mantém um tom fluído, quase poético - às vezes reflexivo - e chega a falar sobre si mesma, enquanto a "menina" de 15 anos, com o distanciamento da terceira pessoa, o que se torna interessante.


Sinopse

 
Fiquei com vontade de conhecer mais obras da escritora.
Conhecem o livro? Qual é a vossa opinião?

Boas leituras!

6 comentários:

  1. Viva,

    Não conhecia mas fiquei com vontade de conhecer, parece-me muito interessante o livro, gostei do teu comentário ;)

    Bjs

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    1. Olá,
      Este é daqueles que vale a pena :D obrigada!

      bjs e boas leituras!

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  2. Olá!
    Já ouvi falar muito desse livro. Da autora li "O Amor" e gostei. Mais um livro para considerar ;)

    Beijinhos e boas leituras!

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    1. Olá,

      Boa! Espero que gostes :D quero ler mais da autora, assim que puder.

      beijinhos e boas leituras!

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  3. Olá Su!
    Por acaso, nunca li nem sequer vi o filme, apesar de já ter ouvido falar nele. Mas sem saber bem, nunca me "puxou" mas agora depois de ler a tua opinião, fiquei com alguma curiosidade. Talvez um dia lhe dê uma oportunidade ;)
    Beijinhos

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    1. Olá,

      Acho que é daqueles livros que vale a pena, e ver o filme em conjunto pode ser uma boa ideia, até pelos cenário de época. Espero que gostes :D

      beijinhos e boas leituras

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