Toru, o protagonista,
oferece-nos o relato dos seus tempos de estudante ao sentir a necessidade de
escrever aquelas memórias para não esquecer Naoko. É quase uma homenagem àquela
rapariga por quem sente um amor tão puro, mesmo sendo a namorada do falecido
melhor amigo, Kisuki.
Além disso, relata o
dia-a-dia num dormitório masculino, as greves estudantis da época e as
aventuras nocturnas com Nagasawa, um playboy
incurável – e bastante desprezível, deixem-me dizê-lo. Conhece Midori, uma
rapariga um tanto doida que vai dividir os seus sentimentos e, no fundo, é a
ligação que tem ao mundo real. Quando o estado mental de Naoko piora e a leva a
viver numa instituição, Toru começa a alienar-se. O mundo real não lhe parece
autêntico.
A vida deste protagonista é
quase cíclica. Toru acaba por viver situações semelhantes, por se ver rodeado
de gente que segue caminhos idênticos e por sentir o mesmo abandono. Do mesmo
modo, os triângulos amorosos de “Norwegian Wood” estão interligados. Estranho?
É Murakami. E tal como num bom livro de Murakami, uma personagem bastante peculiar
não regressa das férias e desaparece sem explicação.
Amei “Norwegian Wood”,
simplesmente, desde o primeiro capítulo àquele final que deixa que pensar. Toru
tem que escolher entre o passado e o presente. Terá sido uma boa escolha?
É claro que dispensava uma
das cenas finais, pela sua falta de lógica, mas o sexo é um assunto alvo de
alguma estranheza que se torna habitual nas obras deste autor. Se as
personagens têm personalidades muito próprias, a sua visão do sexo também o é.
Para concluir, tenho apenas
de dizer: leiam-no. A Spi “impingiu-mo” vezes sem conta e só tenho de lhe
agradecer pelo empréstimo de um livro que já está no meu “top ten”. Uma vénia
para ti, Spi!
P.S.: Não deixem também de ouvir a música dos Beatles a quem Murakami pediu o título emprestado para esta história. Faz todo o sentido.
P.S.: Não deixem também de ouvir a música dos Beatles a quem Murakami pediu o título emprestado para esta história. Faz todo o sentido.
Boas leituras!