quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

"O Leão Escarlate", Elizabeth Chadwick

Há neste mundo um tipo de livro que é tão bom que me deixa sem palavras. Não que este tenha sido uma paixão à primeira vista. Quantas vezes o tentei ler? Umas duas. À terceira foi de vez.
Isabel e Wiliiam Marshal, baseados em personagens da História de Inglaterra, pareciam-me demasiado nobres, o típico casal modelo com a família perfeita, mas ao longo do livro mudei de ideias. São apresentados como humanos, com as suas dúvidas, os seus defeitos. William, dividido entre o dever à família e o dever ao Rei João, e Isabel em permenente sobressalto e encarregue de gerir propriedades sempre que o marido parte em campanha. As personagens chamaram-me a atenção, mas o estilo de escrita da autora é que me deixou fã. É quase cinematográfico. Pormenores históricos, ficção e descrições de ambientes entrelaçam-se e, por momentos, senti-me "dentro" do livro.
Recomendo e muito para os amantes de bons romances históricos.

Boa viagem!
 

Sinopse:

A coragem e lealdade de William Marshal como cavaleiro ao serviço da casa real inglesa foram recompensadas com a sua união a Isabelle de Clare, uma rica herdeira de propriedades na Inglaterra, Normandia e Irlanda.
Mas a segurança e felicidade do casal são destruídas quando o rei Ricardo morre e é sucedido pelo irmão João, que toma os filhos de Marshal como reféns e apropria-se das suas terras. O conflito entre os que permanecem leais e os que se irão revoltar contra as injustiças ameaça destruir o casamento de William e Isabelle e arruinar as suas vidas. William terá que optar por um caminho desesperado que o poderá levar à governação do reino. E Isabelle, receando pelo homem que é a luz da sua vida, terá que se preparar para enfrentar o que o futuro lhes reserva.


Edição/reimpressão: 2
Páginas: 448
Editor:Edições Chá das Cinco
ISBN:9789898032478
 
 


quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

"A Árvores dos Segredos", Sarah Addison Allen

Que desilusão... Teria expectativas demasiado elevadas para este livro? Talvez. O que é certo é que me desiludiu (menina Allen, que raio lhe aconteceu?).
Lê-se bem, a história até é interessante, o início é fantástico, mas é um livro "forçado". A relação entre os protagonistas é forçada. Willa e Colin encontram-se por acaso e "puff", ela sente-se desconfortável. Diálogos e interacção mostram-se forçados - já entre Paxton e Sebastian parece mais natural.
A história obscura por detrás - ou por baixo - do pessegueiro da mansão é apelativa, mas podia ter sido mais desenvolvida. Era a parte forte do livro, que lhe prestava a magia a que a autora me habituou. No fundo, este foi um livro sobre 4 pessoas que confrontam a pessoa que foram no secundário e a pessoa que realmente são - dejà vu.
As próprias personagens secundárias, que costumam dar um brilhozito aos outros títulos de Sarah Addison Allen não eram tão brilhantes quanto isso. E voltamos a ver/ler uma mãe dominadora - começa a tornar-se repetitiva.
Em suma, as expectativas para este "A Árvore dos Segredos" foram elevadas, mas  até pode ser uma boa leitura de verão, simples e com um misteriozito.
 
P.S.: Temos um vislumbre de Claire, a cozinheira mágica do "Jardim Encantado", e da sobrinha Bay!
 
Boa viagem!
 
 
 
Sinopse:

Sarah Addison Allen dá-nos as boas-vindas a uma nova povoação: Walls of Water, na Carolina do Norte, onde os segredos são mais espessos do que o nevoeiro das famosas quedas-dágua da cidade, e as superstições são, de facto, reais.
Willa Jackson vem de uma antiga família que ficou arruinada gerações antes. A mansão Blue Ridge Madam, construída pelo bisavô de Willa durante a época áurea de Walls of Water, e outrora a mais grandiosa casa da cidade, foi durante anos um monumento solitário à infelicidade e ao escândalo. Mas Willa soube há pouco que uma antiga colega de escola a elegante Paxton Osgood - da abastada família Osgood, restaurou a Blue Ridge Madam e a devolveu à sua antiga glória, tencionando transformá-la numa elegante pousada. Talvez, por fim, o passado possa ser deixado para trás enquanto algo novo e maravilhoso se ergue das suas cinzas. Mas o que se ergue, afinal, é um esqueleto, encontrado sob o solitário pessegueiro da propriedade, que com certeza irá fazer surgir coisas terríveis.
Pois os ossos, pertencentes ao carismático vendedor ambulante Tucker Devlin, que exerceu os seus encantos sombrios em Walls of Water setenta e cinco anos antes, não são tudo o que está escondido longe da vista e do coração. Surgem igualmente segredos há muito guardados, aparentemente anunciados por uma súbita onda de estranhos acontecimentos em toda a cidade.
 
Edição/reimpressão:
Páginas:280
Editor:Quinta Essência
ISBN:9789898228567

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

"1Q84 - Volume 3", Haruki Murakami

 
Foi com alívio que li a última linha desta trilogia. Isto por duas razões. Não só estava desejosa de ler o desenlace, como estava desejosa de acabar de ler o terceiro volume. É um pouco aborrecido. E repetitivo.
Para além de páginas e páginas com informação que já conhecemos, temos a inclusão do ponto de vista de Ushikawa, o investigador de aspecto peculiar - ou "Cabeça-de-Abóbora" - que nos dá... páginas e páginas de informação já conhecida. Dei por mim a perguntar: mas porque raio precisamos do olhar desta personagem? Ok, perto do final percebe-se porque está lá. Acaba por prestar um papel muito importante. E acabei por ter pena dele.
Aliás, nos capítulos finais, perdoei Murakami. Perdoei-o pelo tempo de ansiedade - Tengo e Aomame tão perto e tão longe - e de bocejos passado, tal como a a portagonista parece perdoar a sua religião, mesmo tornada numa espécie de "Virgem Maria" (Ups! deveria escrever isto?). Foi uma boa história, com uma atmosfera muito própria. Gostei. Acho que vou ter saudades de "1Q84" num futuro próximo...

Boa viagem!

 
Sinopse:
 
O Livro 3 revela o estilo forte e truculento de uma personagem única, Ushikawa de seu nome. A par de Tengo e Aomame, a voz da Ushikawa ecoa nas páginas do terceiro volume de 1Q84 e provoca as reações mais intensas. Amem-no ou detestem-no, mas deixem-no entregue à sua sorte. Tengo e Aomame continuam sem saber, mas aquele é o único lugar perfeito no mundo. Um lugar perfeitamente isolado e, ao mesmo tempo, o único que escapa às malhas da solidão.

Este mundo também deverá ter as suas ameaças, os seus perigos, claro, e estar cheio dos seus próprios enigmas e de contradições. Mas não faz mal. A páginas tantas, é preciso acreditar. Sob as duas luas de 1Q84, Aomame e Tengo deixam de estar sozinhos... Inspirado em parte no romance 1984, de George Orwell, 1Q84 é uma surpreendente obra de ficção, escrita de forma poderosa e imaginativa - a um tempo um thriller e uma tocante história de amor.

