Cântico dos Cânticos, Salomão /
Manual de Civilidade Para Meninas, Pierre-Félix Louÿs
Manual de Civilidade Para Meninas, Pierre-Félix Louÿs
Tradução: Eugénia de Vasconcellos
(Cântico dos Cânticos) e Manuel S. Fonseca (Manual de Civilidade Para Meninas)
(Cântico dos Cânticos) e Manuel S. Fonseca (Manual de Civilidade Para Meninas)
15x20
168 páginas
14,00 €
Nas livrarias a 26 de Outubro
Guerra e Paz Editores
Este Livro Amarelo junta o Cântico dos Cânticos, de Salomão, e o Manual de Civilidade para Meninas, de Pierre-Félix Louÿs.
O que faz, no mesmo livro, um texto canónico da Bíblia, escrito talvez
500 anos antes de Cristo, ao pé de um texto obsceno desde a primeira
linha, escrito na segunda década do século XX por um irrecomendável
erotómano francês? Juntos, constituem uma obra de exaltação e
exacerbação erótica únicas.
Diga-se: o Cântico dos Cânticos de Salomão
lê-se e é, se nos deixarmos arrebatar pelo belíssimo pé da sua letra,
uma sensualíssima celebração lírica do amor. Encostados ao pé da sua
letra vemos que é clara e distinta a primeira imagem desse livro breve.
Revela-nos uma boca de mulher que se abre e, macia, pede: «Beija-me com
os beijos da tua boca, /amor melhor do que o vinho.»
O luminoso lirismo do Cântico dos Cânticos
é a apologia de um desejo sexual indissociável do impulso amoroso, a
apologia de uma plenitude amorosa e sexual, espiritual e física, vivida
com intencionalidade social e pessoal.
O Manual de Civilidade para Meninas de Pierre-Félix Louÿs,
escrito em 1915, na sua hiperbólica regulamentação da sexualidade – da
cozinha ao quarto, da igreja ao museu, da cama do amante ao Senhor
Presidente da República – ataca com dor e raiva o que Pierre Louÿs
entendia ser a hipocrisia amorosa e sexual do seu tempo. A irrisão
iconoclasta dos seus conselhos é a sua forma de se insurgir contra as
convenções e os costumes que sufocam e castram ab ovo a paixão
pura e o desejo inocente que, como matéria dos solilóquios da amada, do
amado, e das filhas de Jerusalém, nos exaltam e consolam no Cântico dos Cânticos.
A abjecção do Manual
e os seus extremos escatológicos, essa linguagem obscena e a sua
desbragada violência, expressam a revolta de quem não encontra no seu
mundo e no seu tempo lugar para a expressão lírica do impulso amoroso ou
para a celebração do Belo na catedral íntima do seu corpo ou do corpo
amado.
A Guerra e Paz juntou estes dois textos. O Cântico dos Cânticos, de Salomão, surge numa versão poética de Eugénia de Vasconcellos. Segue-se o Manual de Civilidade para Meninas,
texto de linguagem crua e revoltada que Pierre-Félix Louÿs escreveu há
pouco mais de cem anos e que Manuel S. Fonseca traduziu para esta edição
sem tabus. E é também Manuel S. Fonseca que justifica, num longo texto,
e num grafismo inesperado, porque é que estas duas criações literárias
devem estar juntas.
Um
livro para ler onde? Em praça pública? No museu? Em silêncio ou em
gritada euforia? Para já estão no recato de um livro de capa rasgada e
amarela, como de amarelo estão pintadas todas as faces do miolo.Mais informações |
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