Dei por finalizado o desafio de Janeiro por duvidar que conseguisse ter tempo para ler mais um romance histórico até ao início de Fevereiro. Quero "atacar" logo os "impingidos", mas isso fica para outro post.
Como tal, preferi pegar num livrinho pequenino que, mesmo assim, ocupasse o meu tempo. A escolha recaiu sobre "A Máquina de Escrever Encantada", um volume obscuro encontrado numa obscura feira do livro pelo "fiancé".
Sobre este livro apenas sabia alguma coisinha - muita pouca - do seu autor que nos é dada pela informação da contracapa. Só sabia que este "The Enchanted Type-Writer" tinha sido publicado em 1899 e que os livros do autor se desenvolvem no mundo do Além.
"Hummm... No Além..."
Dá que pensar, não é?
Dá que pensar, não é?
Acabou por ser uma boa distração pelas passagens divertidas.
O narrador, cujo nome desconhecemos, encontra um dia uma máquina de escrever antiga no sótão e recupera-a. Coloca-a na sua biblioteca e, qual não é o espanto, ouve a máquina escrever sozinha de madrugada. Acaba por perceber que está a ser usada por James Boswell - advogado e escritor inglês dos finais do séc. XVIII - com quem enceta conversa durante algumas madrugadas. Acontece que Jim, como se autodenomina, é o editor da Gazeta do Estige e gostou de usar aquela máquina em particular para transcrever os seus artigos.
Ao longo do livro sucedem-se crónicas com relatos de Jim sobre o Hades, onde convivem personalidades históricas e personagens de ficção com vidas "infernais", já que têm de expiar os seus pecados; diálogos com o narrador; e excertos de obras "póstumas", como o excerto de uma nova aventura de Sherlock Holmes já falecido ou a confissão do Barão de Munchhausen de que já tinha vivido na Terra noutras encarnações, como Adão, Noé, Jonas e Shakespeare. Esta última passagem foi a que achei mais divertida... E agora que pesquisei sobre esta personagem, que é uma grande mentirosa, é que apreendi bem a piada.
Todo o tom do livro é irónico e fiquei com a ideia de que, muitas vezes, o autor também aproveita para criticar ou brincar com outros assuntos, como a política - ou César, Cromwell e Washington não tivessem pedido uma constituição ao Diabo e há rumores de que o Hades se pode tornar numa república -, a emancipação feminina - como quando se refere que Xantipa, a mulher de Sócrates, ia dando cabo do negócio da Gazeta do Estinge ao partilhar a sua visão sobre a igualdade dos géneros - ou, até, o golfe.
No fundo, experienciei uma leitura diferente. Não sabia bem ao que ia e acabei por gostar.
Sobre o autor |
Já leram este livrinho? O que acharam? Boas leituras!