Murakami continua a provocar o espanto e a emoção, comunicando com milhões de pessoas de todas as idades, espalhadas pelo mundo inteiro. Ao pousar este livro, quantos leitores não se sentirão desafiados a ver o mundo com outros olhos?

 
Edição/reimpressão:
Páginas:520
Editor:Casa das Letras
ISBN:9789724621081



"A Estranha Viagem do Senhor Daldry", Marc Levy

Esta foi uma leitura viciante, ou não fosse acompanhada por um toque de mistério ao longo dos capítulos. Neste livro acompanhamos a viagem de Alice e do sr. Daldry a Instambul, e não só...
Alice é uma rapariga com um dom: é um "nariz". Para esta personagem londrina, o sentido mais importante é o olfacto e mantém a sua rotina entre a criação e o estudo dos seus perfumes, e as saídas com o grupo de amigos. Até ao dia em que uma vidente prediz que necessita de viajar até à Turquia para encontrar o homem que mais contará na sua vida...
E foi neste ponto do livro que me surgiram algumas perguntas. Será que devia dar ouvidos a uma mulher que nunca viu na vida? Não será isto demasiado lamechas? Aliás: será que Alice sabe quem é, na realidade?
O sr. Daldry, o vizinho solitário que pinta quadros com cruzamentos, financia a viagem e acompanha-a, dando azo a algumas gargalhadas. É talvez a personagem mais marcante. É excêntrico, com atitudes inesperadas que só mais tarde compreendemos (e deixo a nota para as cenas em que interage com Can, o "melhor guia de Instambul").
Foi um livro de que me agarrou e recomendo-o. A história é original e a acção desenrola-se sem tempos mortos. Fiquei com vontade de conhecer melhor a obra de Marc Levy.
 
Boa viagem!
 
 
 
Sinopse:
 
«Há duas vidas em ti, Alice. A vida que tu conheces e uma outra que te espera há muito tempo. Estas duas existências não têm nada em comum. O homem de que te falei ontem encontra-se em algum lugar dessa outra vida, e nunca estará presente na vida que levas atualmente. Terás de encontrar seis pessoas antes de chegar até ele. Partir ao encontro dele obrigar-te-á a fazer uma longa viagem. Viagem durante a qual descobrirás que nada daquilo em que acreditavas é verdadeiro.»

Londres, 1950
Alice leva uma existência tranquila entre o seu trabalho como criadora de perfumes, que a apaixona, e o seu grupo de amigos, todos eles artistas nas horas vagas. No entanto, na véspera de Natal, a sua vida vai sofrer um abanão. Durante um passeio a uma feira em Brighton, uma vidente prediz que irá viver uma aventura, em busca de um passado misterioso. Alice não acredita nela, mas também não consegue esquecer as suas palavras; subitamente as suas noites passam a ser povoadas de pesadelos, que lhe parecem tão reais como incompreensíveis.
O seu vizinho, o senhor Daldry, um gentleman excêntrico e celibatário empedernido, convence-a a levar a sério a predição da vidente e a encontrar as seis pessoas que a conduzirão ao seu destino.
De Londres a Istambul, Alice e o senhor Daldry partem na sua estranha viagem
 
Edição/reimpressão:
Páginas:240
Editor:Contraponto
ISBN:9789896661243
 

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

"A Condessa", Rebecca Johns

Bem, este foi um dos casos em que as minhas expectativas foram excedidas. "Romace macabro"? "Mulher mais odiada da História"? Apesar do empréstimo do livro ter sido feito com um sorriso e de algumas críticas boas, não estava à espera de que fosse... viciante.
No livro, a condessa Erzébet Báthory escreve uma longa carta ao filho para contar a sua vida e as privações que sofre na torre onde foi presa (isto é, emparedada).
É retratada como uma mulher culta e inteligente que controlava as propriedades com punho de ferro. Desprezava a ignorância e a insolência, pelo que não admitia desvios morais às sua criadas. Infelizmente, os castigos que impõe às aias são excessivos e os súbitos "desaparecimentos" das raparigas levam às sua condenação. 
Ao longo da história acabei por sentir pena desta mulher, mesmo sendo conhecida nos nossos dias como a "Condessa de Sangue". É uma personagem cruel, egoísta e vaidosa, mas acaba por sofrer as consequências de cada um dos seus actos. Se o relato feito naquelas páginas é, ou não, o mais aproximado da realidade, já não posso avaliar, mas é um livro interessante. Não é mórbido, por mais cenas chocantes que possa ter e acaba por ter o seu quê de "conto de fadas" adulterado - não dizem que foi esta a condessa que originou a Rainha Má do conto da Branca de Neve?
 



Sinopse:

A bela condessa Erzsébet Báthory nasceu num berço de ouro da aristocracia húngara. Nada faria prever que acabaria os seus dias encarcerada na torre do seu próprio castelo. O seu crime: os macabros assassínios de dezenas de criadas, na sua maioria jovens raparigas torturadas até à morte por desagradarem à sua impiedosa senhora.
Pouco antes de ser isolada para sempre, Erzsébet conta a apaixonante história da sua vida. Ela foi capaz dos mais cruéis actos de tortura mas também do mais apaixonado e intenso amor. Foi mãe, amante, companheira… uma mulher que teve o mundo a seus pés e se transformou num monstro.

Os seus opositores retrataram-na como uma bruxa sanguinária, um retrato que fez dela a mulher mais odiada da História. Erzsébet inspirou Drácula, inscreveu-se na literatura clássica e contemporânea, deu azo a filmes, séries de TV e até jogos de computador. 



Edição/reimpressão:
Páginas:336
Editor:Edições Asa
ISBN:9789892315966

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Feliz Aniversário a mim!

Hoje o meu blog comemora o primeiro aniversário! É um motivo de orgulho para mim. Há um ano atrás entrava nesta viagem para partilhar as minhas leituras e dei por mim a aprender duas coisas:
 
Primeiro: escrever a minha opinião de um livro é mais complicado do que estava à espera. O que dizer de livros que achei geniais? E de quando a leitura não era tão boa quanto isso, mas que me entreteve de tal modo que os autores estavam perdoados? Céus!
 
Segundo: é preciso paciência para ser blogger.
 
Ter o "Voyage" deixou-me mais disciplinada, já que me sentia obrigada a ler um livro do início ao fim - nos primeiros seis meses. Depois disso, interrompi e saltei livros como antigamente e, com o regresso do mau hábito - ou não - dei por mim a pensar desistir disto.  Mas aqui estamos no primeiro aniversário, prontos para aprender mais e encetar novas jornadas.
 
