quinta-feira, 18 de maio de 2017

"A Rapariga No Comboio", Paula Hawkins

Cada vez mais detesto as "expectativas". Qualquer leitor sabe como elas podem podem sabotar uma boa leitura, e neste caso, devia tê-las baixo, bem rentes, ao nível do chão. Só que não, tive de me fiar no comentário do "New York Times" e esperei ser levada de rajada como aconteceu com o "Em Parte Incerta". E esperei, e esperei. Até perceber que isso não ia acontecer, propriamente.

Neste livro, acompanhamos Rachel nas suas idas e vindas no comboio para Londres, que apanha todos os dias para sentir que ainda tem uma vida normal. É alcoólica, e não consegue deixar de pensar que a vida do casal que entrevê numa das casas à beira da linha do comboio é tão perfeita como a que ela levava, umas casas abaixo. Para além dela, conhecemos também Megan, que parece sentir-se sufocada na sua nova vida "dona-de-casa" e Anna, a nova mulher do ex-marido de Rachel, que apenas deseja que esta pare de "atormentar" a família com telefonemas e súbitos aparecimentos na rua onde vivem.
Um dia, Rachel nota algo de estranho no quintal do casal que costuma observar e, por coincidência, ou não, uma mulher é dada como desaparecida pouco tempo depois...
Bem, como podem imaginar é uma leitura com algum suspense. Para já, consegue ser um tanto sufocante, porque nenhuma das personagens é perfeita. Rachel, por exemplo, não consegue resistir à bebida para elevar o ânimo, tem perdas de memória e é, pura e simplesmente, "triste". Ainda ama Tom, o ex-marido, e fica quase obcecada com o desaparecimento da mulher, o que a leva a situações no limiar da humilhação. É de levar as mãos à cabeça. No caso das outras personagens, somos levados a pouco e pouco até ao seu âmago e também não é o mais bonito.
Através delas temos também acesso a diferentes perspectivas do mesmo acontecimento, o que achei interessante. 

É um livro onde vemos segredos bem negros e mentiras prestes a desgastar a sanidade de uma personagem, o que para mim lhe deu a roupagem que se pede num "thriller". Nem sempre o exterior revela o interior, não é assim?
Apesar de ser um pouco lento no início, a segunda parte conseguiu "viciar-me" para desvendar o mistério, mas...
Não quero parecer esquisita, mas, primeiro, "aquela" estrutura não funcionou comigo. Gosto de ser lançada para um texto fluído, e neste caso cada cena das personagens está dividida em dias. E cada dia, em "manhã" e "tarde", onde a personagem nos leva a perceber o que se passou entretanto. Ou seja, tive a sensação de que  li aos solavancos, de que era constantemente interrompida, quando o que queria era continuar a ler com fluidez.
Além disso, se por um lado gostei do mistério para poder colocar várias hipóteses, como se Paula Hawkins fosse Agatha Christie renascida, por outro foi um pouco... previsível. Estava à espera de um alto "twist", e não o consegui tomar como tal. Ainda assim, o tom do final redimiu-me o livro no todo. Um pouco.
Portanto, gostei, mas não "adorei", como esperava. É um livro com temas pouco ou nada leves - vou abster-me de escrever "perturbadores" para não levar ninguém em erro, apesar de um deles o ser para mim -; e com personagens verossímeis que "mexeram" comigo.
Tive pena, mas decepcionei-me um pouco e não senti aquele "frisson" que acompanha a leitura de um livro que não queremos que acabe, ao mesmo tempo que queremos saber o desfecho.


Sinopse

E vocês, já leram "A Rapariga no Comboio"? Qual é a vossa opinião?
Por acaso, continuo curiosa com o novo livro da autora, nem que seja para perceber se houve evolução, e, sem dúvida que quero ler  mais thrillers psicológicos. Aceito recomendações!

Boas leituras!

8 comentários:

  1. Oie,

    Realmente é pena, mais valia não saberes nada sobre o livo e leres de forma natural, mas pronto por vezes não damos nada por um livro e levamos uma bela surpresa, não tarda é o que te irá acontecer :D

    Bjs e boas leituras

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    1. Olá, Fiacha,

      Pois, teria sido uma experiência de leitura diferente. Também é, e sabe tão bem :d espero que sim :D

      beijnhos e boas leituras

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  2. Viva! Por mim aconteceu ao contrário, adorei este livro e fui ler o Em Parte Incerta com altas expectativas e não gostei. As expectativas trabalham sempre contra nós :p
    Beijinho e boas leituras

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    1. Olá, Nuno,
      A sério? Que engraçado... É giro ver como as opiniões podem ser díspares. Tal e qual, mais vale abandoná-las de vez...

      beijinhos e boas leituras

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  3. Olá Su,
    Este livro, tal como o Gone Girl, não conseguiram superar as minhas expectativas. Tinha ouvido falar tanto e tão bem, dos dois livros, que tinha as expectativas bem lá no alto. E no fim, senti exactamente o mesmo.
    As expectativas podem retirar-nos o prazer da leitura. Já me aconteceu várias vezes mas acho que acaba por saber parte do "ser leitor". Pensa que as próximas leituras serão melhores ;)
    Beijinhos e boas leituras

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    1. Olá, Tita,

      Obrigada! Espero que sim. Agora vou fazer uns dias de descanso para aproveitar melhor a próxima leitura (e sem expectativas :p).
      POis, parte do meu problema foi com o "hype" à volta do livro. Agora que penso melhor, mais valia terem-no comparado a um mistério, simplesmente. Não me "deslumbrou" como esperava...

      beijinhos e boas leituras

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  4. Olá Su,
    Sinto exactamente o mesmo que tu. Muito falatório à volta do livro...comigo também não resultado. Um livro que ficou muito aquém das expectativas que criei.
    Beijinhos e boas leituras

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    1. Olá, Isaura,

      É tão bom quando começamos a ver que não estamos sozinhos nesta questão, bem pelo contrário. É como comentei acima, com tanto "hype" estava à espera de ficar atónita, e não. Foi um bom mistério, "só".

      beijinhos e boas leituras

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