Em "Uma Casa de Família" Elise Landau é uma jovem judia austríaca que, para escapar da ocupação nazi, é enviada para Inglaterra. Irá servir como criada em Tyneford, uma casa de campo de uma família inglesa antiga. Os pais de Elise pertencem ao círculo artístico de Viena, e a jovem, que cresceu num ambiente privilegiado, vê-se numa situação difícil. Não só tem de lidar com a dureza de um trabalho a que não estava habituada, enquanto sente saudades da família, como na verdade não pertence a nenhum dos lados da casa. Não é realmente um dos empregados, mas também não é uma hóspede de alguém com quem eventualmente se cruzaria durante a sua antiga vida. Ainda assim, Kit Rivers, o filho do patrão, não deixa de simpatizar com ela e criam uma amizade especial.
Com esta premissa, o livro teria tudo para me agarrar, mas, infelizmente, a nível de "enredo" - se é que se pode dizer que tal existe a meio do livro - desiludiu-me. No entanto, vamos por partes.
A acção decorre numa época conturbada, e ler sobre alguém refugiado noutro país com poucas ou nenhumas notícias da família dói. Além disso, a guerra é capaz de alcançar mesmo o "refúgio campestre" que é aquela zona, e foi interessante ler sobre o dia-a-dia dos que aguardam pelo desenvolvimentos do conflito, enquanto se identificam acontecimentos como o resgate dos soldados de Dunkirk pelas embarcações inglesas
Gostei dessa ambientação de época e da voz narrativa de Elise. Natasha Solomons não é a querida Kate Morton, mas há que valorizar o esforço que fez para Elise nos contar a sua história e descrever a paisagem idílica de Tyneford. Só o primeiro parágrafo do livro é fantástico.
À parte isto, enquanto lia o livro não consegui colocar de lado a sensação de algo de errado se passava. Ou melhor, algo de "forçado".
Para já, vamos sendo lembrados ao longo da leitura de que não estamos a lidar uma história feliz. Há sempre ali uma iminência de tragédia, mas tanta antecipação retirou o efeito surpresa quando a desgraça ocorreu de vez. Pelo menos, comigo foi o que aconteceu, porque ler acontecimentos imaginados por Elise que sei estarem ali apenas para baralhar um pobre leitor nem sempre resulta à segunda ou terceira vez...
Depois, senti-me aborrecida durante a leitura da segunda metade do livro, e não me parecia ser o suposto. Entretanto, quase no final percebi qual era o meu problema com ele. É o "enredo". Ou seja, até meio do livro, a protagonista vai reagindo aos acontecimentos que a rodeiam e toma decisões que têm consequências - o que é esperado de qualquer protagonista, de qualquer história - e de facto fui impelida a ler, pois existia "uma história". Depois, simplesmente, "coisas acontecem", cenas do dia-a-dia aparecem, Elise lá vai tomando as suas decisões - do género de preparar um baile ou levar o almoço ao senhor Rivers - e pronto.
Eu sei que é suposto o livro tratar sobre um romance, e não um mistério ou uma aventura. Por isso, é provável que o problema seja meu. Chegar ao final de uma sucessão de cenas só para ver se a protagonista se casa, ou com quem se casa, nem sempre me compele a ler - sem outro tipo de "plot" a envolver o casalinho, então, costumo achar dispensável - e a verdade é que o final me foi previsível. Bonito, sim, principalmente depois de me forçar a ignorar a sensação de "estranheza" sobre uma certa ligação amorosa que achei só "esquisita", mas previsível.
Com muita pena minha, "Uma Casa de Família" desiludiu-me, e acabei de o ler com a sensação de alívio de quem vê um cliente demasiado falador a sair da loja.
Sinopse |
E vocês, já leram o livro? Qual foi a vossa opinião?
Boas leituras!
Olá Sua,
ResponderEliminarJá li este livro há algum tempo, mas lembro-me de ter gostado bastante.
Pena que não gostaste.
Um beijinho
Olá, Isaura,
EliminarTambém tive pena, tinha uma ideia diferente dele e estava à espera de gostar. Enfim, acontece, mas até estranho ter opiniões tão diferentes das vossas.
beijnho e boas leituras