Su

terça-feira, 16 de outubro de 2012

"O Tigre Branco", Aravind Adiga


"O Tigre Branco" é uma pérola. O vencedor do "Man Booker Prize" de 2008 trata-se de uma comédia negra que revela o lado sombrio da Índia, as desigualdades socioculturais e ataca costumes e tradições da forma mais cómica possível.
Balram, um rapaz que cresceu sem nome (porque ninguém tinha tempo para lho dar) é um "tigre branco", uma criança diferente na sua aldeia, que se torna um empresário de sucesso. É na carta que redige ao primeiro-ministro da China que relata a sua escalada e a sua revolta, considerando-se um exemplo de empresário. No fundo, o "tigre branco" é uma personagem com um olho clínico para analisar a sociedade que o rodeia, mas com uma moral duvidosa. Quase culpa os pobres pela sua própria pobreza, e, tendo sempre em conta a sua ascensão social, depressa esquece o dever para com a família.
É um livro que revela o fosso entre ricos e pobres do país - que começa a imiscuir-se no Ocidente - onde o próprio sistema de castas foi adulterado; a relação entre criados e patrões; as diferenças "raciais" e religiosas - ou não considerasse os brancos uma raça em declínio e os muçulmanos gente estranha, que gosta de rebentar comboios. É a crítica a uma dita "democracia" aparente e a um sistema judicial que não funciona.
"O Tigre Branco" é irónico e profundo como só a crítica social pode ser, e fez-me rir com coisas para chorar. É bom. Muito bom. 







Sinopse:
O Tigre Branco arrebatou por unanimidade o Man Prémio Booker Prize de 2008, um dos mais prestigiados galardões literários a nível mundial. Ainda antes da sua nomeação para o prémio, O Tigre Branco era já apontado como um dos melhores romances do ano e Aravinda Adiga como uma grande revelação e um extraordinário romancista. A shortlist para o Booker era composta por candidatos muito fortes, muito embora O Tigre Branco tenha conquistado o júri a uma só voz. Romance de estreia, entrou de imediato nas preferências dos críticos, que o classificaram como "uma estreia brilhante e extraordinária". O livro revela uma Índia ainda muito pouco explorada pela ficção, a Índia negra, violenta e exuberante das desigualdades socioculturais. Toda a obra é uma longa carta dirigida ao Primeiro-Ministro chinês, escrita ao longo de sete noites. O autor da carta apresenta-se como o tigre branco do título, e auto-denomina-se um "empreendedor social". Descrevendo a sua notável ascensão de pobre aldeão a empresário e empreendedor social, o autor da carta, Balram, acaba por fazer uma denúncia mordaz das injustiças e peculiaridades da sociedade indiana. Fica assim feito o retrato de uma sociedade brutal, impiedosa, em que as injustiças se perpetuam geração após geração, como uma ladainha que se entoa incessantemente ao ritmo de uma roda de orações. São muito poucos os animais que conseguem abrir um buraco na vedação e escapar ao destino do cárcere eterno. O Tigre Branco é um deles. 



Edição/reimpressão:
Páginas:248
Editor:Editorial Presença
ISBN:9789722341004


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

"1Q84 - Volume 2", Haruki Murakami


A saga de Aomame e Tengo continua neste segundo volume de "1Q84". Murakami presenteia-nos com mais respostas às perguntas que ficaram no ar no primeiro e as duas personagens estão cada vez mais próximas uma da outra sem se aperceber (e outras desaparecem, ou não fossem desaparecimentos tão típicos do autor).
Conseguimos perceber melhor que mundo é esse, o de 1Q84, um mundo à parte e sem saída, onde as personagens estão sob os olhos do Povo Pequeno. Temos também um vislumbre do Líder, mais informações sobre o passado de Fuka-Eri e uma atmosfera mais próxima da fantasia que  o livro anterior.
E permanece a sensação de que Murakami nos quer dizer muito mais...
Aguardo pelo desfecho desta história!
 


Sinopse:
O Livro 1 revelou a existência do mundo de 1Q84. Algumas perguntas encontraram resposta. Outras permanecem em aberto: Quem é o Povo Pequeno? Como farão esses seres para abrir caminho até ao mundo real? Existirão mesmo?, como sugere Fuka-Eri. Chegarão Aomame e Tengos a reencontrar-se? «Há coisas neste mundo que é melhor nem saber», como diz o sinistro Ushikawa. Em todo o caso, o destino dos heróis de 1Q84 está em marcha. No céu, distinguem-se nitidamente duas luas. Não é uma ilusão. Murakami descreve aqui um universo singular, que absorve, que imita a realidade, e a faz sua. A narrativa decorre em dois mundos que se cruzam, qual deles o mais real e o mais fascinante - o de 1984 e o de 1Q84.
A perturbante história de um amor adiado, recortada num cenário marcado pelo desencanto e pela violência. Uma fábula sobre os dilemas do mundo contemporâneo. Murakami retrata o mal-estar da sociedade japonesa que se esconde por debaixo de uma aparente quietude.

Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 436
Editor: Casa das Letras
ISBN: 9789724620695

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

"Observações", Jane Harris

Ora aqui está uma revelação. "Observações" é um daqueles raros casos de livro que "fica no goto". A personagem principal, Bessy, uma rapariga irreverente - e um caso de carência afectiva - torna-se criada de uma casa senhorial da Escócia rural, e estranhando os comportamentos da sua "patroa", inicia uma investigação com consequências inesperadas - ou não se despertassem "fantasmas".
Passado na época vitoriana, revela um pouco da hipocrisia da classe aristocrática, velada por regras de boa educação, e proporcionou-me momentos de leitura excelentes, deixando-me entre gargalhadas e lagrimitas. Não haveria melhor narradora que a insolente Bessy! 
Há ainda que destacar as personagens que ficam na memória com aqueles seus hábitos tão estranhos e grotescos, e alguns caricaturiais (o reverendo de moral duvidosa, a mãe vilã, etc).
Em suma, é um livro bem-disposto, com cenas tão comoventes ou tão ridículas que convém ler em casa.

5 estrelas! 


Sinopse:
Em plena época vitoriana, Bessy Buckley, uma irlandesa de 15 anos, encontra um lugar de criada numa mansão isolada que pertence à encantadora Arabella Reid e ao seu marido, um político com ambições. Arabella faz-lhe várias e intrigantes exigências entre as quais a de que descreva, num diário, as suas tarefas e os seus pensamentos mais íntimos. Apesar de tudo Bessy afeiçoa-se à sua patroa, mas acaba por descobrir que a mansão esconde segredos surpreendentes. Uma sátira inteligente à hipocrisia vitoriana, bem-humorada e com um enredo que cria um suspense psicológico subtil. 

Edição/reimpressão:
Páginas:448
Editor:Editorial Presença
ISBN:9789722343312

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

"A Família Radley", Matt Haig

Com uma história bem estruturada, capítulos pequenos e personagens empáticas "A Família Radley" proporcionou-me uns bons momentos de leitura. Para já, foi uma lufada de ar fresco: não é "mais um livro de vampiros e...e...amor". A própria noção de "vampiro" é modificada, já que não se refere propriamente a "criatura da noite", mas sim a alguém que é convertido em vampiro (e podem reproduzir-se normalmente). É, portanto, um livro sobre uma família, que esconde "alguns segredos", e que tenta viver normalmente numa aldeia inglesa - o que não vai dar bom resultado. 
Com momentos comoventes, outros divertidos e alguns mais negros, foi a leitura ideal para os momentos de pausa. 

