sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

"A Máquina de Escrever Encantada", John Kendrick Bangs

Dei por finalizado o desafio de Janeiro por duvidar que conseguisse ter tempo para ler mais um romance histórico até ao início de Fevereiro. Quero "atacar" logo os "impingidos", mas isso fica para outro post.
Como tal, preferi pegar num livrinho pequenino que, mesmo assim, ocupasse o meu tempo. A escolha recaiu sobre "A Máquina de Escrever Encantada", um volume obscuro encontrado numa obscura feira do livro pelo "fiancé".
Sobre este livro apenas sabia alguma coisinha - muita pouca - do seu autor que nos é dada pela informação da contracapa. Só sabia que este "The Enchanted Type-Writer" tinha sido publicado em 1899 e que os livros do autor se desenvolvem no mundo do Além.
"Hummm... No Além..." 
Dá que pensar, não é?
Acabou por ser uma boa distração pelas passagens divertidas.
O narrador, cujo nome desconhecemos, encontra um dia uma máquina de escrever antiga no sótão e recupera-a. Coloca-a na sua biblioteca e, qual não é o espanto, ouve a máquina escrever sozinha de madrugada. Acaba por perceber que está a ser usada por James Boswell - advogado e escritor inglês dos finais do séc. XVIII - com quem enceta conversa durante algumas madrugadas. Acontece que Jim, como se autodenomina, é o editor da Gazeta do Estige e gostou de usar aquela máquina em particular para transcrever os seus artigos.
Ao longo do livro sucedem-se  crónicas com relatos de Jim sobre o Hades, onde convivem personalidades históricas e personagens de ficção com vidas "infernais", já que têm de expiar os seus pecados; diálogos com o narrador; e excertos de obras "póstumas", como o excerto de uma nova aventura de Sherlock Holmes já falecido ou a confissão do Barão de Munchhausen de que já tinha vivido na Terra noutras encarnações, como Adão, Noé, Jonas e Shakespeare. Esta última passagem foi a que achei mais divertida... E agora que pesquisei sobre esta personagem, que é uma grande mentirosa, é que apreendi bem a piada.
Todo o tom do livro é irónico e fiquei com a ideia de que, muitas vezes, o autor também aproveita para criticar ou brincar com outros assuntos, como a política - ou César, Cromwell e Washington não tivessem pedido uma constituição ao Diabo e há rumores de que o Hades se pode tornar numa república -, a emancipação feminina - como quando se refere que Xantipa, a mulher de Sócrates, ia dando cabo do negócio da Gazeta do Estinge ao partilhar a sua visão sobre a igualdade dos géneros -  ou, até, o golfe. 
No fundo, experienciei uma leitura diferente. Não sabia bem ao que ia e acabei por gostar.



Sobre o autor

Já leram este livrinho? O que acharam? Boas leituras!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

"Madre Paula", Patrícia Muller


O primeiro livro do primeiro desafio de 2015 foi "4 estrelas". Para já, o tema despertava-me em muito o interesse. "Madre Paula" é sobre uma das amantes de D. João V, que era freira (como tantas outras). Não parece estranho que uma "monja" possa ser amante de alguém, quanto mais do próprio rei? Acabei por perceber que não era assim tão irreal.



