quarta-feira, 10 de maio de 2017

"Viajante à Luz da Lua", Antal Szerb

Neste livro, acompanhamos a jornada ao longo da Itália de Mihály, um homem de negócios que foge da própria esposa durante a lua-de-mel, depois de recordar os tempos perdidos da adolescência, ao encontrar János, um velho amigo. 
Mihály tinha um grupo de amigos centrado em Támas e Éva, dois irmãos que ama ao seu próprio jeito. Aspirava a ser como Támas, um inconformista, um rebelde, que "deseja a morte" e, de certa forma, desejava Éva. Gostavam de encenar peças de teatro, onde os final preferido das suas actuações passava por morrer às mãos da rapariga, um acto que lhes mostrava um certo erotismo.
E é aqui que se centra o livro, levando-nos, tal como a Mihály, por questões como o desejo e a Morte, o outro lado da vida. 

No início, não me sentia tocada pelo livro. Tinha o seu tom de decadência, e aquele lado tragico-cómico que me impelia a ler, mas não me agarrou de imediato. Só ao deslindar o sentido dele, quase a meio, é que comecei a apreciá-lo...
As personagens têm o seu quê de peculiar, como Erzi, a esposa, uma "burguesa" que se interessou por Mihály exactamente por ele lhe parecer diferente, ou János, que sempre quis mostrar-se melhor do que o protagonista e mexe cordelinhos ao longo do enredo. O próprio Mihály é... estranho. Parece um tanto influenciável, mas à sua maneira abomina o quotidiano e o trabalho na empresa. Mostra resistência à entrada na vida adulta. É um homem infeliz, que persegue o que não pode alcançar - personificado por Éva? -, e que deseja os tempos que já decorreram. Tal como muita gente, não é verdade? Talvez "o momento" seja o único instante que importe aproveitar, como a certo ponto Mihály aprende com Waldheim, a propósito dos Etruscos...
A leitura deste "Viajante à Luz da Lua" acabou por ser aprazível, também devido ao estilo de escrita do autor, de que gostei. Szerb conseguia escrever tiradas sobre conceitos que me fizeram lê-las uma e outra vez para as apreciar e, em certos momentos, não pude deixar de compará-lo a Milan Kundera.

 
Sinopse


E vocês, já o leram? Qual é a vossa opinião?
Boas leituras!

Nota: O meu exemplar foi cedido pela editora Guerra e Paz, à qual agradeço mais uma vez pela oportunidade - e que tenho de parabenizar pelo aspecto gráfico do livro.

6 comentários:

  1. Por acaso ainda não li esse livro mas fiquei curiosa ;)

    Beijinhos,
    O meu reino da noite ~ facebook ~ bloglovin'

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    1. Olá, C.,
      Obrigada :D dá-lhe uma oportunidade... é, no mínimo, uma leitura bem diferente, mas com qualidade :D
      beijinhos

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  2. Olá Su,
    Também acabei por sentir o mesmo que tu. Não senti grande afinidade com as personagens. Mas no final tornou-se numa leitura bastante agradável.
    E concordo. Esta edição é lindíssima!
    Beijinhos e boas leituras

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    1. Olá, Isaura,
      Agora passados uns dias também fico com a ideia de que, "no mínimo", foi uma leitura com qualidade :D comecei a ler outro livro e sinto falta de ter uma linguagem para apreciar :P
      beijinhos e boas leituras

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  3. Olá Su,
    É bom quando começam "mornos" mas depois se tornam agradáveis.
    Pode ser que lhe dê uma oportunidade mas... há tanto que queremos ler ;)
    Beijinhos e boas leituras

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    1. Olá, Tita,
      Pois é, sabe bem quando é assim. Agora, quando começamos cheios de expectativas e afinal saem goradas... ui!
      Se é :D se lhe deres uma oportunidade, espero que gostes - mesmo que só a partir de metade, não faz mal ;D
      beijinhos e boas leituras

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