P.S.: Só não percebo a comparação com "Harry Potter". Os miúdos da família não sabem que são vampiros e há muita alusão ao número da casa onde moram. E daí?


Sinopse:
A Família Radley é uma família como tantas outras: mais ou menos disfuncional, mais ou menos satisfeita. Até aqui, tudo bem. Só que os pais, Peter e Helen, têm escondido de Clara e Rowan, os filhos, um segredo arrasador, mas que explica muitas coisas…
Um livro divertido, envolvente e emocionante que nos oferece o retrato de uma família invulgar. A Família Radley faz-nos pensar em que será que nos tornamos quando crescemos e o que será que ganhamos (e perdemos) quando negamos os nossos apetites.
E tu, consegues controlar os teus instintos? 

Edição/reimpressão:
Páginas:360
Editor:Bertrand Editora


domingo, 12 de agosto de 2012

"Nunca me Esqueças", Lesley Pearse

Quando comecei a ler o "Nunca me Esqueças" pela primeira vez, há cerca de 3 anos, talvez, julguei-o demasiado lamechas e coloquei-o de lado. Sendo baseado em factos reais, decidi dar-lhe uma oportunidade e lê-lo com outros olhos. Não me arrependi!
Relata uma historia de coragem protagonizada por uma simples mulher que, mesmo numa época controlada pelos homens, conseguia ser mais determinada do que muitos deles, numa colónia penal nos confins do mundo. Foi bastante interessante ler sobre aquele pedacinho de História, sobre Mary Broad, uma "heroína" da Cornualha que eu desconhecia, a vida dos condenados num navio-prisão - nem sempre o Homem é "humano" - e a colonização da actual Austrália, dois pontos que me deram que pensar.
Lesley Pearse tem um certo dom para comover o leitor e aproximá-lo das personagens, o que adoro num livro. Senti que conhecia realmente aquele leque de pessoas que rodeava Mary e, se simpatizei com uns, a outros senti vontade de dar um bom par de palmadas - haverá coisa pior num livro do que gente de papel que nos é indiferente? No entanto, peca quando decide explicar todas as emoção que a personagem sente. Corta a acção. Pode ser positivo, mas em certos pontos da narrativa é um "pouco" irritante, porque queremos saber se se vão safar da tempestade e não se estão aborrecidos devido a "isto e aquilo"...
Mas perdoa-se.


Sinopse:
Até onde iria por amor?
Num dia…
Com um gesto apenas…
A vida de Mary mudou para sempre.
Naquele que seria o dia mais decisivo da sua vida, Mary - filha de humildes pescadores da Cornualha - traçou o seu destino ao roubar um chapéu.
O seu castigo: a forca.
A sua única alternativa: recomeçar a vida no outro lado do mundo.
Dividida entre o sonho de começar de novo e o terror de não sobreviver a tão dura viagem, Mary ruma à Austrália, à época uma colónia de condenados. O novo continente revela-se um enorme desafio onde tudo é desconhecido… como desconhecida é a assombrosa sensação de encontrar o grande amor da sua vida. Apaixonada, Mary vai bater-se pelos seus sonhos sem reservas ou hesitações. E a sua luta ficará para sempre inscrita na História.
Inspirada por uma excepcional história verídica, Lesley Pearse - a rainha do romance inglês - apresenta-nos Mary Broad e, com ela, faz-nos embarcar numa montanha-russa de emoções únicas e inesquecíveis. 


Edição/reimpressão: 2008
Páginas: 432
Editor: Edições Asa
ISBN: 9789892303178

terça-feira, 31 de julho de 2012

"Caderno Afegão", Alexandra Lucas Coelho

É feio ter inveja. Eu sei. Mas a verdade é que "Caderno Afegão" deixou-me verde. Este é o diário de viagem da jornalista Alexandra Lucas Coelho ao Afeganistão - que não foi propriamente de férias - e é um retrato de um país dividido em etnias, conhecido pelas piores razões e com um História triste, por uns olhos portugueses. 
Lê-lo foi uma autêntica viagem. E também uma lição.  

E, já agora, durante a leitura vão espreitando as fotografias que a jornalista foi tirando durante a sua estadia. É curioso...
Cliquem em http://www.tintadachina.pt/cadernoafegao/diaadia.php



 Sinopse:

«Este livro é um acto de coragem.
É um acto de optimismo, também.
Paul Theroux explica na introdução a "O Velho Expresso da Patagónia" que "os viajantes são essencialmente optimistas, ou então nunca iriam a lado nenhum".
É esse optimismo que permite a Alexandra Lucas Coelho afastar quaisquer receios com uma espécie de fatalismo paradoxalmente empreendedor: "não há nada a fazer". Mesmo quando por instantes se lhe infiltra na mente a dúvida acerca do desconhecido que a certa altura a transporta, sabe-se lá para onde, numa terra onde "um estrangeiro é um acepipe". "Não há nada a fazer." E a viagem continua.
Vamos com ela aos jardins de Babur. Descobrimos com ela – num país masculino, onde até na morgue há frigoríficos distintos para os cadáveres de homens e mulheres – a herança da extraordinária rainha Gowar Shad. Mergulhamos o olhar no azul intenso de Band-e-Amir, um milagre atribuído a Ali, primo e genro do Profeta, que continua a proporcionar a quem o visita os bens mais escassos num país em guerra: tranquilidade e alegria.
Aquilo que aqui, a ocidente, a milhares de quilómetros de distância, é apenas um borrão sem nome, uma massa de ideias vagas e de lugares-comuns, geopolítica e geoestratégia, toma a forma de gente concreta, ganha contornos, espessura, rosto. O facto de Alexandra Lucas Coelho escrever tão bem faz o resto. É o meio de transporte em que viajamos por um lugar aonde, é quase certo, nunca iríamos de outro modo.»

Carlos Vaz Marques

Edição/reimpressão:
Páginas:336
Editor:Tinta da China

quinta-feira, 12 de julho de 2012

"Maligna", Joanne Harris

"Maligna" é o romance "primogénito" de Joanne Harris e, apesar de estar reeditado, nota-se que foi o primeiro a ser escrito. Há partes que lembram vagamente o estilo a que a escritora nos habituou e uma ou outra sequência de acção um pouco confusa. O início melancólico é fantástico, mas tive pena que adicionasse cenas macabras e mais vampirescas. Estava mesmo à espera que o livro tivesse apenas um pouco de terror psicológico. Aquele toquezinho de suspense típico da Joanne...
De qualquer forma, já tinha saudades e gostei bastante da história, da atmosfera levemente gótica e dos jogos de palavras. E da vilã, omnipresente e manipuladora. O final não poderia ser outro senão aquele.
Mesmo depois de arrumar o livro na estante continuei presa àquele mundo. Acho que é um bom sinal quando isso acontece, por isso, recomendo-o. Acho que os fãs vão gostar.