Paula Tereza da Silva entrou para o mosteiro de Odivelas, não por sentir algum algum apelo divino, mas pela força das circunstâncias, já que o pai empobreceu e não conseguia sustentá-la nem à irmã, Luz. Por não terem posses eram olhadas de lado pelas freiras de boas famílias - ou de boas relações - que levavam vidas de luxo dentro daquelas paredes. E mais não conto, porque é esse o "rastilho" para a história.
Gostei muito do livro. Levou-me a pensar na tarefa dos conventos e mosteiros que, muitas das vezes, não eram mais do que "asilos" para onde se despejavam que não conseguia sobreviver - nem que convinha viver - no "mundo de fora".
Apresentou também um pouco do que seria o ambiente de Lisboa da época e parte dos problemas que o país atravessava. O famoso ouro do Brasil suportava apenas uma elite, como bem sabemos...
Em relação às personagens principais gostei que fossem apresentados de uma forma tão humana. O João, como Paula lhe chama, chega muitas vezes a ser detestável, apesar do amor que partilham um pelo outro. E a protagonista parece gostar de se sentir poderosa, seja sobre um homem ou sobre qualquer "irmã" que a importune. Achei curioso que sentisse tantos cíumes da rainha e se sentisse sempre uma "rameira" apesar de saber que era amada. Coisas... Da mesma forma, também somos levados a pensar que Paula apenas foi amada verdadeiramente pela Luz, que sempre a protegeu. Se João gostava tanto dela porque precisava da companhia de outras, não é?
Outro aspecto que me captou a atenção neste livrinho foi o estilo de escrita, tão intimista. Por momentos parece que se ouve a própria voz de Soror Paula, o que nos aproxima muito dos sentimentos da protagonista. 
Gostei muito e recomendo.
 
E vocês, já o leram? O que acharam?

The Hobby - #2

 "Teardrop" - Massive Attack



Na semana anterior não publiquei nada no "Voyage" porque consegui ir até outras paragens e relaxar um pouquinho. Esta poderia ter sido a banda sonora.
É tão bonita xD

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Balanço 2014

Sei que já venho um pouco tarde nesta questão dos balanços de leitura, mas agora é que surgiu o momento de partilhar convosco o meu ano. Ainda por cima, quando 2014 foi tão favorável a nível de "descobertas" literárias.

Voltei a ler livros de fantasia e a gostar da sensação de alienação do nosso mundo. Em destaque neste género ficam "O Mago", de Raymond E. Feist, "Os Pilares do Mundo", de Anne Bishop, e "Espada que Sangra", de Nuno Ferreira. O primeiro marcou o meu regresso à fantasia; o segundo tem elementos que adoro e é daqueles livros que ainda se mantêm comigo; o terceiro foi uma boa surpresa - fosse este post uma gala de prémios e ganhava o "prémio revelação".
A nível do género que costumo apontar como o meu preferido, o romance histórico, é o "Orgulho Asteca", de Gary Jennings, o que fica no meu pensamento. Já "A Espia da Rainha", de Philippa Gregory, uma das escritoras que mais prezo, ficou aquém das expectativas, infelizmente.
Como referi, este foi um ano de surpresas. Dos livros que há tanto tempo aguardavam na estante fiquei muito, mas muito agradada com "Escritos Secretos", de Sabastian Barry, a par de "Temor e Tremor", de Amélie Nothomb. Não estava à espera de gostar tanto deles, mas o certo é que fiquei tocada pela história comovente e estilo de escrita do primeiro, e, no caso do segundo, pela forma como a acção foi descrita, já que se baseia numa experiência verídica da autora.
"A Ignorância", de Milan Kundera, foi um dos que superou qualquer expectativa. É um mestre. Ponto.
"A Paixão de Emma", de Charlotte Bingham, foi um bom entretenimento, porém, poderia ter sido muito melhor. Um pouco à semelhança do "Em Busca do Carneiro Selvagem", de Haruki Murakami, ou "O Príncipe da Neblina", de Carlos Ruiz Zafón. Não foram dos melhores que li dos escritores, mas lá matei saudades dos livros deles.

Destes livros lidos ainda me faltam publicar algumas opiniões no blog, algo que assim que puder faço. Prometo!

Deste livrinhos já leram algum? O que acharam?
Boas leituras!

The Hobby - #1

"Bittersweet Symphony" - The Verve




Porque é linda. Porque combina com chuva. Porque it's a bittersweet symphony, this life /Try to make ends meet / You're a slave to money then you die.