Sinopse:
Alice e Joe têm em comum a paixão pela arte - ela é pintora e ele é músico - e, em tempos, estiveram também unidos pelo amor que sentiam um pelo outro. As suas vidas seguiram diferentes rumos, mas o reencontro é inevitável. Joe tem agora uma nova namorada, Ginny, que provoca em Alice uma intensa perturbação. A beleza etérea e singular de Ginny repele-a, e o seu sinistro grupo de amigos atemoriza-a.
Os hábitos estranhos da jovem deixam Alice suficientemente inquieta para levar a cabo uma investigação por conta própria. E o que descobre vai mudar tudo. Ginny tem em seu poder um velho diário que conta a trágica história de amor de Daniel Holmes e Rosemary Virginia Ashley, cujo poder de sedução não conhece limites. Só que Rosemary morreu há meio século… mas o seu magnetismo não está certamente extinto.
À medida que as histórias se entrelaçam, passado e presente fundemse; Alice apercebe-se de que o seu ódio instintivo em relação à nova namorada de Joe pode não se dever apenas ao ciúme, já que algo em Ginny a arrasta irremediavelmente para um universo de insondável obsessão, vingança, sedução e sangue…

Edição/reimpressão: 2011
Páginas: 352
Editor: Edições Asa

domingo, 3 de junho de 2012

"1Q84 - Vol.1", Haruki Murakami


Há certos livros que nos prendem e não sabemos bem porquê. O primeiro volume da trilogia de Haruki Murakami, "1Q84", é engenhoso. Deixou-me baralhada no início, sem perceber sobre o que trataria a história, até que as coincidências surgiram em catadupa. 
Murakami regressa com personagens peculiares, influências musicais - e literárias, ou não se falasse tanto do livro "1984" e de "metamorfoses" - e temas tão quotidianos como a homossexualidade, a violência doméstica, pedofilia, dislexia, fanatismo religioso... Ah! E o seu surrealismo, claro, naquela forma de escrever que parece tão simples e clara.
Apresenta-nos dois protagonistas, Aomame e Tengo, pessoas relativamente solitárias com vidas duplas, à margem da lei. Se a primeira é uma instrutora de defesa pessoal e assassina profissional, que repara em mudanças "subtis" do mundo que a rodeia, o segundo é um professor de matemática aspirante a romancista a quem é pedido que reescreva um manuscrito de uma rapariga, Fuka-Eri, para um concurso literário. São dois os mundos que se tocam, o de 1984, e o de 1Q84, e não conto mais, para não perder a piada. É um livro intrigante, que não deixa de nos lembrar que "as aparências iludem". Recomendo.



Sinopse:

Um mundo aparentemente normal, duas personagens - Aomame, uma mulher independente, professora de artes marciais, e Tengo, professor de matemática - que não são o que aparentam e ambos se dão conta de ligeiros desajustamentos à sua volta, que os conduzirão fatalmente a um destino comum. Um universo romanesco dissecado com precisão orwelliana, em que se cruzam histórias inesquecíveis e personagens cativantes.
Em
1Q84, Haruki Murakami constrói um universo romanesco em que se cruzam histórias inesquecíveis e personagens cativantes. Onde acaba o Japão e começa o admirável mundo novo em que vivemos? Uma ficção que ilumina de forma transversal a aldeia global em que vivemos.
Edição/reimpressão: 2011
Páginas: 560
Editor: Casa das Letras

quarta-feira, 2 de maio de 2012

"Encontro na Provença", Elizabeth Adler

Gostei da história de "Encontro na Provença", de Elizabeth Adler. Rafaella Marten, uma matriarca que se sente só no seu "château" na Provença, decide reunir antigos amigos e familiares durante umas semanas e junta um leque de personagens interessante.
Há a dose de romance, segredos e mistério, que inclui a descoberta de uma neta desconhecida e o regresso de um filho nada simpático e são ideais para uma leitura leve e... Gostava de escrever "agradável" mas reparei nuns quantos erros de edição que me enervaram no início e, sinceramente, para "Bestseller do New York Times" esperava bem melhor. 
Felizmente, as paisagens estão bem descritas,  o enredo é bom e as personagens  estão bem estruturadas. É o típico livro ideal para as férias, que nos faz querer dar também um saltinho a destinos de sonho.


Sinopse:

No Sul da França, os segredos serpenteiam pelo campo ensolarado como os ramos das videiras - e como um bom vinho, tornam-se melhores a cada ano que passa. Mas Franny Marten sabe pouco desse mundo. Tudo o que serpenteia através da sua pequena casa de campo na Califórnia é o sonho de se apaixonar. Franny pensava que o sonho podia tornar-se realidade - até que conhece a mulher do seu amante! Mas, quando começa a sentir que o seu coração já ficou destroçado demasiadas vezes, Franny recebe uma carta misteriosa que muda tudo... A carta é um convite para uma reunião da família Marten num château na Provença. Sabendo pouco sobre a família, Franny decide arriscar e faz as malas para a aventura de uma vida. A sua decisão de ir a França irá empurrá-la para um mundo na orla do tempo, onde o azul do Mediterrâneo se mostra ao longe com a promessa de que tudo é possível. E quando Franny descobre por que motivo o destino a levou à Provença, vai finalmente entender que quando se trata de amor, às vezes nem tudo é o que parece. Às vezes, é ainda melhor...

Edição/reimpressão:
Editor:Quinta Essência

terça-feira, 24 de abril de 2012

"Lituma nos Andes"

"Lituma nos Andes" foi o segundo livro que li de Mario Vargas Llosa. Gostei bastante do "A Tia Julia e o Escrevedor", mas agora fiquei mesmo fã. É uma obra que aconselho a qualquer leitor.
Conhecemos um pouco mais daquela época da história do Peru, e um pouco da cultura supersticiosa da população "serrucha" dos Andes - não esqueçamos que o país é um caldeirão de culturas muito interessante, à boa maneira da América do Sul.
Temos, portanto, a história de dois guardas civis do acampamento mineiro de Naccos, que se vêm a braços com três misteriosos desaparecimentos. Lituma, o mais velho, sente-se à parte naquele lugar onde os peões ainda acreditam em criaturas que roubam sangue e banha humana e que os deuses da montanha, os "apus", têm de ser aplacados com sacrifícios. Acredita que é ali que vai morrer e vive à espera do momento em que o grupo de guerreiros maoístas que percorre o Peru chegue ao acampamento e os assassinem. À noite, o guarda mais novo, Tomas, vai contado o amor, ou "desamor", que viveu com Mercedes - umas passagens bastante engraçadas, ou não se intrometessem os comentários de Lituma.
Entretanto, os guerrilheiros vão fazendo julgamentos populares, aproximando-se do acampamento, e personagens e estórias cruzam-se subtilmente...
Este é o tipo de livros que nos faz viver realmente a acção e nos faz reflectir acerca do radicalismo político, da loucura geral que se pode abater sobre as massas -  ou simples grupo de pessoas, como os clientes da cantina de Dioniso e D. Andriana, em Naccos - e do poder do medo, a par de algum humor, claro. 
Recomendo!


Sinopse:


Sob a ameaça constante dos guerrilheiros maoístas do Sendero Luminoso, o cabo Lituma e o seu adjunto Tomás vivem num acampamento mineiro das montanhas do Peru, onde inexplicáveis e obscuros desaparecimentos lhes prendem o interesse.
Paralelamente, a vida pessoal de ambos - sobretudo o reaparecimento de um antigo amor de Tomás -, intrometer-se-á profundamente na investigação.
O drama real das comunidades peruanas, nos anos 80, reféns da organização paramilitar de esquerda, e as dúvidas pessoais dos personagens cruzam-se durante todo o romance, tornando
Lituma nos Andes uma obra ímpar no percurso literário de Mario Vargas Llosa, mas também uma das suas mais ferozes críticas à violência estrutural que afectou o Peru durante tantas décadas.
Uma obra obrigatória em qualquer biblioteca. 


Edição/reimpressão:
Editor: Leya

quarta-feira, 11 de abril de 2012

"Carnaval em Veneza"

É impressionante como depois de esperar tanto tempo para ler "Carnaval em Veneza", de Michelle Lovric, acabei por me desiludir. Não era bem o que eu estava à espera...
A história é narrada por Cecília Cornaro, aspirante a pintora - e, ocasionalmente pelo gato de Casanova e por um gondoleiro, o que deu a sua graça -  que foi a última amante de Casanova e uma das muitas de Lord Byron e que relata as suas vivências. Mas, se com Casanova viveu um amor terno e generoso, com o poeta tornou-se obsessivo e sombrio (e continuo sem perceber como é que Cecília, uma mulher cheia de vivacidade se apaixona por ele de forma tão deprimente).
"Carnaval em Veneza" é também um pequeno fresco de duas épocas em Veneza, mostrando a transição de costumes, moda, mentalidade, política, etc., de um século XVIII festivo para um século XIX mais melancólico. O interesse do livro está, portanto, aqui, nos detalhes históricos e  na forma como a autora pegou em personalidades históricas e as mostrou tão naturalmente. E como fez da própria Veneza uma personagem.
Gostei, mas estava à espera de um outro tipo de livro, com mais acção e menos focado nos relatos das vivências das duas outras personagens. Talvez o problema tenha sido da sinopse...


Sinopse:

Uma história maravilhosa onde Casanova é o herói

Uma história sensual sobre dois amores que vão agitar até a mais decadente e sensual das cidades: Veneza. 1782. Cecilia, a filha de treze anos de um importante mercador de Veneza, é atraída por um gato para longe do seu banho e dá por si, nua, nos braços de Casanova, o lendário sedutor de mulheres. No seu leito, a jovem conhecerá o lado luminoso do amor. Duas décadas depois, já uma pintora de renome, Cecilia conhece o segundo amor da sua vida: um jovem poeta à procura aventura a qualquer preço. Ele é Lord Byron e, com ele, Cecilia irá descobrir o lado negro da paixão.A ternura e generosidade de Casanova versus a rudeza e secura de Byron. Dois amores que vão influenciar a arte de Cecilia e agitar a sociedade da mais decadente, sensual e majestosa das cidades: Veneza. 
Edição/reimpressão:
Páginas: 496
Editor: Edições Chá das Cinco

quarta-feira, 4 de abril de 2012

"As Serviçais"

"As Serviçais", de Kathryn Stockett, fazem parte daquela secção de livros que me deixam com a lagriminha no olho no final. Vi o filme primeiro, mas é claro que o livro foi bem melhor. 
Somos transportados para a Jackson, Mississipi, dos anos 60 - uma época e uma cidade em que "é normal" que brancos e negros não se misturem - pela perspectiva de Aibileen, Minny, duas criadas amigas, e Skeeter, a aspirante a escritora. Juntas vão dar início a um projecto que poderá ter consequências graves...
O livro aborda o tema da segregação racial nos sul dos EUA através da perspectiva das criadas e mães de família negras, do seu quotidiano, o que é pouco usual, e tem um bom enredo. E personagens convincentes: Aibileen, terna e maternal, que ensina outra mentalidade a Mae Mobley, a bebé da família para quem trabalha e vai mostrar o seu valor; Minny, a língua afiada que não tem um casamento feliz, apesar de ser uma mulher forte; Skeeter, a aspirante a escritora e jornalista que consegue ver a própria cidade com outros olhos; as "senhoras brancas", como a implacável Hilly, presidente da Liga e ex-patroa de Minny, Elizabeth, descuidada mãe de Mae Mobley e Celia Foote, que nasceu pobre e noutra cidade, não vendo qualquer problema em tornar-se amiga da criada.
Foi também interessante ler como a ideia da segregação estava tão enraizada, ao ponto de o namorado de Skeeter, Stuart, não compreender porque estava a tentar "mudar as coisas", quando "estavam bem, assim", ou de ensinarem crianças de que os negros eram "menos inteligentes" e que "tinham outras doenças". 
Não sei se poderemos incluir "As Serviçais" na mesma categoria de um clássico como "Por favor, não matem a cotovia", mas não é um romance qualquer. Tem valor e recomendo.




Sinopse: 

O maior fenómeno literário dos últimos anos nos EUA chegou a Portugal

Um romance que vai fazer de si uma pessoa diferente. Skeeter tem vinte e dois anos e acabou de regressar da universidade a Jackson, Mississippi. Mas estamos em 1962, e a sua mãe só irá descansar quando a filha tiver uma aliança no dedo. Aibileen é uma criada negra, uma mulher sábia que viu crescer dezassete crianças. Quando o seu próprio filho morre num acidente, algo se quebra dentro dela. Minny, a melhor amiga de Aibileen, é provavelmente a mulher com a língua mais afiada do Mississippi. Cozinha divinamente, mas tem sérias dificuldades em manter o emprego... até ao momento em que encontra uma senhora nova na cidade. Estas três personagens extraordinárias irão cruzar-se e iniciar um projecto que mudará a sua cidade e as vidas de todas as mulheres, criadas e senhoras, que habitam Jackson. São as suas vozes que nos contam esta história inesquecível cheia de humor, esperança e tristeza. Uma história que conquistou a América e está a conquistar o mundo. 

Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 464
Editor: Saída de Emergência

quinta-feira, 15 de março de 2012

Parabéns, "Mafalda"!