Ou, por outras palavras, porque é uma chatice passarmos por esta vida a contar os tostões para tudo e para nada.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Novas rubricas a caminho

Como o título deste post indica, parece que vêm novas rubricas a caminho do Voyage. Isto porque já vinha há uns tempos a planear falar de música, filmes e séries, mas ainda não tinha decidido como.
Não sei se a vinda da chuva ou uma iluminação interior súbita teve algo que ver com as novas ideias que se formaram. Certo é que tambem tenho o objectivo de tornar as publicações deste blog mais regulares. Portanto, tenho todo o prazer em anunciar que, pelo uma vez por semana, - devia assinar um contrato comigo mesma para isto seguir em frente - vou/quero publicar as seguintes rubricas:
  •   "The Hobby" - onde vou falar sobre a música que caracteriza a semana; ou uma música especial; ou, até, aquela canção irritante que não sai da cabeça. E, é claro, mais tarde  explico porque apelidei desta forma este conjunto de posts.
  •  "Quem diria!" - nunca se sentiram surpreendidos com algum aspecto de um filme que tenham visto? De vez em quando acontece. A minha ideia é falar sobre algum aspecto positivo ou negativo que eu não esperava num filme ou episódio de série que esteja a acompanhar.
Espero que gostem...

Até lá, desejo-vos boas leituras!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

A Mafaldinha do Quino é que tem razão

 


O nosso mundo é um desastres. E “aqueles” cobardes são das pessoas que habitam este mundo louco em vivemos quem me faz mais confusão.
Já sabíamos que têm medo de crianças. Têm medo das meninas que aprendem a ler e dos miúdos que sigam alguma religião um nadinha diferentes da deles.
Sentiram-se ofendidos com os cartoons do seu bem-amado profeta. Compreende-se a ofensa, mas não se percebe a reacção.
Pelos vistos, estes cobardes até de um desenho têm medo.
 
É nestes momentos que gostava de ser mesmo religiosa e de acreditar com fervor numa entidade protectora. Porque assim poderia escrever com toda a certeza que sim, que eles têm razão: “Deus é Grande”. E não deixa cobardes destes impunes.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Viagens à Lareira 2015 - Janeiro

 
Vamos lá então dar início ao desafio literário de 2015!
Para este mês o desafio consiste em ler pelo menos um romance histórico. Por acaso, é dos meus géneros literários de eleição. Gosto de ler sobre outras épocas - e se meter rainhas e uma conspiração ainda melhor.
Eu bem tentei fazer suspense e não dizer logo à Spi qual é que ia ler, mas já escolhi o primeiro de Janeiro (e confesso que comecei a ler ontem, porque não resisti às primeiras páginas). É claro que tive de contar à minha amiga, até porque no último chazinho de 2014 lhe tinha falado deste.
 
O prioritário foi, portanto, o "Madre Paula", de Patrícia Muller. É sobre uma das amantes de D. João V, o nosso "Rei Sol", a Madre Paula, uma freira do convento de Odivelas. É estranho pensar que as freiras, "noivas do Senhor", afinal não tivessem uma vida tão "monástica". Enfim, coisas estranhas... Certo é que gostei do estilo de escrita e o livro promete.
 
 
Se tudo correr bem - ou seja, se conseguir ler mais romances históricos este mês - as minhas escolhas decerto que vão recair num destes:
 

 
 
E vocês, se seguirem este desafio, qual vão escolher? Já leram algum destes livrinhos? O que acharam?
Boas viagens à lareira!



segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

"Espada que Sangra", Nuno Ferreira


Este livro foi a minha última leitura de 2014 e não poderia ter acabado melhor o ano. Foi uma revelação mesmo muito agradável!
“Primeiro estranha-se e depois entranha-se” poderia ser o mote para este livro, já que foi mais ou menos isso que se passou durante a minha leitura. Mas vamos por partes.
Fiquei com grandes expectativas vindas da opinião da Spi e do Fiacha. Quando comecei a ler, fiquei viciada. Depois, algures a meio, perto das cenas passadas numa aldeia de “meio-curvados”, senti-me um bocadinho aborrecida. No entanto, há uma reviravolta e já li até ao fim com maior satisfação. É que não há grandes pontas soltas! E todas as personagens secundárias que aparecem são de alguma forma relevantes para a história, ou estão ligados aos protagonistas, o que se tornou surpreendente e muito interessante.
Gostei muito e dou toda a força para que esta saga continue a ser publicada. Espada que Sangra foi um bom primeiro livro e, acima de tudo, um bom primeiro livro para início de uma saga. Tem potencial.
Acima de tudo, e mesmo sendo fantasia épica (acho que é assim que o poderíamos categorizar), é um livro com credibilidade. A História e os acontecimentos relatados parecem reais, tal como a maioria das personagens o parecem ser. Por muitos músculos que os guerreiros de Welçanthia tenham e muito curvilíneas sejam as mulheres, as personagens estão bem construídas. São verossímeis.  Sabemos quais são os seus objectivos e ao mesmo tempo os seus medos, e sentimos a sua ambição, mas também insegurança.
Aliás, é a credibilidade do mundo criado pelo autor um dos pontos fortes do livro. Senti que podia existir, o que também advém da forma como vai apresentando a História de Terra Parda. Temos lendas, relatos de batalhas e, até, por vezes sabemos o nome do arquitecto encarregue da reconstrução de um dos palácios. Temos até religião credível.
Também gostei das raças humanas presentes naquele continente, como os Hurkk, e, claro, os meus preferidos, os “el’aks”, cujo “presente” colonialista foi bem construído.
Outro ponto a favor da minha opinião positiva vai para o estilo de escrita, pelo seu vocabulário vasto.
O ponto negativo vai mesmo para uma das cenas a meio do livro, com a demanda de Hymandher e a chegada a uma certa aldeia de meio-curvados que achei mais cliché.
De qualquer forma, Nuno Ferreira está perdoado. Já disse que tem potencial? Venham lá então os próximos volumes.
 

 
P.S.:Tenho de agradecer à Spi esta prenda de Natal tão boa e de agradecer ao Nuno pelo autógrafo tão gentil. Obrigada!

Desafio literário 2015 Viagens à Lareira


Têm uma estante cheia de livros repleta de livrinhos por ler? Não gostam de escolher livros à sorte, mas têm vontade de se sentir desafiados? O Delícias à Lareira e o Voyage têm a solução ideal para vocês:
O desafio literário 2015 Viagens à Lareira!


Durante o próximo ano, todos os meses, têm de ler pelo menos um dos livrinhos impostos pelo nosso desafio. Juntem-se a nós! Agarrem este selo!
Ora, “e quais são os desafios?” perguntam vocês. Pois muito bem, abaixo deixo a listagem mensal que define cada um.
Janeiro – Romance Histórico;
Fevereiro – Livro impingido ou comédia: no meu caso e no da Spi, por vivermos perto, vamos impingir/emprestar livros uma à outra, selecionando-os de uma lista de 3 ou 4. No caso de quem se juntar a nós podemos votar de uma lista selecionada pelo leitor ou, o leitor pode ler um livro mais cómico, sendo este o mês do Carnaval.
Março – Policial
Abril – Contos: neste mês a ideia é ler pelo menos 1 conto de um autor selecionado pelo próprio leitor
Maio – Fantasia
Junho – Leitura conjunta do mesmo autor: selecionaremos livros diferentes do mesmo autor e iremos compará-los
Julho – Autor português: seja um novo autor ou um clássico, o importante é ser “um bravo lusitano”
Agosto – Thriller
Setembro – Novo autor: porque nunca é tarde demais para se descobrir um autor nunca antes lido
Outubro – Romance
Novembro – Terror
Dezembro – Clássico
 
O que acham deste desafio? Caso se queiram juntar a nós estejam à vontade para copiar o selo (gentilmente feito pelo meu “fiancé”) para o vosso blog e não se esqueçam de seguir a página de Facebook do Delícias à Lareira onde as novidades serão publicadas.
 
Boas viagens à lareira!