A "Mafalda" está hoje de parabéns pelos respeitáveis 50 anos!
Esta menina com dotes filosóficos criada por Quino surgiu em 1962 como a imagem de publicidade a uma máquina de lavar roupa mas, dois anos depois apareceria nas famosas tiras de banda desenhada.Com críticas sempre actuais (não sei se feliz ou infelizmente), é uma personagem inesquecível.




sábado, 25 de fevereiro de 2012

"A Casa dos Amores Impossíveis"

A família Laguna está amaldiçoada: as mulheres estão destinadas a sofrer por amor e a dar à luz outras mulheres com o mesmo destino. Esta é a premissa de "A Casa dos Amores Impossíveis", de Cristina López Barrio, passado em Espanha, ao longo do século XX.
É numa linguagem luxuriante como o jardim da mansão vermelha das Laguna que acompanhamos a vida e o (des)amor de gerações de mulheres mal-vistas pela sociedade da pequena vila castelhana onde vivem. São mulheres revoltadas com o destino que lhes calhou e que vivem na expectativa de se vingarem... Até ao dia em que nasce um rapaz Laguna. Santiago mudará o destino da família?
Na primeira vez que vi o livro associei-o automaticamente a Isabel Allende e Gabriel García Márquez (o que se deveu em parte à capa com motivos exóticos, mas isso é outra história), mas vale por si só. A autora tem uma forma muito própria de escrever, que mistura sentidos e sensações e é realismo mágico em alto nível, onde fantasmas, sonhos premonitórios e cheiros persistentes se cruzam com o quotidiano.  E também muita coisa bizarra, como um estranho costume de comer terra de sepultura e insectos de algumas personagens ou o amor canibal de Bernarda por Clara Laguna, que consegue revolver-nos o estômago. É um livro sobre o amor, vingança, as peculiaridades de uma família, pessoas especiais e magia, muitas vezes trágico, mas que recomendo. 
Cristina Lopez Barrio é uma contadora de histórias e tanto.


Sinopse:

Clara Laguna é uma bela jovem de olhos dourados,cuja vida está marcada pelo destino.Quando se apaixona por um caçador,a sua mãe avisa-a da maldição que impera sobre as mulheres Laguna:estão condenadas a sofrer por amor e a conceber mulheres que padecerão do mesmo mal. Depois de Clara engravidar,o caçador abandona-a e esta decide,por vingança, abrir um bordel na casa que ele lhe oferecera.É nesta mansão que a jovem dará à luz a sua filha Manuela. Num registo literário marcado pelo ambiente de realismo mágico que só os grandes escritores conseguem, vamos acompanhando a saga desta família. Uma história mágica e apaixonante que desperta os sentidos. Na tradição de Isabel Allende e Gárcia Marquez, o melhor do realismo mágico num livro que não deixará ninguém indiferente.Uma história mágica e fascinante repleta de amor,ódio,vingança e tragédia,na linha das sagas familiares da literatura.

Edição/reimpressão: 2011
Páginas: 396
Editor: Noites Brancas

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

"O Jardim dos Segredos"

Surpreendente e com um ritmo contínuo, "O Jardim dos Segredos", de Kate Morton, mantém-nos em suspenso até ao último capítulo. 
A busca do verdadeiro passado de Nell, encontrada sozinha num cais australiano com apenas 3 anos, dá o mote ao enredo, neste livro belíssimo, onde são intercaladas três épocas distintas. Acompanhamos principalmente as histórias de Nell, frustrada com o segredo que o pai lhe revelou e em busca do seu "eu", em 1975; Cassandra, a neta que, em 2005, vai resolver o mistério; Eliza, no final do século XIX, a autora de contos de fadas que revelam mais do que imaginamos; a da frágil Rose e a sua mãe, Adeline Montrachet, preocupada com a imagem e honra aristocrática da família. E mais não conto, ou perde a piada toda. É um livro sobre segredos de família, acima de tudo.
Foi a minha estreia de Kate Morton e fiquei rendida. Apesar do início deprimente, ela compensa-nos. Desde a mansão na Cornualha com o jardim quase encantado resguardado pelo labirinto às ruelas escuras da Londres do Estripador, passando pela luminosa Austrália, cria ambiente e atmosfera. Sentimo-nos lá e as personagens são muito bem caracterizadas, mesmo as secundárias, como a srª Swindell, que poderia ser uma vilã à Charles Dickens, e o tio Linus Montrachet, tão obcecado com a irmã que enoja. A utilização dos contos de Eliza com um significado obscuro que entrevemos ao longo da história foi um um factor genial: está tudo lá.
Foi uma óptima leitura...


Sinopse:

Uma criança perdida: em 1913 uma criança é encontrada só, num barco que se dirigia à Austrália. Uma mulher misteriosa prometera tomar conta dela, mas desapareceu sem deixar rasto.

Um terrível segredo: no seu 21.º aniversário, Nell Andrews descobre algo que mudará a sua vida para sempre. Décadas depois, embarca em busca da verdade, numa demanda que a conduz até à costa da Cornualha e à bela e misteriosa Mansão Blackhurst.

Uma herança misteriosa: aquando do falecimento de Nell, a neta, Cassandra, depara-se com uma herança surpreendente. A Casa da Falésia e o seu jardim abandonado são famosos nas redondezas pelos segredos que ocultam - segredos sobre a família Mountrachet e a sua governanta, Eliza Makepeace, uma escritora de obscuros contos de fadas. É aqui que Cassandra irá por fim desvelar a verdade sobre a família e resolver o mistério de uma pequena criança perdida.

Edição/reimpressão:
Páginas: 552
Editor: Porto Editora

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

"A Rainha Vermelha"

Esta é a outra versão da guerra civil inglesa relatada em “A Rainha Branca”, de Philippa Gregory. Temos agora em mãos o lado Lencastre, pela voz de Margarida Beaufort, mãe de um dos herdeiros do trono do país, Henrique Tudor.
Talvez tenha sido a primeira vez que me aconteceu algo curioso: li paradoxalmente. Passo a explicar: achei o livro muito bom, mas odiei a personagem principal. Nem em “O Perfume” me irritei tanto com Grenouille.
Margarida é uma mulher frustrada. Devota a Deus e à Igreja, desde criança que é deslumbrada pela figura de Joana d’Arc e pretende seguir as suas pisadas, ser considerada uma mulher santa. Um dos seus sonhos era ir para o convento e estudar, pelo que sente uma grande revolta quando é obrigada a casar sucessivamente por fins políticos. Sendo prima do rei, o seu filho e de um Tudor estaria na linha para a sucessão. Porém, ser “a mãe do rei de Inglaterra” acaba por ser o objectivo de vida de Margarida, que se vai empenhar ao máximo por afastar quaisquer outros pretendentes ao trono. Não é uma mulher bondosa. É traiçoeira, intriguista e inveja Isabel de Woodville acima de tudo.
Só neste livro é que nos vamos aperceber do Lady Margarida e, apesar da vontade de lhe dar um par de estalos a cada página (e de gritar “vive a TUA vida, mulher!”), foi uma excelente leitura.


Sinopse:

Herdeira da rosa vermelha de Lancaster, Margarida vê as suas ambições frustradas quando descobre que a mãe a quer enviar para um casamento sem amor no País de Gales. Casada com um homem que tem o dobro da sua idade, depressa enviúva, sendo mãe aos catorze anos. Margarida está determinada em fazer com que o seu filho suba ao trono da Inglaterra, sem olhar aos problemas que isso lhe possa trazer, a si, à Inglaterra e ao jovem rapaz. Ignorando herdeiros rivais e o poder desmedido da dinastia de York, dá ao filho o nome Henrique, como o rei, envia-o para o exílio, e propõe o seu casamento com a filha da sua inimiga, Isabel de York.
Acompanhando as alterações das correntes políticas, Margarida traça o seu próprio caminho com outro casamento sem amor, com alianças traiçoeiras e planos secretos. Viúva pela segunda vez, Margarida casa com o impiedoso e desleal Lorde Stanley. Acreditando que ele a vai apoiar, torna-se o cérebro de uma das maiores revoltas da época, sabendo sempre que o filho, já crescido, recrutou um exército e espera agora pela oportunidade de conquistar o prémio maior.
Edição/reimpressão: 2011
Páginas: 408
Editor: Livraria Civilização Editora

domingo, 15 de janeiro de 2012

"Dívida de Sangue"

O segundo livro da saga "Sangue Fresco", "Dívida de Sangue", de Charlaine Harris, foi um bom reencontro com Sookie, o Vampiro Bill e companhia, passado um ano desde que li o primeiro. As componentes que me atraíram mantêm-se: ironia na medida certa; suspense q.b.; segredos antigos quando menos se espera e um bom enredo à policial.
Em "Dívida de Sangue" temos dois acontecimentos base: o assassínio de Lafayete, o carismático cozinheiro gay maquilhado que nunca pensei que fosse morto logo no início da série, e a busca de um vampiro desaparecido em Dallas. Mas ainda há mais. Sookie é atacada na orla da floresta por uma ménade, uma adoradora imortal do deus Baco, que pretende enviar uma mensagem aos vampiros da área. Porquê? Há que ler tudo.
Foi um livro que não me desiludiu. Tem personagens principais com alma, apesar de uma ou outra pecar nesse sentido, e, acima de tudo, um bom enredo. Não é um livro vazio, sem história, onde o mais importante é a cena de sexo ou o evoluir de uma relação. Aqui há, e chegamos ao ponto de acompanhar as dúvidas e desejos de Sookie, que não está assim tão segura com Bill quanto somos levados a crer, além de vislumbrarmos os conflitos “inter-raciais” de sempre. 
Foi um bom entretenimento. 

Sinopse:

Sookie Stackhouse está numa maré de azar: primeiro o seu colega de trabalho é morto e ninguém se parece preocupar; depois, é atacada por uma criatura que a infecta com um veneno doloroso e mortal. Tudo se complica quando Bill nada consegue fazer e pede a ajuda de Eric para lhe salvar a vida. A questão é que agora ela está em dívida para com Eric - um vampiro deslumbrante mas tão belo quanto perigoso. E quando ele lhe pede um favor em troca, ela tem que aceder.
De repente, Sookie está em Dallas a usar os seus poderes telepáticos para encontrar um vampiro. A sua condição é que os humanos não devem ser magoados. Mas a promessa de os vampiros se manterem na ordem é mais fácil de dizer do que de cumprir. Basta uma bela rapariga e um pequeno deslize para que tudo comece a correr mal...
Entretanto, também Eric tem os seus próprios segredos... 

Edição/reimpressão: 
Páginas: 256 
Editor: Saída de Emergência

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

"Comer, Orar, Amar"

"Comer, Orar, Amar". Há quem não goste e quem goste. Eu gostei, e muito! Não é a típica “love story”, até porque aqui o objectivo não é mostrar o caminho de uma personagem feminina com o coração despedaçado em busca do amor: é mostrar o caminho para o auto-conhecimento e a capacidade de ser feliz.
Esta é a história verídica de Elizabeth Gilbert que, desesperada com o casamento frustrado que tem, dá por si a rezar escondida na casa-de-banho. Sente que “algo mais” lhe dá força e, desde esse momento, pretende encontrar Deus. Isto é, quer encontrar-se a si própria.
O livro está dividido em 108 contos que vão abordando vários temas enquanto seguimos o relato da estadia nos três países que Elizabeth escolhe para viver durante um ano, pelo que tem muitos pensamentos e saltos temporais. O estilo de escrita é leve, divertido – ou positivo, escolham! – e as descrições são muito boas. Preparem-se para salivar quando lerem sobre a comida! E desengane-se quem acha que é um aborrecido por falar de uma procura espiritual. É bastante interessante e temos várias explicações sobre meditação, yoga, mantras, para além de alguns factos sobre a Itália, a Índia e o Bali, que dão credibilidade e sustento ao relato.
No final, dei por mim a admirar a autora….
Aviso: Primeiro, não esperem a típica história de amor. Segundo: não esperem muita acção. Terceiro: se o lerem, leiam-no de mente aberta: vão ler sobre coincidências impressionantes...


Sinopse:

Aos 34 anos, Elizabeth Gilbert, escritora premiada e destemida jornalista da GQ e da SPIN, descobre que afinal não quer ser mãe nem viver com o marido numa casa formidável nos subúrbios de Nova Iorque e parte sozinha numa viagem de 12 meses com três destinos marcados: o prazer na Itália, o rigor ascético na Índia, o verdadeiro amor na Indonésia. Irreverente, espirituosa, senhora de um coloquialismo exuberante, Elizabeth não abandona um minuto a sua auto-ironia e conta-nos tudo acerca desta fuga desesperada ao sonho americano que começou no momento em que encontrou Deus.
Quando fez 30 anos, Elizabeth Gilbert tinha tudo o que uma mulher americana formada e ambiciosa podia querer: um marido, uma casa, uma carreira de sucesso. Mas em vez de estar feliz e preenchida, sentia-se confusa e assustada. Depois de um divórcio infernal e de uma história de amor fulminante acabada em desgraça, Gilbert tomou uma decisão determinante: abdicar de tudo, despedir-se do emprego e passar um ano a viajar sozinha. "Comer na Itália, Orar na Índia e Amar na Indonésia" é uma micro-autobiografia desse ano.
O projecto de Elizabeth Gilbert era visitar três lugares onde pudesse desenvolver um aspecto particular da sua natureza no contexto de uma cultura que tradicionalmente se destacasse por fazê-lo bem. Em Roma, estudou a arte do prazer, aprendeu a falar Italiano e engordou os 23 kilos mais felizes da sua existência. Reservou a Índia para praticar a arte da devoção. Com a ajuda de um guru nativo e de um cowboy do Texas surpreendentemente sábio, Elizabeth empenhou-se em quatro meses de exploração espiritual ininterrupta. Em Bali, aprendeu a equilibrar o prazer sensual e a transcendência divina. Tornou-se aluna de um feiticeiro nonagenário e apaixonou-se da melhor maneira possível - inesperadamente.

Edição/reimpressão: 
Editor: Bertrand Editora